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PetroRio (PRIO3) pode fazer aumento de capital por campos do pré-sal, diz CEO

Após o anúncio da aquisição dos campos de Wahoo e Itaipu, do pré-sal, nesta quinta-feira (19), a PetroRio (PRIO3) pode realizar um aumento de capital da empresa, listada na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), para viabilizar a operação da extração de petróleo, que deve começar no médio prazo.

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De acordo com o CEO da PetroRio, Roberto Monteiro, em entrevista ao SUNO Notícias, a empresa pode tomar dívida ou fazer um aumento de capital para viabilizar a operação dos novos campos. Esse aumento de capital é uma fonte de financiamento que viabiliza o desenvolvimento de novos projetos dentro de uma companhia.

“Existe a possibilidade de fazermos um aumento de capital desde que os valores sejam corretos, se as condições sejam favoráveis. Não estou dizendo que as condições precisam ser espetaculares, mas você tem que estar em um mercado funcional”, disse o CEO da PetroRio.

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Para Monteiro, atualmente, porém, a volatilidade do mercado, dado a pandemia causada pelo coronavírus (covid-19), ainda pesa na decisão acerca da captação de dinheiro no mercado de capitais.

“Hoje, por exemplo, embora [as ações da empresa] estejam subindo forte, você ainda tem o medo da pandemia, não está algo muito funcional. Então vamos esperar o momento certo, quando todos esses ventos tenham começado a passar, e devemos acessar o mercado sem problemas” afirmou.

Para Igor Cavaca analista da Warren, a compra dos novos campos vai ao encontro do novo projeto da empresa de reestruturação e sinergia entre as operações.

“A PetroRio já vem fazendo esse processo de reestruturação e tem um projeto de investimento bem expressivo e intenso. A empresa vem investindo bastante no processo de buscar novos ativos e conseguir estoque para o futuro”, disse.

“No momento, agora, a estratégia de investimento está sendo colocado em prática e esses poços são interessantes porque são próximos que ela opera hoje”, concluiu.

Confira a entrevista com Roberto Monteiro, CEO da PetroRio ao SUNO Notícias:

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– Segundo a empresa, os ativos “se encaixam perfeitamente na estratégia de geração de valor da PetroRio”. Quais vão ser as sinergias criadas?
O nosso ponto é o seguinte: voltando no tempo, fomos uma vez para o Golfo do México, nos EUA, analisar uns ativos que estavam à venda. Acabamos não comprando, mas uma coisa que identificamos naquele momento foi a resiliência dos ativos, na época, que tinham um custo de produção baixíssimo, eram excelentes ativos, mesmo sendo bem maduros.

Rapidamente, identificamos o principal driver desse negócio que era o compartilhamento de infraestrutura. Esse era o grande negócio que aprendemos nesse momento. Começamos a olhar os campos do Brasil desse jeito e isso foi o que vimos na transação dos campos de Frade e Polvo, fazendo plano de emergência integrado, operando de maneira única.

Depois nos incentivou a olhar o campo de Tubarão Martelo no detalhe, porque ali você podia dividir a infraestrutura de produção, que é o máximo dessa estratégia, e agora criamos o cluster de Tubarão Martelo e Polvo e é esse o nosso racional.

A gente traz volume de olho sem risco geológico para Frade e conseguimos compartilhar a infraestrutura. Então o nome do jogo é compartilhamento.

O campo de Frade, já tínhamos olhado em 2015, mas era um desenvolvimento independente. Quando você olhava aquilo, aquele negócio não parava em pé com o petróleo a US$ 40, US$ 50.

Mas, depois que compramos Frade, começamos a pensar que colocando esse negócio ligado à estrutura que eu já tenho, eu gasto uma fração do Capex e o meu Opex é quase zero pois o campo de Frade já está produzindo.

O ponto de ser pré-sal acaba ficando mais sobre a qualidade do óleo. Então é um óleo que flui bem, um óleo leve, que reduz ainda mais o risco que temos.

-O fato da profundidade não preocupa vocês dado o custo da extração?
Não. Na verdade, a profundidade é relacionada ao Capex, pois o poço mais fundo é mais caro. Então, dentro do nosso Capex proposto, de US$ 800 milhões, ele já leva em conta que o poço será feito, ele já leva em conta que esse poço perfurado a 1.400 metros abaixo da água e que teremos que contratar uma sonda que tenha especificação suficiente para fazer esse trabalho, mas é a mesma sonda que faz o nosso poço, da Petrobras ou da BP.

