Sabesp (SBSP3): analistas dizem que privatização pode triplicar o valor das ações

A Genial Investimentos reiterou recomendação de compra para ações da Sabesp (SBSP3), após a companhia ter o projeto de lei (PL) sobre sua privatização aprovado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Segundo a Genial, a Sabesp deveria valer pelo menos R$ 79 por ação caso negociasse em linha ao seu valor patrimonial. A ação é negociada a R$ 67 no Ibovespa hoje. Mas esse valor pode subir ainda mais nos próximos cinco anos, preveem os analistas.

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“Em nossa opinião, o verdadeiro valor a ser destravado pela empresa advém da materialização da privatização da Sabesp. Nos termos atuais, vemos uma empresa que opera com números abaixo daqueles estabelecidos em suas tarifas (EBITDA Real vs Regulatório)”, afirma a Genial. 

Para os analistas da casa, em 2024 será importante acompanhar a evolução de alguns pontos relacionados à formatação do processo de desestatização da Sabesp, entre eles: 

  • Regulação de Tarifas pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (ARSESP);
  • Adesão dos Municípios ao URAE (Unidades Regionais de Saneamento Básico)
  • Formatação da oferta em si

Outros riscos que podem prejudicar o processo de privatização são a queda no preço dos ativos e a não adesão dos municípios ao URAE, principalmente São Paulo. 

Concluída a privatização, a Genial acredita que a empresa tem “potencial transformador em termos de ganho de governança e ganhos de eficiência”. 

Sabesp: qual potencial de valorização?

De acordo com a Sabesp, os investimentos esperados até 2029 com foco na universalização do saneamento são de R$ 66 bilhões.

Considerando esse nível de investimentos da Sabesp até 2029 e ajustando ao IPCA esperado, a Genial projeta que a base de remuneração regulatória em 2029 deveria ser de aproximadamente R$ 140 bilhões.

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“Ao aplicarmos uma análise de sensibilidade das bases de remuneração regulatória em dois cenários (base-otimista) entre 1,0x – 1,2x, encontramos um potencial de valorização de 50% – 200% até 2029 pela aproximação de múltiplos-alvo em relação aos preços de hoje”, diz a Genial.

Privatização da Sabesp é aprovada

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou nesta quarta, 6, o projeto de lei (PL) sobre a privatização da Sabesp (SBSP3). O PL recebeu 62 votos favoráveis dos deputados e 1 contra. Precisava de maioria simples de 48 votos para ser aprovado. 

Com a aprovação da privatização, o Estado de São Paulo pretende reduzir sua participação na companhia (hoje correspondente a 50,3%) para algo em torno de 15% a 30%. O modelo será o de follow on, oferta de ações subsequentes da Sabesp. Seu valor de mercado hoje é de cerca de R$ 46 bilhões.

A aprovação da Alesp é uma licença para o governo do Estado seguir com os planos, mas ainda não há indicação por parte do Palácio dos Bandeirantes de quanto pretende arrecadar com a venda, pois o governo não indicou qual deve ser sua participação. A promessa do governo paulista é fazer isso até janeiro.

A Sabesp é uma empresa de economia mista, responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto de 375 municípios paulistas. A empresa atende 28,4 milhões de pessoas com abastecimento de água e 25,2 milhões com coleta de esgotos.

O muda com a privatização?

Em um quadro geral, os principais pontos positivos em uma privatização estão associados a três aspectos, como lista o professor da economia da FEA-USP com especialização em organização industrial e regulação de mercado, Rodrigo Moita:

  • Gestão mais profissional;
  • Menos interferência política;
  • Lucro para o governo.

No caso da Sabesp, Moita ressalta que devido ao alto nível de abastecimento de água estatal e, em níveis mais baixos, à coleta e tratamento de esgoto seriam contemplados com melhorias a partir de novos financiamentos, mais flexíveis com uma privatização.

desestatização da Sabesp ainda permitirá uma renovação dos contratos de concessão por um prazo mais longo, nos termos do artigo 14 do Novo Marco Legal do Saneamento. “Isso salva o futuro da empresa, sem o risco de perder os contratos vigentes que devem vencer nos próximos anos. A desestatização também torna a Sabesp mais eficiente, permitindo que a empresa cresça e se torne uma plataforma multinacional de saneamento”, ressalta a Semil, em entrevista ao Suno Notícias.

Além disso, a pasta aponta que a privatização da empresa de saneamento de São Paulo deverá permitir uma redução da tarifa mensal, inicialmente com o uso dos recursos financeiros levantados pelo governo com a desestatização e depois “com os ganhos de eficiência que a empresa vai obter com a gestão privada”, informa.

Para o professor de economia da FEA-USP, Cláudio Lucinda, especializado em estrutura de mercado, performance de mercado e organização industrial, ainda que São Paulo seja um dos melhores estados brasileiros em questão de saneamento, ainda tem muito a melhorar. “Existe uma ineficiência na distribuição de água, com níveis de perda ainda bastante elevados. Para resolver isso, é preciso investir e não é pouco dinheiro”, ressalta o professor.

“Com a privatização, serão levantados recursos para serem usados no poder público que são centrais para o funcionamento do estado, ao mesmo tempo que a empresa adquire mais flexibilidade pra empresa realizar programas de investimento,” complementa Lucinda.

Otimista, Bernardo Viero, analista CNPI da Suno Research, aponta que os consumidores deverão sentir um reflexo positivo no aumento da cobertura dos serviços de saneamento, ao mesmo tempo em que os acionistas serão contemplados por um crescimento mais acelerado na base de ativos, “pedra fundamental dos retornos”.

“Outro efeito colateral positivo é a maior previsibilidade no que tange a gestão e planejamento estratégico do negócio. Sem o risco de mudanças bruscas na orientação a cada eleição, a tese fica mais atrativa pois poderá ser projetada com um menor grau de incertezas”, ressalta Viero.

Em meio a greves e um processo ainda em tramitação, a desestatização da Sabesp levanta alguns pontos que colocam em cheque seus benefícios.

Um deles é a estratégia tradicional da iniciativa privada, que, em busca de um aumento de lucratividade, tende a gerar alguns cortes. “Com a privatização, são implementadas economias de custos que não vão agradar algumas pessoas, como demissões cortes de gastos,” explica Lucinda.

Questionada sobre as supostas demissões na Sabesp, a Semil afirmou que “o Governo de São Paulo está construindo um modelo de desestatização que valoriza os colaboradores.”

Desempenho anual das ações da Sabesp

Cotação SBSP3

Gráfico gerado em: 07/12/2023
1 Ano

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Vinícius Alves

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