Alerta: confira 5 golpes financeiros para ficar de olho nas redes

Com o aumento do interesse do brasileiro por economia e finanças, subiu também o número de pirâmides e de todos os demais gêneros de golpe financeiro. Somente em 2021 a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) enviou 325 comunicados de indícios de crimes financeiros aos Ministérios Públicos (Federal e estaduais), 75% a mais em relação ao ano anterior.

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Contudo, quem pratica a divulgação de pirâmide ou golpe tende a adotar estratégias sempre novas e conectadas com assuntos e veículos do momento. Um exemplo foram os golpes relacionados a criptomoedas – que cresceram em um ano em que a palavra ‘bitcoin’ foi uma das mais buscadas no Twitter.

Como forma de prevenção, a recomendação de especialistas é de sempre prestar atenção nos anúncios mais ‘chamativos’.

Alta rentabilidade ou a facilidade dos ganhos com investimentos são os primeiras pontos que chamam atenção. Quanto mais fácil for a chance de se obter dinheiro, maior a suspeita de se tratar de um esquema de fraude. Mas algumas propagandas têm prometido ganhos fáceis e periódicos.

Em algumas propagandas de golpes financeiros, por exemplo, é dito que o investidor terá ganhos de cerca de 7% ao mês. Se um investidor fizer um aporte de US$ 100 mil, em pouco mais de 25 anos acumularia quase US$ 147 trilhões – cifra que é maior do que o Produto interno Bruto (PIB) global.

“A primeira coisa é ver a promessa de rentabilidade. Muitas vezes, os anunciantes colocam um número, em termos absolutos, baixo. Por exemplo, falam que o cliente terá 1% de ganho ao dia, e aí ele acredita ser uma operação possível, por parecer um rendimento pequeno. Mas, quando você compõe isso ao longo do ano, ou ao mês, dá uma taxa absurda, totalmente irreal. Existe uma fraude por trás, não é sustentável”, explicou o especialista em mercado financeiro da Suno Research, João Arthur, em entrevista ao Suno Notícias.

Vale acrescentar que atuar no modelo de pirâmide ou golpe financeiro é um crime contra a economia popular, previsto na lei nº 1.521/1951, uma vez que se enquadra em “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento da população ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos (‘bola de neve’, ‘cadeias’, ‘pichardismo’ e outros equivalentes)”.

Com a inovação frequente dos golpistas, confira abaixo os cinco golpes mais recorrentes nos últimos meses.

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Golpe do WhatsApp com ‘valores a receber do BC’

Recentemente o Banco Central (BC) disponibilizou uma ferramenta para que a população pudesse consultar se tinha ou não dinheiro ‘esquecido’ em alguma conta bancária encerrada ou operação de crédito. O site Valores a Receber teve, no entanto, seus dados aproveitados.

Segundo dados da Kaspersky, empresa de cibersegurança russa, cerca de 25 sites brasileiros utilizam o sistema como isca para aplicar um golpe do WhatsApp.

Segundo os especialistas, o golpe começa com uma mensagem chamativa no WhatsApp. Os criminosos pedem que a mensagem seja compartilhada com dez contatos para que a vítima supostamente tenha o dinheiro liberado.

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Além disso, os golpistas informam que já será possível consultar se há valores a receber e prometem saque instantâneo, via Pix, desse valor devido pelo banco.

Quando a vítima clica no link da mensagem, é enviada para sites falsos que tentam se passar pelo sistema Registrato, do Banco Central. Um dos sites traz o logo do Banco Central para tentar transmitir credibilidade.

Orotrader e ICM Markets

Mascarada com um tom mais sério e de credibilidade no mundo dos investimentos, a a www.icmarkets.com, aparentemente mantida pelas empresas Raw Trading LTD, International Capital Markets Pty, IC Markets (EU) Ltd. e IC Markets Ltd, e também a www.orotrader.com, que seria mantida pelas empresas KOI Global LLC, Ventura Group e Orotrader, são prováveis golpes e estão na mira da CVM.

