Por que o dólar está em queda? Veja explicação deste gestor
O dólar segue em queda. Desde o início de 2023, a desvalorização da moeda norte-americana já alcança mais de 9%. Mas o que explica a valorização do Real em relação ao dólar?
O Suno Notícias conversou com André Kitahara, gestor de macro e renda fixa na AZ Quest, que destacou que a maior entrada da moeda americana no Brasil explica a desvalorização do dólar e o crescimento do Real.
Além disso, um conjunto de fatores também favorece a apreciação da nossa moeda. O aumento das exportações via agronegócio e o otimismo de investidores estrangeiros com o Brasil também explicam a menor cotação da moeda norte-americana.
Com maior fluxo dólar de no Brasil, o real se valoriza
Em relação ao Brasil, o gestor comenta que há uma grande entrada de fluxo de dólar, via supersafra. A balança comercial brasileira vem surpreendendo, principalmente com o aumento da comercialização de commodities.
Porém, há um processo que começa no exterior e está ajudando a manter o Real mais valorizado. Kitahara comenta que existe em curso um processo global de enfraquecimento do dólar.
Por um lado, teve um benefício de o Brasil de ter surpresas recorrentes com fluxo cambial vindo das exportações, somado ao enfraquecimento do dólar no mercado internacional.
Outro aspecto que explica a entrada de mais dólares para o Brasil é o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos.
O Brasil tem o histórico de pagar juros mais altos que os Estados Unidos. O gestor da AZ Quest lembra que aqui a taxa básica está por volta de 14% ao ano e nos EUA, entre 5% a 6%. “Isso traz vantagem para o estrangeiro trazer seu capital para o país, para receber juros”, comenta.
Para deixar mais claro, Kitahara dá um exemplo: “Imagine que o dólar/real esteja a R$ 5. O investidor pode tomar dinheiro emprestado a 5% e aplicar no Brasil a 14% durante um ano. Ou seja, é possível aferir um diferencial de juros, de grosso modo, a 9%.
“Se o câmbio no final de 1 ano, seguir de 5 para 1, você ganha todo esse diferencial de juros. Se o câmbio cair 9%, você sai no zero a zero”, destaca o gestor.
O Brasil também está fazendo o “dever de casa”
Outro aspecto importante é a recuperação da economia brasileira, com a redução da inflação e queda dos juros. Quando há menos incertezas políticas e econômicas, o dólar tende a cair.
Kitahara explica que, no mercado financeiro global, a moeda melhor para tomar empréstimo de forma fácil e com prazos longos é o dólar americano.
Quando há maior volatilidade do mercado e aumento de risco, as pessoas tendem a tomar menos dívida. Isso causa uma “repatriação” do dólar, com maior demanda pela moeda, aumentando seu valor em relação às outras. Isso explica por que no contexto da pandemia da Covid-19 o dólar aumentou muito em relação ao Real e outras moedas, pois o grau de incerteza era maior.