Você contrata a sonda para fazer o trabalho. Do ponto de vista de instalação, temos a capacidade técnica de integrar o negócio todo, mas o desenvolvimento não é tão complexo, mesmo que profundos. Continuam sendo quatro poços. Depois disso, você une os quatro poços em uma coisa única, que ele manda o óleo via duto. Não tem um grau de complexidade tão grande.

-Queria entender quando vocês falam o indicador de dívida líquida/Ebitda continuará dentro de faixas “normais e aceitáveis”. Como vocês estão estruturando o pagamento dessa operação?
O pagamento é fixo de US$ 100 milhões. Depois tem um earn-out, que é um bônus, se conseguirmos utilizar uma segunda acumulação. Mas, o pagamento fixo você tem US$ 17,5 milhões dividido entre hoje e a aprovação da ANP, que deve ocorrer no ano que vem.

Depois você tem mais US$ 15 milhões em dezembro de 2021, e o restante, pouco mais de US$ 60 milhões, é pago ao longo do primeiro semestre de 2022. Isso que está aí cabe perfeitamente na nossa geração de caixa.

Com isso estamos bem tranquilos, sem passar de um nível de alavancagem que você não queria. Mas aí você tem um outro nível de aplicação no campo, que você precisa desenvolver o campo, que é um dinheiro que começará a ser aplicado em 2022.

E, para isso, teremos que recorrer ou um pouco mais de endividamento, mas é um pouco mais pois nosso nível de dívida/Ebitda está em 1,9x e não queremos passar de 2,5x de jeito nenhum. Então tem um espacinho de dívida ou fazer um aumento de capital.

-Então esse aumento de capital está no radar da PetroRio?
Está no radar. Existe a possibilidade de fazermos um aumento de capital desde que os valores sejam corretos, se as condições sejam favoráveis. Não estou dizendo que as condições precisam ser espetaculares, mas você tem que estar em um mercado funcional.

Hoje, por exemplo, embora [as ações da empresa] estejam subindo forte, você ainda tem o medo da pandemia, não está algo muito funcional. Então vamos esperar o momento certo, quando todos esses ventos tenham começado a passar, e devemos acessar o mercado sem problemas.

-O começo da extração é em dois anos?
Não. O começo da extração dos novos campos é em dois anos depois do momento em que iniciarmos a instalação. Nesse tempo, ao longo do ano que vem, temos que ter a aprovação do Cade, ANP, declarar comercialidade e apresentar o plano de desenvolvimento para a ANP.

Desse momento de tomar a decisão, a gente tem dois anos.

-Quais as previsões para o petróleo nos próximos anos. Você acha que voltaremos a 60-70 o barril ou mais, dado que o pré-sal é viável apenas a partir de certa faixa?
Hoje, com o Brent a US$ 23 nós empatamos com os custos. O Wahoo, especificamente, ele é um ótimo investimento. Rodamos com petróleo a menos de US$ 30 e ele continua viável, tanto investimento quanto tudo mais.

Esse negócio agrega resiliência à PetroRio, quando falamos do desenvolvimento do pré-sal, você parte do pressuposto de criar um cluster sozinho, no meio do mar, longe da costa. O nosso não é nada disso. Nosso negócio não é Lula, é menorzinho. Algo mais comedido, embora tecnicamente, seja pré-sal.

-Quais são os próximos passos? Há algum plano de internacionalização da PetroRio?
A gente vai continuar fazendo M&A, o M&A está no nosso DNA. Vamos continuar fazendo isso.

A gente chama internamente de aquisições inteligentes. A primeira coisa que olhamos são coisas ao redor. Ou seja, ao redor dos cluster de Frade e ao redor do cluster de Polvo e Tubarão Martelo pois você tem mais sinergia, então esse é o número um.

Número dois é abrir um terceiro cluster na Bacia de Campos. O número três da PetroRio seria abrir um cluster uma outra bacia. Em quarto lugar, pensássemos em uma aquisição internacional, claro que pode mudar um pouco a partir da atratividade, então isso poderia furar a fila.

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Vinicius Pereira

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