Voando alto: Magazine Luiza (MGLU3) sobe 23,7% e Casas Bahia (BHIA3) ganha 11,8%; entenda por que varejistas lideraram o Ibovespa hoje

As ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) dispararam nesta terça-feira (7) no Ibovespa, liderando os ganhos do índice, com a queda dos juros após a divulgação da ata do Copom, o que acaba favorecendo as companhias do setor.

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No fechamento, as ações ordinárias de Magazine Luiza avançaram 23,77%, cotadas a R$ 1,77, enquanto as ações ordinárias de Casas Bahia (BHIA3) despontaram com alta de 11,8%, a R$ 0,57. O Ibovespa subiu 0,71%, aos 119.576,62 pontos.

Cotação MGLU3

Gráfico gerado em: 07/11/2023
1 Dia

Segundo Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, os juros cedem nesta terça-feira após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), mesmo com a sinalização do Banco Central de que espera um “comprometimento em torno da meta fiscal” para manutenção do ritmo de queda da Selic.

“Mas houve sim um afago ao Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o que foi reforçado pelo presidente Lula na manhã desta terça-feira em evento, quando falou que buscaria estabilidade fiscal e também iria utilizar os bancos públicos para dar crédito mais barato. Isso tudo corrobora uma visão de maior competitividade em crédito, o que para varejo é positivo”, disse Lemos.

Mais cedo, na ata do Copom, o Banco Central (BC) afirmou que, em relação à decisão de redução da Selic de 12,75% para 12,25%, o ritmo de cortes deve seguir sem alterações nas próximas reuniões, mas há uma incerteza maior sobre a capacidade do governo em cumprir as metas fiscais estabelecidas.

Magazine Luiza (MGLU3) conclui venda da Luizaseg; saiba mais

Magazine Luiza (MGLU3) concluiu de forma definitiva a venda da totalidade da participação detida na Luizaseg, sua unidade de seguros, para a NCVP Participações Societárias, segundo comunicado ao mercado no último dia 1 de novembro.

A empresa informou que cumpriu com as condições precedentes, incluindo a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

No último mês de maio, a varejista fechou a venda de sua participação no capital social da Luizaseg para a NCVP, uma empresa controlada pela Cardif, que por sua vez é subsidiária do banco BNP Paribas – assim acrescentando R$ 160 milhões ao montante total da operação.

O acordo visava o lançamento de novos produtos, especialmente nos canais digitais, e a extensão da parceria para a oferta de seguros para os clientes do Magalu, até dezembro de 2033.

Além disso, a empresa poderia receber mais dinheiro com um profit sharing firmado, em função do cumprimento das metas anuais do novo acordo operacional. O Magazine Luiza não informou se esses pagamentos foram realizados, e nem se o acordo terá alguma mudança após a conclusão da venda da Luizaseg à NCVP.

Ao todo, o Magazine Luiza recebeu um valor líquido de R$ 850 milhões pelo acordo.

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Magazine Luiza (MGLU3): o que esperar da varejista após mais um corte da Selic?

Apesar de confirmada mais uma queda na taxa Selic, segundo a decisão do Copom divulgada nesta quarta-feira (1º), os juros altos ainda impactam as expectativas de resultados do Magazine Luiza (MGLU3) – cujas ações lideraram as perdas do Ibovespa no mês passado – e colocam em dúvida o futuro de uma das companhias mais importantes do setor varejista no Brasil. 

Os papéis da Magazine Luiza caíram 37,26% em outubro no Ibovespa, liderando as quedas entre as empresas listadas, seguida por sua principal concorrente, a Casas Bahia (28,57%). Mas esse não foi o único recorde negativo. 

Na semana encerrada no dia 20 do mês passado, por exemplo, as ações do Magazine Luiza terminaram em baixa de 15,38% – neste dia em específico, os papéis alcançaram a menor cotação de fechamento desde o dia 10 de novembro de 2017, ou seja, em quase 6 anos. Já nos primeiros nove meses do ano, a queda das ações do Magalu foi de 74%.

Os números comprovam, portanto, um cenário bem diferente para o setor comparado há dois anos, quando o mundo ainda vivia a pandemia de Covid-19. Naquela época, a concentração na aquisição de bens acabou expandindo de forma expressiva as vendas das empresas do segmento, mas agora, com grande parte do consumo sendo destinado para serviços, as companhias estão tendo que recalcular a rota.

