Juros futuros sobem em dia de dólar forte e alerta global após sinal do Banco do Japão

Os juros futuros negociados na B3 operaram em alta no primeiro pregão de dezembro, mas em ritmo comedido se comparados à depreciação do real ante o dólar, que renovou máximas ao longo da tarde. Segundo agentes, a piora no mercado doméstico de renda fixa foi determinada principalmente pelo ambiente externo, mas a aversão ao risco global teve maior efeito sobre o câmbio do que sobre a curva de juros.

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Do lado doméstico, novas declarações conservadoras do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também exerceram alguma pressão sobre as taxas. Mas a avaliação é de que o mau humor vindo de fora, desencadeado pela sinalização do Banco do Japão (BoJ) de aumento dos juros este mês, foi o condutor que preponderou na sessão.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 avançou de 13,572% no ajuste de sexta-feira para 13,62%. O DI para janeiro de 2029 subiu de 12,722% no ajuste a 12,765%. O DI para janeiro de 2031 ficou em 12,99%, vindo de 12,979% no ajuste anterior.

Nesta madrugada pelo horário de Brasília, o presidente do BoJ, Kazuo Ueda, afirmou que a instituição discutirá “cuidadosamente” uma possível elevação das taxas de juros em sua próxima reunião de política monetária, em 18 e 19 de dezembro. Como o país asiático tem um dos mais baixos níveis de juros mundiais, a indicação de aperto contagiou as curvas globais de títulos, o que também respingou no Brasil.

Por volta das 18h00, a taxa da T-Note de 2 anos aumentava a 3,532%, e a da T-Note de 10 anos, a 4,090%. O retorno da T-Bond de 30 anos alcançava 4,740%. Já o dólar à vista terminou a segunda com valorização de 0,46% sobre a divisa brasileira – que teve um dos piores desempenhos entre as moedas de pares emergentes no dia -, cotado a R$ 5,53593.

Economista-chefe e fundadora da BuysideBrazil, Andrea Damico observa que, no início da tarde, a alta da moeda americana ante o real ganhou fôlego, o que acabou levando a reboque os DIs. “Tivemos performance relativa pior que os pares, pensando na moeda”, afirma Andrea, ponderando que, sob esta ótica e também considerando a ascensão dos Treasuries, os DIs não tiveram comportamento tão negativo. “O externo acabou pegando mais no câmbio”, apontou.

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Como possível pano de fundo doméstico para a deterioração dos ativos domésticos, a economista cita o atrito entre Executivo e Legislativo, com a indicação realizada pelo presidente Lula do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), e pautas a que o governo precisa dar vazão no Congresso até o final do ano.

Ainda por aqui, ao participar de evento da XP Investimentos no fim da manhã, Galípolo afirmou que diversos sinais mistos na economia têm reforçado a importância de a autoridade monetária manter uma postura “humilde e conservadora”. “Na dúvida o papel do Banco Central é ser um pouco mais conservador, e eu acho que é isso que a gente vem fazendo”, comentou.

O comandante do BC reforçou que o mercado de trabalho segue aquecido e que as expectativas inflacionárias melhoraram, mas continuam acima do nível almejado pela autoridade monetária. Sobre os próximos passos na definição do juro, o banqueiro central disse que o mercado busca uma palavra que dê um direcionamento, mas que o Comitê de Política Monetária (Copom) não vê necessidade de tal sinalização.

No campo dos indicadores, o boletim Focus teve efeito neutro sobre a curva a termo nesta segunda-feira, 01. O consenso de mercado para a alta do IPCA em 2027 e 2028 segue estacionado há quatro semanas, em 3,80% e 3,50%, respectivamente. A mediana de projeções para o indicador em 2025 caiu de 4,45% para 4,43%, e 0,01 ponto para 2026, a 4,17%. Para a Selic, o único horizonte com mudança nas estimativas foi o fim de 2028, que diminuiu de 9,75% para 9,50%, segunda redução consecutiva.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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