Magazine Luiza (MGLU3): analistas aumentam pessimismo após ‘1T22 pior que o esperado’

Apesar de já ter um prejuízo de mais de R$ 100 milhões na conta da maioria dos analistas, o Magazine Luiza (MGLU3) surpreendeu negativamente e fechou o 1T22 com R$ 161,3 milhões no vermelho. A cifra foi responsável por deterioração das análises – mesmo de quem recomendava compra para os papéis. Com uma bolsa majoritariamente em alta, os papéis da varejista caem 5,39% no intradia desta terça (17), e seguem com 33,7% de retração no acumulado de 2022.

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A Genial Investimentos cortou o preço alvo de R$ 8 para R$ 6, projetando uma alta de cerca de 34% para as ações da Magazine Luiza. Segundo a casa, uma maior despesa financeira fez com que o lucro líquido da companhia ficasse 23% abaixo do estimado.

“Magazine Luiza reportou um crescimento anual de 12% nas suas vendas totais, a R$ 14,1 bi. O número vem em linha ao já esperado pelo nosso modelo, ficando 1% acima de nossa expectativa. No entanto, apesar de a cifra estar em linha do esperado, a dinâmica entre as linhas de varejo nos surpreendeu, com as lojas físicas (lojas tradicionais e virtuais) performando 2,7% acima de nossa expectativa”, diz o relatório.

A Genial destaca que esse primeiro trimestre deve mostrar uma dinâmica que provavelmente se repetirá ao longo do ano: um crescimento uniforme entre as suas linhas. Isso porque a base do e-commerce cresceu quase 150% em dois anos. O Magalu criou uma base comparativa que é mais difícil de dobrar.

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Mantendo recomendação de compra para MGLU3, a Genial lembra que a margem líquida foi pressionada por um resultado financeiro líquido mais pesado, que passou de 2,1% da receita líquida para 4,8% nesse trimestre.

“Não deu para fugir do impacto inflacionário do período e, infelizmente, não vimos um ganho de produtividade salvando a linha de despesas com vendas ainda nesse primeiro trimestre. A margem EBTIDA ajustada recuou 20 bps, atingindo 5,2% nesse 1T22”, diz o relatório da corretora.

XP cita queima de caixa da Magazine Luiza

A XP Investimentos destacou resultados mistos e “um crescimento pressionado pelo cenário macro e queima de caixa”. A recomendação da casa segue neutra, porém mira R$ 12 de preço-alvo, representando um upside de 169%.

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“O prejuízo líquido atingiu mais de R$ 99 milhões com maiores despesas financeiras frente ao aumento das taxas de juros, enquanto a companhia reportou uma queima de caixa de R$ 3,6bi, em linha com a sazonalidade do trimestre – impactada pelo pagamento de R$ 3,9bi a fornecedores, combinada ao pagamento de M&A”, dizem os analistas da XP.

Segundo a corretora, olhando para os próximos trimestres, há expectativa de:

  1. Que a margem EBITDA continue melhorando, com a rentabilidade de março já em 6,5%
  2. O cenário macro deva continuar desafiando a demanda por bens duráveis, enquanto a base de comparação de 2021 deve favorecer a aceleração do varejo físico
  3. A dinâmica de capital de giro deve melhorar, uma vez que a companhia possui um nível de estoques mais saudável
  4. Caravana Magalu, adição de produtos frescos e o início do serviço de fulfillment podem ser alavancas para o crescimento do 3P

Além disso, os analistas ressaltam nos números do resultado do Magazine Luiza um GMV Total com crescimento 13% no comparativo anual, e alta de 16% do canal digital na mesma base.

“Estimamos que a performance orgânica do 1P (sem KaBum!) teria sido de -13%, enquanto GMV do varejo físico cresceu +6% (vendas mesmas lojas de -3%, se recuperando dos -18% registrados no 4T21. Acreditamos que a desaceleração do 1P e a recuperação do canal físico são parcialmente explicadas pela base de comparação do 1T21”, diz a XP.

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“Quanto à rentabilidade, a expansão de margem bruta foi o principal destaque, beneficiadas pelo repasse de preços e crescimento das receitas de serviços, levando a um EBITDA de R$ 434mi, 15% acima do esperado, e uma margem de 5%, estável no comparativo anual e +2,4p.p T/T”, conclui.

Veja mais números da Magalu no 1T22

O Ebitda da Magalu (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 2,643 bilhões entre janeiro e março, alta de 34,4% na base anual. Já o Ebitda ajustado do Magazine Luiza foi de R$ 434,2 milhões, com alta de 1,7%. Os valores vieram em função de aumento de vendas, com destaque para o marketplace e o site KaBuM!, em conjunto com o aumento da margem bruta.

margem Ebitda foi de 3,9% no primeiro trimestre de 2022, queda de 4,5 pontos percentuais ante o 1T21, quando atingiu 8,4%. Entretanto, no aspecto ajustado, alcançou 5%, alta de 2,7 pontos percentuais.

“Vale observar que, no mês de março de 2022, a margem Ebitda já alcançou 6,1%, reflexo dos ajustes realizados com o objetivo de equilibrar vendas e rentabilidade”, aponta o balanço do 1T22 do Magazine Luiza.

O diretor Financeiro do Magazine Luiza, Roberto Bellissimo, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que, no trimestre, a diluição dessas despesas foi menor. “As despesas pesaram um pouco mais. Um pouco por causa da inflação, um pouco por causa do crescimento nas lojas físicas e categorias de duráveis que foi um pouco abaixo da inflação. Então, não diluímos no trimestre as despesas operacionais“, afirmou.

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Eduardo Vargas

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