Sem IPOs no 1T22: renda fixa se torna 85% das captações do mercado de capitais

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) informou nesta terça-feira (12) que as ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) secaram no primeiro trimestre, e não houve estreias na B3 (B3SA3) no período, mas muitas empresas resolveram lançar títulos de renda fixa.

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Com isso, o volume total de captações no mercado de capitais no Brasil no primeiro trimestre de 2022 (1T22) chegou a R$ 105,2 bilhões. O valor supera os R$ 102,8 bilhões captados no mesmo período de 2021, se tornando o novo recorde histórico.

A renda fixa respondeu por 85% do total, com captações somando R$ 89,1 bilhões de janeiro a março. De acordo com os dados da Anbima, esse foi o melhor primeiro trimestre para a categoria desde 2012.

O número de operações pode ainda aumentar em R$ 19,7 bilhões, por conta de ofertas que estão em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Emissões de debêntures

O carro-chefe no primeiro trimestre foi a emissão de debêntures, com R$ 55,9 bilhões, quase o dobro do mesmo período do ano passado e um recorde para esse tipo de ativo.

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Nas debêntures, a Anbima destaca algumas grandes operações no período, como a Claro, que captou R$ 4,3 bilhões, a da Equatorial Energia (EQTL3), com R$ 4 bilhões e a da Iguá RJ, também com R$ 4 bilhões.

Os principais destinos dos recursos captados via debêntures foram capital de giro (34,2%) e refinanciamento de passivo (24,2%).

Uma tendência observada no primeiro período do ano foi que os bancos coordenadores das operações e demais participantes reduziram o porcentual do papel que colocam em suas carteiras.

Com isso, essa fatia caiu de 62,9% para 51,6%. Já os fundos de investimento mostraram-se mais interessados nas debêntures, elevando sua participação de 24,7% para 36,6%, segundo a Anbima.

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O vice-presidente da Anbima, José Eduardo Laloni, ressalta em nota a imprensa que o cenário internacional teve um papel importante no resultado da renda fixa no primeiro trimestre. Com a perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, a guerra da Ucrânia e o real mais fortalecido, ficou desfavorável captar no exterior, o que fez empresas procurarem tomar recursos no mercado doméstico, sobretudo via debêntures.

Lista de cancelamento de IPOs: Captalys, gestora de crédito privado, desiste da oferta

A lista de suspensões de estreias na Bolsa aumentou mais uma vez: a Captalys, gestora especializada em crédito privado, informou nesta quinta-feira (24) à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que desistiu de realizar o IPO (oferta pública inicial). É a 23ª empresa a pular fora do barco somente em 2022.

O prospecto da empresa foi divulgado em setembro. A captação era prevista entre R$ 750 milhões e R$ 1 bilhão com a abertura de capital.

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Já na época, existia a esperança de que o IPO de uma gestora abrisse mais espaço para que outras seguissem o mesmo caminho. Mas hoje usam mais o instrumento de rodadas de investimento privadas para se capitalizarem do que o mercado de capitais.

Levantamento feito pela Economatica mostrou que no ano passado a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) foi a casa de 47 aberturas de capital (IPOs). Apesar do volume alto, na mediana até o final do ano, esses IPOs tiveram uma rentabilidade negativa de 22,24%, o que equivale ao terceiro pior desempenho desde 2004.

De todos os IPOs realizados em 2021, apenas 12 terminaram o ano com uma rentabilidade positiva desde a oferta, segundo o estudo. A ação que mais se valorizou foi a do Assaí (ASAI3), que fechou o ano com uma alta de 343,67%.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Victória Anhesini

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