Apetite de seguradoras por startups do setor é crescente, diz fundador da DOMO

O setor de seguradoras deve passar por mudanças e contar com movimentos de fusões e aquisições mais volumosos e frequentes nos próximos meses, disse Gabriel Sidi, sócio-fundador da DOMO Invest, uma gestora de venture capital brasileira. Segundo ele, as startups do setor têm despertado cada vez mais apetite das seguradoras que pretendem se consolidar o mercado.

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A declaração foi feita em evento da Amazon Web Services (AWS) sobre as insurtechs, startups do setor de seguros.

No painel “A Visão dos Investidores sobre Insurtech” no evento da AWS, o investidor frisou que as seguradoras têm despertado para o panorama de mercado atual com os movimentos recentes, visando inovação, competitividade e valores que são difundidos dentro do ecossistema de startups.

“De modo geral, o Brasil tinha ficado para trás setor de venture capital por um tempo e, agora que essa onda chegou à América Latina, o mercado vem tirando o atraso com muito investimento. Hoje existem várias startups que estavam beirando seu IPO [oferta pública inicial de ações] e se consolidaram”, afirma Sidi, da Domo.

A tese é de que, até então, diversas companhias não conseguiam alçar voos maiores por causa de uma estrutura ainda obsoleta no Brasil. Mas agora isso está mudando.

Como exemplo, no acumulado de mês de agosto, as startups brasileiras levantaram US$ 772 milhões em investimentos, segundo levantamento recente do Inside Venture Capital Report, relatório da Distrito Dataminer, nicho de inteligência da plataforma de inovação aberta Distrito.

Até o fim do mês de setembro de 2021, as startups nacionais já tinham recebido, somadas, um montante três vezes maior do que o visto em 2020 no mesmo período, com R$ 33,5 bilhões até então. Os dados são de um levantamento recentes da pela consultoria KPMG em parceria com a ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital).

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M&As são o ‘pêndulo de transformação’ para seguradoras

Para Sidi, da DOMO, esse cenário é impulsionado pela percepção do mercado de que a aquisição de startups pode beneficiar o desempenho operacional das companhias, impactando no resultado financeiro.

No segmento de seguradoras, Sidi frisa que a compra de outras companhias passou a agradar mais os executivos de grandes companhias, como as listadas em bolsa.

“A indústria acordou. Hoje o M&A [fusões e aquisições] é algo bem visto, considerando que as empresas estão comprando startups por serem um pêndulo transformador. Acho que isso figura como uma boa oportunidade de longo prazo. Tínhamos startups no ‘limbo’, e agora podemos consolidá-las”, analisa.

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Um dos movimentos recentes que exemplificam esse panorama é a compra da Squid Digital Media Channel pela Locaweb (LWSA3). A startup comprada é uma plataforma de influenciadores digitais e criadores de conteúdo.

Segundo a Locaweb, a aquisição da Squid custou R$ 176,5 milhões, sendo um montante ainda sujeito a “determinados ajustes de dívida líquida e capital de giro, usuais neste tipo de transação”.

“Com essa transação, a Locaweb consolida ainda mais seu ecossistema de soluções tecnológicas, fortalecendo o portfólio de social e-commerce / live commerce, com forte e imediata sinergia com todos os clientes da companhia”, diz em fato relevante.

Falando sobre seguradores, o fundador da Domo afirma que a filosofia é justamente contrária à dos gestores “tradicionais”. Enquanto no espectro de asset management a recomendação é de “não se apaixonar por uma empresa”, o ecossistema de startups valoriza vínculos colaborativos em uma mentalidade praticamente oposta.

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Aumento da indústria deve gerar ganhos bilaterais

Além da competitividade, o crescimento do segmento deve forçar as companhias do ramo a tornarem-se mais atraentes para o consumidor final. “Hoje investimos e acreditamos na construção de novos canais de aquisição, novos parceiros, carteiras digitais, produtos embedados, que agora viraram moda. Oferecer um produto mais vinculado no contexto do cliente deve permitir a tese de entrar no mercado deve inserir o produto ‘seguro’ para os usuários finais”, afirma Sidi.

No painel, Paula Rechtman, Venture Capital Business Development Manager na AWS, instigou o investidor sobre qual seria o próximo desafio do setor, se a tarefa de “‘doutrinar’ o consumidor” poderia ser o principal deles.

Em resposta, Sidi frisa que a modernização das seguradoras com a inserção das insurtechs deve baratear seguros, além de deixar de lado as modelagens padrão com que as empresas mais tradicionais trabalhavam, dando fôlego para produtos mais personalizados  – e consequentemente mais satisfatórios e competitivos.

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Eduardo Vargas

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