Entenda como o porto de Xangai, na China, obstruiu a produção e encareceu preços com surto da Covid-19

Em meio aos surtos de Covid-19 na China, as autoridades estatais decidiram impor medidas ainda mais restritivas como forma de conter o avanço da doença. As decisões afetam especialmente Xangai, uma província considerada o coração financeiro do país que atualmente lida com um surto, já que os comunicados mais recentes do governo mostram 2.472 casos confirmados somente em Xangai nesta segunda (25), de um total de 2.680 novos casos confirmados em todo o país.

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No domingo (24), Xangai registrou 39 mortes por conta do vírus, o número mais alto desde o início do confinamento que se iniciou há vários dias.

Na semana anterior, a estimativa era de 400 milhões de pessoas em 45 cidades da China sob confinamento (total ou parcial) por conta da política de zero Covid da China – que foi enrijecida prioritariamente em Xangai e em Pequim. Somados, eles representam 40% – cerca de US$ 7,2 trilhões – do PIB da China, segundo dados da Nomura Holdings.

Nesse contexto, Xangai lida com atividades ainda mais restritas que podem ocasionar alta de preços e penalizar ainda mais a economia global.

Isso porque, além de a cidade ser o centro financeiro do país, com um PIB anual de mais de R$ 3 trilhões, o porto da cidade chinesa é o mais importante para o comércio internacional.

Atualmente, trata-se do maior porto do mundo em termos de volume e movimentação de carga, movimentando mais de 20% do tráfego de carga chinês em 2021 segundo fala do Especialista em agronegócio, Marcos Fava Neves, à CNN.

Mesmo empresas multinacionais gigantes tiveram interrupções em algumas de suas atividades por conta do congestionamento do porto de Xangai, como a Tesla (TSLA34) e a Volskwagen – que pararam suas atividades no início de abril e agora as retomam gradualmente, segundo a agência Reuters.

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Segundo fala de Mike Kerley, gerente de investimentos da empresa Janus Henderson, à BBC Brasil, as restrições na região afetam o fluxo do porto, acumulando contêineres e reduzindo a produtividade em cerca de 30%.

Além disso, o reduzido número de trabalhadores portuários também prejudica a cadeia de produção.

A paralisação se soma a diversos problemas na economia global que já encarecem os preços me todo o mundo, como a escalada do petróleo com a invasão da Ucrânia, por exemplo.

‘Fator China’ pode deixar preços altos ainda mais altos

Em um relatório divulgado no início de abril, a Organização Mundial do Comércio (OMC) sinalizou que, no pior cenário possível da dissociação das economias globais, o o PIB global de longo prazo poderia encolher 5%.

O impacto é tão expressivo para os analistas por conta do encarecimento de preços na cadeia de suprimentos, ou supply chain. Isso ocorre porque os preços para transportar peças, equipamentos, commodities e diversos outros itens sobe. Com isso, o custo final, ao consumidor, sobe junto.

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Além disso, essa paralisação vem em um contexto em que a cabotagem – ou frete marítimo – já se encontra com preços mais elevados.

Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o frete marítimo da Ásia para o Brasil começou 2022  custando 5,7 vezes mais do que antes da pandemia.

Entenda o lockdown em Xangai

As medidas de contenção à pandemia foram divulgadas no fim de março, conforme reportado pelo Suno Notícias. À época, foram reportados 2.631 novos casos de coronavírus, volume que correspondia a 60% das novas infecções sem sintomas registradas no mesmo dia em todo o país.

Por conta de ser um centro financeiro de uma das maiores economias, até então as autoridades resistiam à ideia de um lockdown em Xangai.

As novas medidas incluem  suspensão do transporte público, segundo informe do governo da cidade em sua conta oficial do WeChat. Além disso, ‘veículos não aprovados’ não são permitidos nas estradas.

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As autoridades também afirmaram que todas as empresas e fábricas suspenderam a manufatura ou trabalhar de forma remota durante o lockdown.

A exceção são as que estão rotuladas como essenciais pelo governo da China – de serviços públicos ou que atuem no fornecimento de alimentos.

“Pedimos ao público que apoie, compreenda e coopere com o trabalho de prevenção e controle da epidemia da cidade e participe dos testes de maneira ordenada”, disse o governo da China sobre as medidas adotadas em Xangai, à época.

Até então, as autoridades governamentais tinham restrições que eram baseadas na triagem por bairros. Contudo, Xangai se tornou um dos principais campos de testes diante da estratégia de “Covid zero” na China.

Com o avanço das variantes, residentes questionaram a eficácia do modelo sanitário, já que os ciclos de testes eram considerados “intermináveis”.

Em outras cidades da China, milhões de pessoas haviam sido submetidas a lockdowns e duras medidas restritivas mesmo com poucos casos da Covid-19.

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Eduardo Vargas

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