Segundo a CVM, foi determinada a imediata suspensão de veiculação de qualquer oferta pública de serviços de intermediação de valores mobiliários, de forma direta ou indireta, pelas empresas. Se não adotarem a determinação da CVM, os envolvidos podem ser multados em R$ 1 mil por dia.

Golpe do Pix

Desde que foi lançada pelo BC, em novembro de 2020, a ferramenta foi uma das principais responsáveis por ‘dinamizar’ a vida do brasileiro.

Apesar disso, o Pix abriu margens para diversos criminosos.

Um dos mais antigos é o da ‘transferência em dobro’, em que o usuário é levado a um vídeo que demonstraria um suposto bug na ferramenta que permitiria receber duas vezes o valor.

“Na mensagem, os criminosos explicam que, para o bug funcionar, é preciso enviar dinheiro para determinadas chaves específicas – e, em seguida, eles compartilham supostos números que funcionam”, disse o Nubank sobre o caso.

Além disso, a Check Point, empresa israelense de segurança digital, identificou um golpe em que os criminosos usam um malware (nomeado de PixStealer) que dá acesso ao celular da vítima transferindo o dinheiro dela para uma conta de criminosos.

O golpe ocorria a partir da loja de aplicativos do Android, a Google Play Store, e estava disponível um aplicativo chamado “PagBank Cashback” – que não está mais na plataforma.

O estudo da Check Point compilou dados do mês de abril passado, verificando que o aplicativo acabou entrando em alta de downloads pela função de cashback – que consiste na devolução parcial do valor de uma compra ou afim, ferramenta utilizada cada vez mais por bancos e fintechs como forma de atrair clientes.

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O golpe, contudo, não ocorreu por falha operacional do Pix ou dos aplicativos de bancos e corretoras, mas por causa de um aumento na capacidade dos criminosos.

Ethereum Max

O golpe foi um dos mais divulgados por influenciadores nos últimos meses, com a promessa de um ganho astronômico de mais de 1.00%.

O token digital divulgado não tem relação com a criptomoeda Ethereum. Segundo a CNBC, é um token digital desenvolvido por desconhecidos.

Uma das influenciadoras responsáveis pela divulgação foi a socialite americana Kim Kardashian, posteriormente criticada por Charles Randell, diretor da Financial Conduct Authority (FCA), órgão regulador financeiro no Reino Unido.

Randell falou sobre Kardashian no Simpósio Internacional de Cambridge sobre Crime Econômico, em Cambridge, na Inglaterra.

Segundo o especialista, “influenciadores de mídia social são rotineiramente pagos por golpistas para ajudá-los a popularizar novos tokens por pura especulação, alguns sem saber que se tratam de fraude”.

Golpes com robôs

Outro golpe financeiro extremamente popular é o que associa ganhos à utilização de ‘robôs’ que operariam automaticamente e ganhariam dinheiro sem que o usuário fizesse nada nem tomasse decisão.

Os anúncios vão desde operação no mercado de ações ao ‘robô do pix’, que teve a polêmica mais recente com a divulgação do boxeador Popó e de outros influenciadores.

“Você quer uma renda extra sem precisar vender nada na internet? Receber no mínimo três Pix por semana de até R$ 500? O robozão do Pix está pagando para várias pessoas R$ 3 mil ao mês. Basta configurar o robô e pronto”, escreveu o boxeador no seu Instagram.

O link inserido nos stories remetia a uma página de divulgação de um golpe financeiro, fraude que entra para o rol de esquemas que causam danos ao pequeno investidor.

No caso em questão, após diversas reclamações de usuários e ser criticado por internautas, Popó reconheceu que fez propaganda de um esquema fraudulento. Alertou seguidores e afirmou der devolvido a remuneração que lhe foi dada.

“Entraram R$ 100 mil na minha conta de fazer um arroba [publicidade]. Mas eu devolvi. Ainda somos novos nisso, né? Fui ver que era algo do ‘robozinho’. Falei ‘poxa, vamo devolver’. Não vou fazer roubo. Dias atrás mandavam ‘trancaram meu dinheiro’, ‘não pagam tudo aquilo’, ‘fui tentar sacar e não deu’”, relatou o atleta em entrevista ao Flow Podcast falando sobre o golpe financeiro.

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Eduardo Vargas

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