Mercado Livre (MELI34) acelera no Brasil e entrega 3º tri acima das projeções da XP
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O Mercado Livre (MELI34) entregou um 3º trimestre ligeiramente acima das projeções da XP, com destaque para o forte crescimento do volume bruto de mercadorias (GMV) no Brasil, que compensou a pressão sobre margens causada por maiores investimentos em marketing e frete grátis. A companhia também viu avanço expressivo em usuários únicos e ampliação de sortimento, sustentando a expansão do seu ecossistema de e-commerce e fintech.
Receita e GMV aceleram no Brasil e México
A receita líquida atingiu US$ 7,4 bilhões, um aumento de 39,5% na comparação anual e 9,1% em relação ao trimestre anterior, superando em 1,3% a estimativa da XP. O GMV total cresceu 35% em moeda constante, com expansão sólida nas três principais geografias: Brasil (+34%), México (+34%) e Argentina (+44%), apesar da desaceleração nesta última devido a ventos contrários macroeconômicos.
No Brasil, a empresa reduziu o limite para frete grátis em junho, o que impulsionou os itens vendidos em 42% ano a ano (ante 26% no 2T25), mesmo com ticket médio menor. Já no México, o avanço foi sustentado pelo aumento da penetração e pela força do canal de 1P/CBT. O take rate consolidado ficou estável em 25,2%, com as receitas de taxas, anúncios e programa MELI+ compensando a queda em fretes.
Margens pressionadas, mas ainda sólidas
A margem bruta caiu 2,6 pontos percentuais ano a ano, refletindo o impacto do frete grátis e menores receitas logísticas, enquanto a margem EBIT recuou 0,7 p.p., para 9,8%, praticamente em linha com o esperado pela XP.
“Os resultados reforçam a resiliência operacional do Mercado Livre em meio à intensificação da concorrência, principalmente no Brasil, onde a empresa segue priorizando expansão e fidelização de usuários”, avaliaram Danniela Eiger, Pedro Caravina e Laryssa Sumer, da XP.
Segundo o relatório, a margem de contribuição do Brasil caiu 5,5 p.p. ano a ano, enquanto a da Argentina recuou 4,5 p.p. O México foi o único mercado com expansão de margem (+1,7 p.p.), beneficiado por eficiência logística e ganho de escala.
Fintech e crédito sustentam crescimento
A unidade financeira também manteve forte ritmo. A carteira de crédito cresceu 83% ano a ano, somando US$ 1,7 bilhão a mais trimestre a trimestre, impulsionada pelos empréstimos com cartão de crédito. O Brasil registrou recorde de emissões, e o México também mostrou avanço.
O TPV total subiu 54% em moeda constante, enquanto o NIMAL (spread líquido ajustado) sofreu leve compressão de 2 p.p., impactado pelos custos de financiamento mais altos na Argentina. Excluindo o país, a queda teria sido inferior a 1 p.p.
A inadimplência entre 15 e 90 dias permaneceu estável em 6,8%, e a acima de 90 dias caiu 0,9 p.p., mesmo com a expansão da carteira. No Brasil, metade da carteira de crédito já apresenta NIMAL positivo, reflexo da maturação esperada.
Lucro líquido cresce 6% com efeito cambial na Argentina
O lucro líquido somou US$ 421 milhões, 4% abaixo da projeção da XP, mas 6% superior ao mesmo período do ano passado. O desempenho foi limitado por perdas cambiais de US$ 102 milhões, ligadas à desvalorização do peso argentino, e por uma maior carga tributária.
Os analistas destacam ainda que as vendas de anúncios aceleraram 63%, representando 5% das vendas totais, com forte crescimento em Display & Video. “A principalidade do Mercado Pago segue aumentando, com mais usuários recorrentes tanto no Brasil quanto no México”, acrescentam Eiger e equipe.
No consolidado, o Mercado Livre encerra o trimestre mostrando equilíbrio entre expansão e rentabilidade, ainda que o foco no crescimento pese sobre margens no curto prazo — especialmente no Brasil, seu principal motor de resultados.