“Além de um custo de capital mais elevado, essas empresas têm operações financeiras que tiveram aumento de inadimplência no decorrer do pós-pandemia e da alta da Selic. Fizeram que com que as companhias apresentassem um resultado pior do que no passado”, lembra Nilo Galvani, cogestor de portfólio da TM3 Capital.

As vendas do Magazine Luiza, por exemplo, assim como de outras varejistas, também acabam sendo impactadas, já que elas não podem oferecer condições de pagamento interessantes. “As empresas têm que subir um pouco a régua do que entendem como um bom perfil para se dar crédito”, reforça Galvani.

Como o mercado enxerga a situação do Magalu?

Em relatório divulgado recentemente, analistas do Goldman Sachs veem a capacidade da Magazine Luiza buscar oportunidades de ganho de participação limitada pela alavancagem financeira

“O Magalu se concentrou na lucratividade em vez de ganhar participação de mercado no 1º semestre de 2023, mesmo com a situação financeira complicada do concorrente Americanas (AMER3)”, pontuaram.

O banco lembra que a Magazine Luiza tem aproximadamente 40% da dívida bruta (cerca de R$ 2,8 bilhões) vencendo até o final de 2024 e que não há desafios quanto à liquidez da empresa, que possui R$ 4,3 bilhões em recebíveis de cartão de crédito. Esse volume poderiam descontar para gerar fundos para qualquer necessidades de caixa de curto prazo

Até o 2T23, a alavancagem da MGLU3 estava em 7,2 vezes a dívida líquida/EBITDA ajustado. A estimativa do Sachs é de que esse número caia para 5,5 vezes e chegue a 3,9 vezes até o final de 2024.

“Acho que o Magalu vive um momento financeiro mais delicado, mas está consideravelmente com uma folga maior do que a Casas Bahia. Nem se fala, então, da Americanas (AMER3)”, avalia Nilo Galvani, da TM3 Capital.

Falando em concorrentes…

Apesar da Casas Bahia ser considerada uma das principais concorrentes da Magazine Luiza, Nilo lembra que outra grande empresa do setor também tem ganhado espaço. “Hoje em dia, eu diria que a Casas Bahia ainda é um player que vai incomodar muito a Magazine Luiza, mas também é importante a gente lembrar do Mercado Livre (MELI34)”.

Em um outro relatório, o Goldman Sachs apontou que o Mercado Livre está bem posicionado no mercado. Para o banco, é estimado que a companhia aumente sua participação no mercado online do Brasil de 33,7% em 2022 para mais de 40,0% em 2023.  

“O Mercado Livre está bem à frente do Magazine Luiza, com uma participação estimada de 17,7% em 2023 e da Casas Bahia, com 7,5%”, afirma o Sachs. 

Ainda vale comprar ações do Magalu?

Em um cenário de muitas incertezas para o setor, o analista da TM3 Capital recomenda cautela para as ações do setor de varejo, considerado um dos mais sensíveis da economia. 

“Como a gente ainda tem um patamar alto de Selic, por mais que esteja sendo cortado agora, os ‘lags’ da política monetária ainda vão continuar batendo na economia. A gente está vivendo uma Selic que já passou por cortes, mas em termos práticos ela não caiu. Dependendo de quantos lags da política monetária você utiliza, essa Selic ainda pode estar subindo, em termos de impacto efetivo na economia. Não tem muito como saber o fim disso”, aponta.

Nilo acredita, ainda, que caso haja uma queda de patamar na curva de juros, esses ativos devem sofrer uma apreciação mais vantajosa. “Mas aí é que está a questão. Se for para você comprar varejo, é muito mais fácil você vender juros, já que isso hoje é uma das poucas coisas que podem fazer o setor subir”.

Por fim, para o cogestor de portfólio da TM3 Capital, a economia brasileira deve desacelerar nos próximos trimestres, o que também deve ser um ponto de atenção para as varejistas, como a Magazine Luiza, por exemplo. “Somado a isso, temos o fato de que a população está com alto endividamento, baixo poder de compra e em um momento inflacionário que também dificulta muito mais. É muito mais fácil o consumidor deixar de comprar uma geladeira, um novo celular. Os primeiros cortes já vêm por parte dessas varejistas. E eu entendo que esses cortes, por parte do consumo da população, ainda vão se intensificar mais”, avalia.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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