Divergência entre membros e possível influência do governo: entenda as polêmicas do novo conselho da Vale (VALE3)

No final da última semana, a Vale (VALE3) anunciou a lista com as indicações de novos nomes para compor o conselho de administração, que será votado no dia 28 de abril. Como a proposta de renovação do colegiado responde por 50% do conselho atual, tornando a mudança superior ao que projetava a própria companhia e o mercado, alguns nomes (incluídos e excluídos da lista) têm chamado atenção.

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Atualmente, o quadro do conselho da Vale conta com 13 membros, incluindo nomes como Mauro Cunha, ex-presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), e de Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras.

No entanto, ambos ficaram de fora da lista de indicados ao colegiado da Vale. Segundo a apuração do Valor Econômico, Cunha não será reconduzido, enquanto Castello Branco decidiu não concorrer à reeleição.

De acordo com informações do Valor Econômico, Cunha criticou as indicações e disse que houve “inobservância de premissas de trabalho”, que foram acordadas entre o comitê de indicação e governança (CIG) e o colegiado.

Ainda que sem citar nomes, Cunha teria dito ao jornal na lista do novo board da Vale há “candidatos que jamais participaram de um conselho de administração”. Junto a isso, foram “excluídos” integrantes que desafiam a direção da companhia e o colegiado.

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Indicados ao conselho da Vale

A lista de membros do colegiado da Vale aprovados é composta pelos seguintes nomes: Daniel André Stieler, Douglas James Upton, Fernando Jorge Buso Gomes, João Luiz Fukunaga, José Luciano Duarte Penido, Luis Henrique Cals de Beauclair Guimarães, Manuel Lino Silva de Sousa Oliveira, Marcelo Gasparino da Silva, Paulo Hartung, Rachel de Oliveira Maia, Shunji Komai e Vera Marie Inkster.

Além disso, os atuais presidente e vice-presidente da Vale, José Duarte Penido e Fernando Buso Gomes, respectivamente, também foram indicados para um novo mandato no conselho.

Contudo, entre os nomes acima, dois nomes têm chamado a atenção do mercado e até fora dele: Daniel André Stieler e João Luiz Fukunaga. O primeiro foi presidente da Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil (BBAS3) que tem participação em 10% do capital da mineradora, e o outro é o atual mandatário.

Stieler, que faz parte do atual conselho da Vale e tem mandato até o fim de abril, seria reconduzido a chairman do conselho da Vale, posição que lhe permite determinar trabalhos incluir pautas na agenda do colegiado. E esse fato não teria agradado a base governista.

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Segundo informações de Lauro Jardim, do O Globo, a indicação de Stieler, que é aliado do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, teria incomodado o atual governo. Na quinta-feira (9), o jornalista ainda noticiou que o atraso na divulgação da lista de indicados ao conselho, inclusive, teria sido motivado por um veto do governo Lula ao nome de Stieler.

Embora o entrave tenha sido superado, o jornalista afirma que o nome de Clóvis Torres, ex-consultor-geral da Vale e ex-presidente de Furnas, será lançado por meio de um sistema de votação múltipla, em que cada nome é votado separadamente.

É importante lembrar que, apesar de a Vale ser hoje uma empresa privada, ela foi privatizada em 1997 é concessionária de direitos minerais. Além disso, por meio da Previ, fundo do banco estatal, os governos seguiram, indiretamente, influenciando a mineradora da privatização para cá.

Janize Colaço

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