Usiminas (USIM5): números do 4T23 são positivos, mas custos da empresa merecem atenção, diz Safra

O banco Safra diz, em relatório, ter uma visão positiva sobre os resultados do quarto trimestre da Usiminas (USIM5), divulgados nesta sexta-feira (9). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa, atingindo R$ 324 milhões, superou significativamente a projeção de R$ 55 milhões. Entretanto, o banco ressalta que a dinâmica dos preços do aço e dos custos da empresa merecem atenção nos próximos meses.

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Os analistas Ricardo Monegaglia e Conrado Vegner destacam que os resultados do último trimestre de 2023 (4T23 da Usiminas) foram impulsionados pelos sólidos números na divisão de mineração, compensando os desafios no setor de aço.

Antecipando uma redução nos custos dos produtos vendidos por tonelada (CPV/t) no primeiro trimestre de 2024, os estrategistas preveem que essa diminuição compensará a renovação de contratos com clientes auto e industriais a preços mais baixos. No entanto, mantêm uma postura cética em relação ao aumento dos preços domésticos do aço, considerando-o como um risco ascendente nas estimativas da Usiminas.

Segundo análise do Safra, há uma visão otimista sobre a trajetória futura de lucros da Usiminas, especialmente com a expansão do Alto Forno 3 contribuindo para a redução dos custos de produção e dos produtos vendidos.

A recomendação para as ações da Usiminas, de acordo com o banco, permanece como “outperform” (equivalente a compra), com um preço-alvo de R$ 11, representando um potencial de alta de 17% em relação ao fechamento da última quinta-feira (8).

Cotação USIM5

Gráfico gerado em: 09/02/2024
5 Dias

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Usiminas: veja os principais pontos abordados pelos analistas em relatório do Safra

O balanço do 4T23 da Usiminas surpreende positivamente com um Ebitda comparável de R$ 324 milhões, superando as estimativas do Safra e do consenso da Visible Alpha (VA), conforme observam os estrategistas.

Desempenho setorial

Os resultados da Usiminas foram impulsionados pelos fortes números na divisão de mineração, compensando os desafios no setor de aço. A empresa acredita que os resultados do aço atingiram o ponto mais baixo no 3T23, mostrando melhorias recorrentes no 4T23.

Perspectivas futuras

Com a expansão da BF#3 contribuindo para redução de custos, a Usiminas vislumbra uma trajetória otimista de ganhos futuros. A expectativa é de que a redução de custos no 1T24 compense a revisão dos contratos de clientes de auto e industrial a preços mais baixos.

Geração de caixa e posição financeira

A geração operacional de caixa da Usiminas atingiu R$ 1,142 milhão, contribuindo para uma posição líquida de R$ 89 milhões. A relação dívida líquida/Ebitda em reais reduziu para -0,05x.

Setor de aço

O Ebitda do setor de aço, mesmo negativo em R$ 42 milhões no 4T23, superou as estimativas do Safra e da VA. A decisão de incorporar o processamento de aço ao segmento de aço dificulta a comparação dos números.

Setor de mineração

O Ebitda da mineração atingiu R$ 327 milhões, superando as projeções do Safra em 31%. As vendas de minério de ferro e o preço realizado foram destaque, mas há cautela quanto à repetição desses resultados no 1T24, segundo os analistas.

Setor de processamento de aço

O Ebitda do processamento de aço alcançou R$ 68 milhões, superando as expectativas, diz o relatório. A margem de Ebitda de 3,9% foi superior às previsões, e a Usiminas optou por incorporar esses resultados ao segmento de aço.

Perspectivas para 2024

A Usiminas projeta um capex entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,9 bilhão para 2024, com expectativa de volumes e preços de vendas estáveis no 1T24, de acordo com os analistas.

Companhia reverteu prejuízo e tem lucro de R$ 874,5 milhões no 4T23

A Usiminas anunciou ao mercado, nesta sexta-feira (9), um lucro líquido de R$ 874,5 milhões no quarto trimestre de 2023, revertendo o prejuízo de R$ 982,1 milhões do mesmo período do ano anterior. As receitas da siderúrgica totalizaram R$ 6,78 bilhões entre outubro e dezembro, refletindo uma queda de 11% em comparação ao mesmo período de 2022.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nos três meses até dezembro de 2023 atingiu R$ 662,6 milhões, frente aos R$ 788,1 milhões negativos registrados um ano antes. Em termos ajustados, o indicador alcançou R$ 624,5 milhões, representando um crescimento de 8% em relação ao 4T22.

A empresa destacou em seu relatório que o ano de 2023 foi desafiador, marcado por um aumento expressivo no volume de importação de aço devido à concorrência desleal. No acumulado do ano de 2023, o lucro da Usiminas foi de R$ 1,39 bilhão, indicando uma queda de 14% em comparação ao ano anterior. 

As receitas no período de janeiro a dezembro totalizaram R$ 27,6 bilhões, uma redução de 15% em relação a 2022. O Ebitda atingiu R$ 1,86 bilhão, refletindo uma diminuição de 48%, e, em termos ajustados, uma queda de 64%, chegando a R$ 1,75 bilhão.

No quarto trimestre de 2023, os custos dos produtos vendidos pela Usiminas alcançaram R$ 6,63 bilhões, apresentando uma queda de 4% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A empresa registrou R$ 227,9 milhões em receitas operacionais e R$ 1,79 bilhão em despesas operacionais no quarto trimestre de 2022.

O resultado financeiro da siderúrgica foi positivo em R$ 65,2 milhões no quarto trimestre, representando uma redução de 65% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Essa variação ocorreu devido à diminuição das receitas financeiras, aumento das despesas financeiras e menores ganhos cambiais líquidos durante o período.

A Usiminas realizou investimentos totalizando R$ 654 milhões no quarto trimestre, alcançando R$ 3 bilhões no ano. Para 2024, a empresa quer uma significativa queda no capex, estimando algo em torno de R$ 1,7 bilhão a R$ 1,9 bilhão, com a conclusão da reforma no alto forno 3.

Ao finalizar 2023, a empresa apresentou um caixa de R$ 6 bilhões, representando um aumento de 18,5% em relação a dezembro de 2022. Essa elevação foi impulsionada pela redução do capital de giro e pela maior geração de Ebitda, compensando os investimentos elevados. A dívida bruta da Usiminas caiu 4,5% no ano, totalizando R$ 5,9 bilhões, e a empresa encerrou dezembro com um caixa líquido de R$ 59 milhões.

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Murilo Melo

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