Rumo (RAIL3): apesar dos resultados no 4T21, bancos veem alta das ações

A Rumo (RAIL3) divulgou o balanço do quarto trimestre de 2021, com resultados pouco animadores, na avaliação de analistas do mercado financeiro. A companhia reverteu o lucro de R$ 3 milhões do quarto trimestre de 2020 para prejuízo de R$ 384 milhões no período de outubro a dezembro do ano passado.

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Em relatório, a XP Investimentos destacou que os números foram mais fracos que o esperado, como o Ebitda de R$ 419 milhões, que, na comparação anual, sofreu uma queda de 45%. A expectativa da XP era de R$ 485 milhões, ou seja, -14%.

“Apesar do desempenho de volume relativamente positivo em um cenário de demanda adverso (garantindo melhorias substanciais de market share), o faturamento não foi suficiente para compensar o aumento nos custos de combustível”, afirmam os analistas Pedro Bruno, Lucas Laghi e Gabriela Ferrante.

Conforme o texto, o guidance de Ebitda para 2022 também está abaixo do consenso do mercado, com ponto médio de R$ 4,3 bilhões, contra a estimativa de R$ 4,8 bilhões. Os analistas apontam que esperavam R$ 4,6 bilhões.

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O BTG Pactual (BPAC11), em seu relatório, também destaca que os resultados vieram abaixo das expectativas. A receita líquida consolidada da Rumo foi de R$ 1,5 bilhão (queda de 9% a/a), enquanto o Ebitda ficou 24% abaixo da estimativa, implicando uma margem fraca de 28% (vs. 46% no 4T20 e previsão do banco de 35%).

A queda da receita líquida foi justificada pelo recuo de 1,9% na comparação anual observada nos volumes expedidos em sua malha ferroviária, para 15,9 bilhões de TKUs e menor tarifa média cobrada, queda de 6,1% ante o 4T20.

Lados positivo e negativo do balanço do 4T21 da Rumo

O Banco Safra diz que os resultados da Rumo foram “impactados negativamente pela quebra da safra de milho no segundo semestre deste ano, bem como pelos grãos capturados em regiões mais distantes e com a compressão dos preços spot dos grãos. Por outro lado, os resultados negativos foram amenizados pelo ramp-up da rede Malha Central, que permitiu à empresa crescer 3,1 p.p. em market share no porto de Santos”, afirma.

Já a XP ressalta que houve pontos positivos no balanço da Rumo. Como, por exemplo, o crescimento de 2% em volumes em 2021, mesmo com a queda de 38% nas exportações de milho do Brasil, “o que garantiu melhorias significativas de market share (+3,7 pontos percentuais nas exportações de grãos do estado de Mato Grosso)”.

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Além disso, a administração da companhia reafirmou a estimativa de que as licenças ambientais sejam emitidas até 2022 para o projeto “Lucas do Rio Verde”. Por fim, outro destaque importante foi o ganho de eficiência, com o custo de combustível com -6% ano a ano em 4T21, e de 4% em 2021.

No campo negativo, a XP elenca que o transporte de milho sofreu impacto no trimestre, marcando uma queda de 22% anualmente, assim como a margem Ebitda, que caiu 10 pontos percentuais na comparação com 4T20. “Não só impactado pela fraqueza nos yields (-6% a/a), mas principalmente por um forte aumento nos custos de combustível (+39% a/a)”, aponta.

Avaliação do guidance

O guidance divulgado pela Rumo para 2022 fica com os volumes na faixa de 72 a 76 bilhões de TKU (vs. 80 bilhões de TKU do banco), assim como o Ebtida, que deve atingir R$ 4,1 a 4,5 bilhões. O BTG Pactual via a expectativa de R$ 4,7 bilhões, (vs. Os R$ 4,8 bilhões e consenso de R$ 4,7 bilhões do banco).

Também o capex deve ficar em torno de R$ 2,7 a 2,9 bilhões, abaixo de estimativa de R$ 3 bilhões do BTG. “Embora reconhecemos que o novo guidance aponte para números muito abaixo do consenso, também notamos que a empresa já estava orientando o mercado para uma performance mais fraca este ano, e acreditamos que o recente sell off já precificou parcialmente as expectativas mais fracas para 2022, especialmente após o aumento nos custos de combustível”, destacou o relatório.

A XP destacou em relatório que o CAPEX foi reduzido, além da projeção defasada do Ebitda. “Mesmo que possa haver um componente de postergação dessa redução, isso mostra, a nosso ver, um perfil flexível dos investimentos correntes, implicando em maior visibilidade do FCF”, apontou.

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Riscos e vantagens da Rumo

O Banco Safra elencou uma série de pontos de vantagens em relação às ações da Rumo. Confira:

  • Pré-pagamento das outorgas relativas à renovação das concessões Malha Paulista e Malha Central;
  • Perfil monopolista, uma vez que a concorrência nas redes ferroviárias só existe a partir de caminhões;
  • Conta com barreira de entrada relevante, pois o segmento é altamente intensivo em capital e demanda muito know-how regulatório.
  • Empresa exposta ao crescimento do agronegócio no Brasil;
  • Equipe de gestão altamente capacitada e confiável.

O principal risco, de acordo com o banco:

  • Quebra da safra agrícola no país, especialmente soja e milho no Mato Grosso.

Classificações finais, pela XP, Safra e BTG

O BTG Pactual mantém a recomendação de compra das ações da Rumo, com base em “fundamentos sólidos para a indústria agrologística no Brasil”. O preço alvo é de R$ 27 para 12 meses.

A XP afirma que a Rumo “está focada em garantir sua posição de liderança no longo prazo e reiteramos nossa visão positiva sobre o nome”, mantém classificação de compra, no preço alvo de R$ 22, com potencial de alta de 30,4%.

O Banco Safra também recomenda a compra, com preço alvo de R$ 32,80. “Mantemos nosso rating de compra para a Rumo, principalmente considerando o potencial de valorização das ações da empresa, bem como nossa visão otimista para a empresa no longo prazo”, diz o relatório.

As ações da Rumo fecharam o pregão em queda de 8,81%, cotadas a R$ 15,21.

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Victória Anhesini

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