Por que as Bolsas de Valores não têm medo da segunda onda de coronavírus

A Europa entrou em um segundo lockdown no começo de novembro, os Estados Unidos estão enfrentando recordes de casos do novo coronavírus (covid-19) e o Brasil também registra um aumento do número de contagiados. Parece que a segunda onda da pandemia está começando. Entretanto, as Bolsas de Valores do mundo inteiro não aparentam dar sinais de nervosismo, muito menos de quedas rápidas como em março.

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Desde o dia 9 de outubro – data considerada convencionalmente como o início da segunda onda da pandemia na Europa – até o dia 25 de novembro as Bolsas de Valores, ao contrário, se valorizaram.

No Brasil o Ibovespa passou de 97 mil pontos para mais de 110 mil. No exterior, O Nasdaq passou de 11 mil para 12 mil, o S&P 500 passou de 3,4 mil para 3,7 mil pontos, e o Dow Jones superou pela primeira vez os 30 mil pontos.

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Na Europa, o índice EuroStoxx 600 passou de 360 pontos para quase 400 pontos. O FTSE 100 da Bolsa de Londres passou de 5,9 mil pontos para 6,4 mil pontos. O FTSE MIB da Bolsa de Milão subiu passando de 19,5 mil para 22,5 mil pontos. O CAC 40 de Paris de 4,9 mil para 5,5 mil. E o DAX 30 registrou uma leve alta, para 13,2 mil.

Em março o EuroStoxx tinha caído 23,28%, Frankfurt 23,34% e Milão até 28,75%.

Por isso, muitos analistas e gestores estão prevendo que essa segunda onda poderá ter um impacto bem menos dramático nas Bolsas de Valores. E as razões são muitas.

Segunda onda não tem impacto psicológico

Em primeiro lugar o pânico de fevereiro-março, quando ninguém falava em vacina. Coisa que agora parece estar encaminhada.

Não se sabe quanto vai demorar para que o remédio seja distribuído, mas certamente desta vez há uma luz no fim do túnel. E isso anima os mercados.

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O mesmo vale para terapias e equipamentos médicos. Em março o mundo inteiro estava sem máscaras e respiradores, enquanto agora todos estão muito mais bem equipados.

Assim como os hospitais, que hoje estão mais preparados do que em março para enfrentar a emergência. Isso faz diferença, até mesmo psicológica.

E a psicologia é o outro elemento que diferencia outubro-novembro de fevereiro-março nos mercados.

A primeira onda pegou todos, inclusive os investidores, de surpresa . Até então, os analistas estimavam uma situação “normal” para 2020, com empresas realizando lucros e uma economia em crescimento.

Então, de repente, o cenário mudou drasticamente de uma forma nunca vista antes.

Isso provocou um colapso muito rápido das bolsas, justamente pelo efeito surpresa e pela grande incerteza.

Todavia, desta vez tudo parece mais previsível.

Políticas monetária e fiscal expansionistas

Outra grande diferença é que desta vez os mercados sabem que os Bancos Centrais vão usar as bazucas monetárias.

Em março, os mercados enfrentaram o coronavírus sem uma rede de segurança.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, estreou seu mandato com uma gafe atrás da outra, gerando preocupações nos mercados.

Agora, rede de proteção foi criada, com juros zero ou negativos, políticas monetárias expansionistas e não convencionais, e a possibilidade de aumentar ainda mais essas medidas.

No caso das políticas fiscais, todavia, o cenário não é tão favorável.

Em fevereiro-março, ninguém poderia imaginar que os governos gastariam tanto para suportar a economia.

Hoje, porém, estão sendo feitas coisas que apenas no ano passado eram impensáveis. Como o “orçamento de guerra” criado no Brasil.

O problema, todavia, é que os esforços das finanças públicas têm sido enormes. E é possível que nem todos os países consigam replicá-los uma segunda vez.

China não fechou

Também existem diferenças a nível econômico e financeiro entre os países do mundo.

Dessa vez a China não parece ser afetada pela segunda onda e sua economia está crescendo.

Este é um canal comercial que continua aberto, enquanto em fevereiro foi a China que fechou.

Isso pode ajudar países exportadores de commodities como o Brasil, mas prejudicar países com economias industriais, como os países da União Europeia (UE), forçados a fechar as fábricas e o comércio por causa da segunda onda.

A situação financeira também é diferente: na época, os analistas raciocinavam sobre lucros e fundamentos, mas hoje tudo é movido pela abundante liquidez que torna possível também o impossível.

E isso tudo deixa a segunda onda de coronavírus muito menos assustadora nas Bolsas de Valores.

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Carlo Cauti

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