Petrobras (PETR4): mercado vê lucro de R$ 18 bi; veja as expectativas para o balanço

Após um trimestre fora da curva, com quase R$ 50 bilhões de lucro, a Petrobras (PETR4) deve obter um lucro de R$ 18,2 bilhões no terceiro trimestre de 2021 segundo prévia do mercado. O número será revelado somente na quinta (28), na divulgação do resultado financeiro da estatal.

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Com novos rumores sobre uma privatização e uma alta do petróleo – e o Brent nos maiores níveis desde 2018, cotado a US$ 84 -, a Petrobras ganha algum otimismo aos olhos dos analistas. Atualmente, as ações preferenciais da Petrobras da companhia já subiram praticamente 25% dos últimos seis meses, chegando a R$ 28,8, patamar pouco abaixo do registrado no fim de 2019 e em janeiro deste ano.

Apesar disso, o BTG Pactual prevê um lucro em R$ 13,3 bilhões, abaixo do consenso, além de uma margem EBITDA de 53% ante 47% da maioria do mercado.

Nas suas prévias, a produção média de petróleo, gás natural e líquido de gás natural (LGN) da companhia alcançou 2,83 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) no terceiro trimestre de 2021, 4,1% abaixo do registrado em igual período do ano passado.

Ou seja, no consolidado, a Petrobras produziu 2,269 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo, um recuo de 4% em relação ao ano anterior. Já a produção no pré-sal alcançou 1,673 milhões de bpd no trimestre, 1,3% superior ao terceiro trimestre de 2020.

Sobre os números, o BTG lembra que a companhia publicou uma produção somente 1% abaixo do estimado, com a alta em Sépia e FPSO compensando o arrefecimento da produção em Búzios e Mero.

“Importante sinalizar que a maior participação na produção do pré-sal deve se manter custos de produção em níveis baixos. Estamos modelando custos de levantamento em US $ 6,35 / bbl. Nós acreditamos os ganhos poderiam ser ainda maiores se não fosse pelo crescimento das importações”, dizem os analistas do banco.

A recomendação do BTG é neutra, apesar de prever um uspide de cerca de 50% nos papéis nos próximos 12 meses.

Goldman Sachs e o ruído com o preço da gasolina

Já o BB Investimentos avalia como positivos os dados de produção, vendo R$ 36 por ação até o fim de 2022, citando os preços dos combustíveis como um ponto a favor da companhia.

“A oferta de etanol a preços mais elevados beneficiou o consumo de gasolina. Além disso, houve redução das medidas de redução de mobilidade associadas à pandemia, colaborando para os fortes números reportados. No caso do diesel, além da sazonalidade, houve redução no percentual de biodiesel adicionado à mistura, o que favoreceu o volume neste trimestre. Ainda assim, a alta foi limitada pela elevação das importações do produto por terceiros. Já em relação ao QAV, além do fator sazonal, houve retomada nos voos domésticos e internacionais, favorecendo o consumo do combustível de aviação”, diz o relatório do analista CNPI do banco, Daniel Cobucci.

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Apesar disso, o ruído sobre o preço da gasolina provocou antipatia no BTG e no Goldman Sachs, sendo que a segunda casa destaca:

  • oscilações no preço do petróleo Brent
  • depreciação ou valorização do real frente ao dólar
  • riso de intervenção governamental no preço dos combustíveis

Também com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 29, o Goldman Sachs não vê valorização potencial nos papéis, mas projeta bons proventos.

“Acreditamos que a geração de caixa atual deixa espaço para a administração anunciar outro dividendo no curto prazo, semelhante ao que a empresa fez no segundo trimestre. Em seu balanço do trimestre anterior a companhia adiantou uma remuneração ao acionista de US$ 6 bilhões devido aos fortes resultados reportados. Segundo nossas estimativas, esperamos que a Petrobras alcance possivelmente uma cifra de US$ 60 bilhões em dívida bruta no 3T21, que, somado às recentes transações fechadas pela empresa, nos leva a acreditar que poderia haver espaço para dividendos adicionais de até US $ 5 bilhões, permitindo ainda que a empresa mantenha seu Meta de dívida bruta de US $ 60 bilhões no futuro próximo”, analisam Bruno Amorim e João Frizo.

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Privatização da Petrobras no radar

“A privatização da Petrobras voltou ao centro das atenções após rumores do governo federal ter intenções de vender parte de suas ações de controle da empresa, e vários investidores vieram até nós com dúvidas sobre qual seria a melhor alternativa para executá-la. Enquanto nós gostaríamos muito da transferência do controle da Petrobras para o mercado, pois contribui para tornar a tese de investimento (muito) mais atraente em termos de eficiência e alinhamento de interesses com os acionistas minoritários”, afirmam os analistas do BTG Pactual.

Ambos ressaltam que o movimento é análogo ao desinvestimento da empresa nos últimos anos, com vendas de refinarias, ativos de gás natural, campos maduros onshore e offshore, bem como gás distribuição e transporte de ativos.

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O relatório assinado por Pedro Soares, Thiago Duarte e Daniel Guardiola entende que a companhia deve ser privatizada somente com a redução dos riscos políticos e a mensuração dos impactos no mercado, considerando que a estatal possui cerca de 70% de participação acionária na produção de óleo e gás e 50% de relevância no mercado.

“Privatizando-a, hoje, em certa medida simplesmente privatizaria sua posição às vezes monopolista. Isto poderia até colocar em risco a meta de aumentar a concorrência no setor, ou pelo menos tornar o processo de privatização muito mais complexo. Como discutido recentemente, o problema é que muitos desinvestimentos estão agora paralisados, pois os compradores em potencial esperam por mais clareza, ou querem barganhar descontos maiores nos preços) sobre riscos políticos”, observa o documento divulgado nesta quarta (27), sobre a Petrobras.

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Eduardo Vargas

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