Monte Bravo: 2020 será um ano volátil para as ações na Bolsa

Se o investidor brasileiro iniciante teve um bull market de tirar o fôlego em 2019, ele precisa agora é se acostumar com uma maior volatilidade das ações listadas na B3 para não cometer erros que custem seus rendimentos. A opinião é de Rodrigo Franchini, sócio e head de produtos da Monte Bravo.

Para Franchini, o ano positivo de 2019 fez com que alguns investidores admitissem riscos que não estariam realmente dispostos a tomar.

“Em 2020, essa volatilidade será maior. No ano passado, 80% do tempo foi tranquilo. Então o brasileiro viu a tranquilidade e perdeu um pouco a racionalidade. Ele não respeitou o percentual de alocação ideal para ele. Quando a volatilidade vem, ele colocou mais do que deveria e quer tirar de todo jeito. Por isso a busca de ter alguém aconselhando é tão importante”, disse Rodrigo Franchini, sócio e head de produtos da Monte Bravo.

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Para Franchini, a economia brasileira precisa de resultados robustos para que o país não seja tão abalado pela desaceleração chinesa causada pelo coronavírus (covid-19).

“O coronavírus é bem pontual. Ele vai passar, o poder especulativo volta, mas a economia real precisa voltar”, afirmou.

Confira a entrevista exclusiva do SUNO Notícias com Rodrigo Franchini, sócio e head de produtos da Monte Bravo:

Rodrigo Franchini, sócio e head de produtos da Monte Bravo
Rodrigo Franchini, sócio e head de produtos da Monte Bravo

-Como a Monte Bravo atua no mercado?
A Monte Bravo usa a plataforma da XP, do research, análise, mas não ficamos só na XP. Hoje, temos R$ 7,2 sob gestão e mais de 230 profissionais dentro da empresa. Temos, além de assessores, temos áreas, como de produto e educação, de derivativos, offshore, private e outras.

O assessor aqui dentro tem acesso a diversos especialistas, filtrando o que as assets e fundos estão fazendo, para que o assessor tenha mais o dia a dia voltado ao atendimento do cliente.

A Monte Bravo nasceu em Santa Maria, há nove anos atrás, e depois fomos a Porto Alegre. Hoje, temos escritórios em Caxias do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia e pensamos em chegar a R$ 14 a R$ 15 bilhões sob gestão. Nós queremos dar qualidade ao brasileiro para investir melhor. Nessa de dar qualidade, tiramos um foco de produto simples e puro. Nós olhamos para o cliente.

-Como vocês estão vendo esse novo mercado, com corrida à Bolsa no país?
O brasileiro está entendendo que precisa tomar mais risco e precisa de alguém que o indique para o que fazer. Hoje em dia, com essa mudança, o mercado começou a se profissionalizar mais, com mais players, de ofertas primárias, seja com assets independentes, e escritórios. Para o brasileiro, essa mudança foi bem disruptiva. Se você for para as grandes praças, o brasileiro já enxerga que não dá mais para ficar só no banco.

Ele, hoje, assume risco. Aquele cliente que não tinha nada de renda variável, hoje ele já tem e mantém apesar da volatilidade. Essa mudança de educação vai perdurar por mais tempo, pois os juros básicos vão ficar por muito mais tempo.

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O problema é qual a qualidade desses profissionais que estão sendo oferecidos nesse mercado. Há muita oferta de fundos e você precisa saber o que fazer. O mercado, então, tem muito o que crescer.

-Você acha que o brasileiro mudou, realmente, a cabeça em relação ao modo de investir?
Essa mudança de paradigma que faz sentido foi o principal fator. O primeiro é entender como funciona, depois aceitar mais risco e o terceiro entender que buscar alguém para te indicar por onde ir. Essas foram as principais mudanças de paradigmas.

-Como convencer o brasileiro a alocar recursos em renda variável com um mercado tão volátil como nos últimos dias?
Acho que o brasileiro aprendeu a investir mais, em renda variável, mas ao mesmo tempo, sabe que essa aversão a risco dele não é perene. Você vai ter, em alguns momentos, stress. Ele aprendeu a aceitar mais risco, mas ainda tem a segurança de manter seus investimentos mesmo com oscilação. O investidor assustou e, por mais que o coronavírus esteja impactando a nossa Bolsa, se você tem um local forte na Bolsa você consegue segura-la em maiores patamares.

Mas não foi isso que aconteceu. Perder 20 mil pontos em um mês é um exagero, mas aconteceu. O brasileiro precisa entender que, o prazo inicial que ele colocou, possa aumentar.

Em 2020, essa volatilidade será maior. No ano passado, 80% do tempo foi tranquilo. Então o brasileiro viu a tranquilidade e perdeu um pouco a racionalidade. Ele não respeitou o percentual de alocação ideal para ele. Quando a volatilidade vem, ele colocou mais do que deveria e quer tirar de todo jeito. Por isso a busca de ter alguém aconselhando é tão importante.

O cenário de 2020 vai ser de muita volatilidade, não será como 2019, e os movimentos das Bolsas locais serão determinantes para isso. Não faz sentido ele olhar a cota diária o tempo todo para ver se está indo bem. Até porque, com juros baixos, não tem o que fazer porque faz sentido você correr com o risco, o investimento é de médio e longo prazo.

-Para 2020, quais as expectativas?
O ano começou derrubando os mercados. É um ano de mercado americano, com democratas e republicanos disputando forte a presidência, com um candidato democrata que não visa tanto a economia. Se o primeiro semestre for muito ruim dado o coronavírus, o impacto será maior. A China vai crescer 30% a menos do que cresceria e vai deixar de consumir coisas importantes para o Brasil e nossa balança comercial, vendendo menos.

2020 nasceu como uma ano de probabilidade voláteis, só pelo fato da eleição. Quando você joga o coronavírus em cima disso, é a cereja do bolo. O dólar já sabia que estaria em um patamar alto, além das reformas que dependem do legislativo, com alguns entraves, então sabíamos que seria volátil, com o coronavírus, é o somatório perfeito do caos.

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-Como vocês analisam o resultado do PIB do ano passado, que cresceu 1,1%, e como isso deve refletir no mercado?
Você vai ter um cenário lá fora e o Brasil depende muito de mercado globalizado. China e EUA têm muito peso aqui. Essas duas potências com dificuldades econômicas, não dá para falar que o Brasil vai crescer o mesmo 2,5% de antes. Segundo ponto é que o início do ano o mercado quer ver como o Congresso vai se adaptar com o governo. A discussão das reformas que poderiam ser mais rápidas e dar sobras fiscais para estimular a economia atrasam e começam a esbarrar no crescimento do PIB. Então, isso vai diminuindo as previsões.

Lá fora, seremos bem impactados pelos problemas e, internamente, a nossa economia não dará tanto resultado quanto a nossa economia dá. A economia não reage apenas a redução de juros e precisa de mais estímulos na prática para que ela volte a crescer. Tanto que a Europa tem juro negativo há mais de dois anos e você não consegue crescimentos exponenciais.

O coronavírus é bem pontual. Ele vai passar, o poder especulativo volta, mas a economia real precisa voltar.

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Vinicius Pereira

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