Vale (VALE3) inicia semana em queda no Ibovespa, pressionada por forte baixa minério na China

As ações da Vale (VALE3) caíram nesta segunda-feira (11) e aparecem entre as maiores perdas do Ibovespa, pressionadas pelo forte recuo do minério de ferro na China. O mercado também repercute a decisão da companhia, anunciada na última sexta-feira (8), de prorrogar o mandato do CEO até o fim do ano.

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No fechamento, as ações ordinárias da Vale (VALE3) caíram 3,11%, cotadas a R$ 63,96. Ações de outros pares do setor também caíram em bloco. Confira:

  • CSN Mineração (CMIN3): queda de 2,86%, cotadas a R$ 5,78;
  • CSN (CSNA3): queda de 1,78%, cotadas a R$ 16,02;
  • Usiminas (USIM5): queda de 4,70%, cotadas a R$ 10,35.

Cotação VALE3

Gráfico gerado em: 11/03/2024
5 Dias

Nesta segunda-feira (11), o minério de ferro encerrou o dia com baixa de 7,1%, a US$ 108,40 a tonelada – o preço, abaixo da marca de US$ 110 por tonelada, é o menor para o mercado à vista em sete meses. Vale lembrar que o minério de ferro já caiu cerca de um quarto desde o pico, no início de janeiro, pressionado pela setor imobiliário e atividade manufatureira da China.

“Os preços do minério de ferro estão em declínio devido aos fundamentos fracos na China, o principal mercado consumidor desse recurso. Essa queda nos preços afetam negativamente a receita da Vale, já que o minério de ferro é um dos principais produtos da empresa”, disse Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.

Além da questão do minério, o mercado também repercute a deliberação dos conselheiros da Vale de renovar o mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, até o fim deste ano. A decisão foi anunciada na última sexta-feira (8).

“A extensão do contrato de Eduardo Bartolomeo e a decisão de iniciar um processo de recrutamento para um novo CEO estão gerando incertezas entre os investidores sobre o futuro da liderança da empresa. Essas incertezas impactam negativamente o preço das ações no curto prazo, levando a essa queda observada hoje”, acrescenta Gonçalvez.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, acredita que a decisão de postergar a saída do Bartolomeu foi positiva, pois encerra ruídos de que o governo indique nome para a vaga. Por outro lado, para analistas da Genial Investimentos, a decisão tomada de prorrogar o mandato do CEO até dezembro não elimina as incertezas e continua a abrir caminho para que o governo pressione por um nome alinhado com os seus interesses.

“Ainda vemos as ações descontadas, pois os números da operação nos dão um pouco mais de tranquilidade. Uma vez resolvidas as pendências, as ações tenderão a desbloquear valor”, acrescentaram. A Genial tem recomendação de ‘compra’ para as ações da Vale, com preço-alvo a US$ 16,75 para as ADRs.

Itaú BBA enxerga decisão da Vale sobre CEO como positiva

Em relatório mais recente sobre a Vale (VALE3), analistas do Itaú BBA avaliaram a deliberação da companhia de prorrogar o mandato do CEO como positiva.

Para o banco, embora os investidores possam considerar a decisão ‘neutra’ do ponto de vista operacional/estratégico, ela elimina a pendência relacionada a uma potencial mudança na posição do CEO, sujeita à interferências externas nos últimos meses.

“Além disso, acreditamos que a transição para o novo CEO em 2025 poderá agora prosseguir de forma mais tranquila e organizada, uma vez que a empresa internacional responsável por assessorar a Vale terá o tempo necessário para avaliar minuciosamente as competências dos potenciais candidatos”, escreveram.

O Itaú tem recomendação ‘outperform’, equivalente a ‘compra’, para as ações de Vale, com preço-alvo a US$ 17,00.

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Genial sobre Vale: embora cotação seja atrativa, há desafios a considerar

Bruno Rosolino, analista da Genial Investimentos, apresentou suas análises sobre a ação da Vale em um vídeo recente intitulado “Vale: Está barato para comprar? Entenda os riscos para as ações”.

Rosolino analisou os resultados do quarto trimestre do ano passado (4T23), destacando a relevância de entender os riscos antes de investir na mineradora. Ele observa que, embora a cotação da Vale seja atrativa no momento, há desafios que os investidores devem considerar.

O estrategista ressalta a incerteza de curto prazo, especialmente em relação à China, historicamente uma peça-chave para a mineradora brasileira. No entanto, ele enfatiza que há perspectivas operacionais mais positivas para este ano.

“O momento é bom, mas os investidores da Vale precisam estar cientes dos desafios e ruídos que podem influenciar os resultados”, diz Rosolino.

Além disso, o analista destaca três pontos-chave que ele chamou de “overhangs” ou ruídos que podem impactar a Vale. O primeiro é o acordo relacionado às indenizações de Mariana, com estimativas entre R$ 125 a R$ 155 bilhões. Esse acordo, segundo ele, pode afetar significativamente os direcionamentos de dividendos da Vale e o capital da empresa.

Outro ponto era a eleição do novo CEO da Vale, com pressão do governo brasileiro para nomear alguém alinhado aos seus interesses. Isso levantou questões sobre a autonomia da empresa. Na quinta-feira (7), a Vale enviou comunicado à imprensa afirmando que não havia decisão de seu conselho de administração sobre renovação de mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, ou sobre a realização de processo sucessório.

Em comunicado, a mineradora disse que o conselho seguiria conduzindo “de forma diligente” as discussões sobre definição do presidente da companhia e cumprindo “com rigor” o estatuto social e políticas corporativas.

“O risco associado à eleição do novo CEO e às pressões do governo são fatores que os investidores ainda devem monitorar de perto. Isso pode impactar a trajetória da empresa nos próximos meses”, alertava Rosolino, antes da confirmação de Bartolomeu na última sexta (8).

O especialista também abordou a pressão contínua do governo sobre a Vale, exemplificada pela suspensão recente da licença de operação de duas minas pela Secretaria do Meio Ambiente. Essas declarações podem ter impactos negativos nos resultados da empresa.

Apesar dos desafios indicados, o analista ressaltou que o cenário operacional da Vale é favorável e que as ações da Vale estão descontadas. Ele indicou que, embora os riscos estejam presentes, muitos deles já foram precificados nas ações da Vale.

Em outra observação, Rosolino impõe a demanda atual por minérios. Embora o preço do minério possa estar sob pressão, a Vale ainda mantém um cenário operacional sólido.

“Apesar das incertezas, a demanda por minério continua, fornecendo um suporte operacional à Vale. Os investidores devem ponderar esses fatores ao considerar a compra de ações da empresa”, diz.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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