Petrobras (PETR4) capta US$ 3,25 bilhões com emissão no exterior

A Petrobras (PETR4) captou, na última quarta-feira (27), US$ 3,25 bilhões (cerca de R$ 17,26 bilhões) em bônus no exterior. Os recursos levantados serão utilizados para reforço do caixa da petroleira estatal.

Liderada pela Petrobras Global Finance, a operação foi concluída em duas tranches. A primeira, com vencimento em 10 anos, atingiu US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,97 bilhões) e saiu com uma taxa de rentabilidade de 5,60%. A segunda, por sua vez, com um prazo de 30 anos, somou US$ 1,75 bilhão (cerca de R$ 9,30 bilhões), com um yield de 6,90%.

Em meio à uma crise sem precedentes, gerada pelos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), “o êxito da oferta da Petrobras, deve impulsionar outras grandes companhias brasileiras com receitas em moeda estrangeira a acessar o mercado”, disse André Silva, diretor da área de mercado de capitais da América Latina do banco francês BNP Paribas, segundo reportou o jornal “Valor Econômico”.

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“Num momento de cenário incerto, em que o caixa é relevante, estar atento a essas janelas é fundamental”, disse Silva. O banco europeu liderou a oferta junto às instituições:

  • Bank of America (NYSE: BAC)
  • Itaú BBA
  • J.P. Morgan (NYSE: JPM)
  • Scotia Capital
  • SMBC Nikko

Os coordenadores conseguiram reduzir as taxas inicialmente solicitadas pela demanda em 0,40 ponto percentual. No início, a oferta seria de 6% (para a oferta de 10 anos) e de 7,30% (para a oferta de 30 anos).

“O sucesso da operação, a primeira de uma empresa brasileira pós-covid, mostra o reconhecimento e apoio que a Petrobras tem entre os investidores hoje. Diferentemente de outros países da região, ela abriu o mercado antes mesmo de uma emissão soberana”, salientou Silva.

Petrobras enxergou janela de oportunidade

A oferta da Petrobras veio em um momento de tendência de recuperação dos preços do petróleo. Devido à pandemia, a cotação do barril da commodity chegou a apresentar forte queda desde o início do ano, no entanto, com a gradual reabertura das economias em todo o mundo, a elevação da demanda fez com que os preços se recuperassem cerca de 70% nos últimos 30 dias.

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O mercado externo de dívida privada chegou a ser fechado por conta da pandemia. Todavia, com os esforços do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, em prover liquidez no sistema financeiro — com um programa de mais de US$ 3,2 trilhões (cerca de R$ 17,04 trilhões) –, os investidores voltaram a se animar.

Além disso, segundo Felipe Wilberg, diretor de renda fixa e produtos estruturados do Itaú BBA, no mercado doméstico o financiamento para empresas está focando no curto prazo. “Para uma operação nesse tamanho e com prazo de 10 e 30 anos não tem mercado hoje no Brasil”, lembrando que as dívidas de crédito privado vem sofrendo com resgates no Brasil, além da queda da demanda por essa classe de ativos.

Existe a expectativa no mercado de que a Petrobras, com essa operação, tenha contribuído para reduzir as taxas no mercado doméstico. Os bônus emitidos no exterior, em conversão para a moeda local, seriam equivalentes a CDI + 3% no título de 10 anos, e CDI + 4,35% no papel de 30 anos. Essas taxas costumam ser praticadas por grandes companhias num prazo de um a dois anos no Brasil.

Jader Lazarini

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