MP da privatização da Eletrobras (ELET3) pode elevar custos do setor, diz especialista

Após aprovação pelo Congresso do texto-base da privatização da Eletrobras (ELET3), na quarta-feira (19), especialistas do setor elétrico teceram críticas. A avaliação considera que a Medida Provisória (MP) apresentada pelo relator, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA),  interfere em questões de planejamento da área ao definir sua expansão por meio de PCHs, que são usinas térmicas e de hidrelétricas de pequeno porte.

 

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240-Banner-Home-1.png

Editada em 23 de fevereiro, a MP prevê a diluição da atual participação do governo no capital da Eletrobras, dos atuais 60% para 45%, por meio da oferta de novas ações no mercado. A MP foi aprovada na Câmara por 313 votos a favor e 166 contra.

O texto segue agora para o Senado, onde tem de ser votado até 22 de junho, quando perde a validade. “Acho um absurdo completo, porque o relator se meteu em questões de planejamento do setor elétrico”, disse o diretor do instituto Ilumina, Roberto D’Araújo.

Suno One: acesse gratuitamente eBooks, Minicursos, Artigos e Vídeo Aulas sobre investimentos com um único cadastro. Clique para saber mais!

Para ele, as medidas previstas no relatório devem elevar os custos do setor, que serão refletidos nas tarifas de energia, e não o contrário como o governo tem defendido.

“Baixar tarifa deveria ser atacando os custos de geração, e não da forma como estão propondo, que é pegar o dinheiro da Eletrobras e colocar para cobrir a tarifa alta”, disse, ao explicar que, após o fim do dinheiro, os custos de geração continuarão pressionando os custos para o consumidor final.

O presidente da consultoria PSR e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, tem opinião semelhante. Na avaliação dele, a contratação de térmicas é “muito ruim” porque atribui ao Legislativo a atividade de planejamento do setor elétrico, ignorando as atividades já realizadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

“Leva para o universo político uma discussão que é técnica. A definição de compra compulsória de tecnologias pode resultar em ineficiências e pressionar ainda mais uma tarifa já pressionada”, afirmou.

 

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

O ex-presidente da EPE Maurício Tolmasquim também acredita que, da forma como a MP foi aprovada, traz novos custos para o setor, alguns dos quais terão de ser financiados pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), para arcar com o valor mais caro da energia vendida pelas PCHs.

“Tem uma série de novos custos e imposições que foram colocadas sobre o consumidor de energia, que terá impacto grande sobre a tarifa”, afirmou ele sobre a MP de privatização da Eletrobras.

Privatização da Eletrobras não terá jogo fácil no Senado

“É uma privatização esquisita”, pontuou Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do Coppead/UFRJ. “Sui generis”.

Mas segundo o especialista há problemas em outras praças, como no Senado. Para Leite, o trâmite na casa deve ser particularmente difícil devido à CPI da Covid e às “testemunhas radioativas” que lá depõem. “O governo está lutando em duas frentes. Ele tem homens para isso?”

Murilo Breder, analista de renda variável da Easynvest, destacou outro ponto: o tempo. “[A MP] tem pouco tempo para ser aprovada, até 22 de junho, para não perder a validade.”

“E está no meio da CPI da Covid, que está demandando bastante tempo dos senadores”, acrescentou.

Atualmente, às 13h30 do pregão desta sexta-feira (21), os papéis da Eletrobras apresentam queda de 0,17%. No fim do pregão anterior as ações da companhia fecharam em queda de 2,35%, após o ânimo que precedeu a MP e fez o saldo semanal ficar positivo, com valorização de 3,71% nos últimos sete dias.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Eduardo Vargas

Compartilhe sua opinião