Nubank (NUBR33) desaba 11%; BTG reavalia tese sobre venda de ações

Com as ações do Nubank (NUBR33) caindo cerca de 60% desde que foi dada a recomendação de venda, os analistas do BTG Pactual Digital decidiram ‘voltar ao neutro’, mirando um preço-alvo de R$ 3,20 – levemente acima da cotação atual, de R$ 3. Mas as ações da fintech negociadas na B3, as BDRs, fecharam nesta sexta (20) em forte queda de 10,88%, a R$ 3,11. Em Nova York desabam 12%, para US$ 3,81.

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O BTG insiste, no entanto, na reavaliação mesmo com a queda dos papéis. Essa mudança de postura, diz o banco, vem em meio a um valuation mais atrativo. Ocorre em meio à pressão do período de lock-up e com dúvidas sobre inadimplência e crescimento, que vêm derrubando as ações. Os analistas chegaram a essa conclusão ao examinar os números do resultado financeiro do Nubank referente ao 1T22.

Na avaliação do BTG, o Nubank reportou resultados muito fortes no trimestre, mostrando um crescimento impressionante em praticamente todos as partes.

“Sua carteira de crédito total cresceu 34% t/t, com empréstimos pessoais crescendo 44%. A receita média por cliente (ARPAC) surpreendeu positivamente, levando as receitas totais a superar a nossa estimativa e o consenso em 16%”, analisam.

Ainda assim, no dia seguinte ao balanço, vale lembrar que as ações subiram na abertura mas fecharam o pregão em baixa de 6%, com os investidores vendo “o copo meio vazio”. O que pesou foi a potencial deterioração do ciclo de crédito no Brasil, principalmente para empréstimos sem garantias e consumidor de baixa renda.

A casa diz ser “grande fã da história” da fintech e acredita que o banco está muito bem posicionado para possivelmente se tornar a fintech líder da América Latina nos próximos 5 a 10 anos.

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“Mas o valuation parecia muito “errado” para nós, particularmente em um ambiente em que estamos vendo sinais crescentes de deterioração da qualidade da carteira de crédito. Como o Nubank se parece muito mais com um banco do que com uma empresa de software, nós o rebaixamos para venda em 10 de fevereiro”, explicam os analistas.

“Desde então, a ação caiu (-58%), e agora é negociada a 4,6x P/VP 2022 (vs. 11,6x em 10 de fevereiro). Embora ainda indiscutivelmente caro, o Nubank agora tem um valor de mercado de US$ 19,9 bilhões, o que parece mais razoável, ficando abaixo do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3)”, acrescentam.

Os analistas ainda veem um custo de aquisição do cliente (CAC) relativamente baixo, o que configura vantagem competitiva: “Como resultado, o Nubank ainda pode ser lucrativo apesar de um ticket muito baixo”.

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“Nubank pode ser algo que nunca vimos antes”

Segundo o relatório do BTG, muitos investidores locais e especialistas do setor acreditam que o Nubank está assumindo riscos demais ao crescer em ritmo tão rápido em empréstimos (não garantidos) ao consumidor, principalmente no segmento de baixa renda.

“Mas, se mostrar que pode passar por um ciclo ruim relativamente ileso, então pode de fato provar ser único. Ao contrário de outros bancos que aumentaram sua base de clientes e testaram o crédito ao longo do tempo, o Nubank conseguiu uma base massiva de clientes praticamente apenas oferecendo cartões de crédito (93% dos clientes pagam em dia). Então, por ter uma base muito grande para “pescar”, com bons dados, e poder operar com pequenos tickets para vários clientes, o Nubank pode sim ser algo que nunca vimos antes”, diz o BTG.

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BTG ainda vê assimetria negativa

A estimativa é de que o prejuízo líquido seja 57% menor para 2022 e o lucro líquido 21% maior no próximo ano. Ainda assim, a casa “decidiu ser mais conservadora com números a partir de 2023”, com o resultado líquido 17-34% menor para 2024-25, respectivamente.

“Também estamos aumentando nosso CoE (custo de capital próprio) em 50bps para 13,5%, o que reduz nosso preço-alvo do final de 2022 de R$ 7,50 para R$ 3,20. O fim do período de lock-up em 17 de maio pode criar um peso por um tempo, devido ao free float muito baixo (~7%). Vimos com a XP o que o medo de um potencial overhang pode fazer com uma ação”, diz o BTG.

“No geral, ainda vemos uma má assimetria na ação. Mas, após a forte correção, explicações decentes da administração sobre a dinâmica recente, o números do primeiro trimestre muito bons (e melhores resultados esperados nos próximos trimestres), estamos dando ao Nubank o benefício da dúvida e nos mantendo neutros”, conclui.

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Eduardo Vargas

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