Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) disparam e lideram Ibovespa; entenda por quê

Desde a abertura do pregão desta quinta (10), as ações da Magazine Luiza (MGLU3) e da Via (VIIA3) fecharam o pregão com altas de 5,15% (negociada a R$ 6,94) e 7,43% (a R$ 4,34), respectivamente. Com um ano de 2021 turbulento para o varejo, as duas tiveram o preço de suas ações com quedas piores do que 50% nos últimos 12 meses. Agora, os papéis apresentam alguma recuperação em relação aos tombos sucessivos.

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Apesar da recomendação neutra para ambas as empresas, a XP Investimentos lembra que há folga para uma valorização de 84% nas ações da Magazine Luiza, com preço-alvo de R$ 12. Além disso, as ações da Via têm preço-alvo de R$ 7, com cerca de 70% de alta.

A cautela adotada para manter fora das recomendação se dá pela alta da inflação  – que deve arrefecer com o ciclo de juros altista – e a deterioração do cenário macroeconômico, com menor crescimento e uma economia menos aquecida de um modo geral.

Apesar disso, ainda há esperança para as varejistas.

“Esperamos uma tendência mista do setor de varejo para frente. Pensando em um horizonte mais curto (1º trimestre), esperamos que as vendas do varejo se beneficiem do início dos pagamentos do Auxílio Brasil, que tende a melhorar a renda disponível da população e impulsionar a venda de produtos de consumo imediato, como alimentos e bebidas”, diz o relatório da XP.

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“Nós preferimos exposição a empresas com forte posicionamento, sólido histórico de execução e com fundamentos específicos bem estruturados. Apesar do consumo discricionário ser um segmento mais exposto à deterioração macro, nós gostamos de companhias focadas na alta renda, que oferecem uma maior resiliência e contam com um crescimento orgânico sólido”, segue.

Sobre a alta do intradia, o analista de renda variável da Ativa Investimentos, Felipe Vella, destaca que há influência das novidades vindas de fora.

MGLU3 sobe no momento mais de 4%, após os dados inflacionários dos EUA surpreenderem novamente; a inflação veio acima da expectativa elevando assim a tensão e aumentarem as apostas em medidas mais contracionistas pelo FED. Isso aumentaria o fluxo de capital dos EUA para o Brasil, visto que temos inúmeros papeis super descontados frente a seus pares após terem se desvalorizado muito em 2021″, afirma.

Para ele, as ações da varejista seriam um desses papéis descontados, mesmo estando em um setor frágil e que costumeiramente não se aprecia em cenários de juros altos.

Magazine Luiza, Via e os dados do varejo

Os analistas da XP, por sua vez, veem uma recuperação mais robusta para companhias do ‘atacarejo’ e do segmento de farmácias – que concentram as recomendações de compra em conjunto com varejo discricionário

O relatório da corretora se deu após a divulgação da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) com os dados referentes à performance de vendas do comércio varejista brasileiro em dezembro – o que dá mais noção aos analistas sobre os resultados financeiros do 4T21 das empresas, ainda por vir – o da Via está previsto para sair dia 9 de março e o da Magalu, em 10 de março.

O indicador se manteve estável em relação a novembro. Na comparação anual, a performance foi de queda de 3%. Ainda assim, o desempenho do setor ficou acima do esperado pelo mercado, potencialmente devido às compras do final de ano.

“Dentro dos segmentos da nossa cobertura, continuamos a ver uma resiliência da categoria de artigos farmacêuticos (+3,2% M/M e +8% A/A), frente à maior demanda por medicamentos antigripais e testes de Covid, e uma manutenção da categoria de vestuário e calçados, que ainda se mantém cerca de 10% abaixo dos níveis de 2019”, dizem os especialistas da XP.

“Por outro lado, as vendas dos segmentos de móveis e eletrodomésticos continua a cair, o que na nossa visão é explicado pela deterioração macro, aumento de preços e base de comparação difícil, enquanto a categoria de supermercados e hipermercados também desacelerou na base anual (-0,6% A/A), e apresentou queda na comparação mensal, o que acreditamos ser reflexo do menor poder de compra dos consumidores e da gradual retomada do consumo fora de casa”, seguem.

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O que a XP espera para os resultados do 4T21

Segundo o relatório setorial mais recente da corretora,  a expectativa é por uma temporada de resultados mistos para o varejo, com a maioria das empresas já sentindo o impacto do menor poder aquisitivo dos consumidores.

Além disso, a pressão de custos e impacto da inflação nas despesas são desafios para o setor, com quase toda a nossa cobertura apresentando queda de margens EBITDA.

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“No entanto, algumas companhias devem apresentar resultados sólidos, principalmente varejistas de alta renda, enquanto o 4º tri é sazonalmente um trimestre forte e conta com uma base de comparação fácil, o que deve contribuir para o crescimento da receita”.

A estimativa é de um prejuízo líquido de R$ 129 milhões para a Via, com R$ 508 milhões de Ebitda ajustado e R$ 8,1 bilhões de receita líquida.

Já para a Magazine Luiza o prejuízo deve ser de R$ 58 milhões, com R$ 291 milhões de Ebitda ajustado e R$ 9,8 bilhões de receita, números que representam retrações expressivas em quase todos os comparativos, assim como o da concorrente. A exceção deve ser a receita, que avançará 14% segundo as projeções.

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Eduardo Vargas

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