JBS (JBSS3) e frigoríficos devem se beneficiar da alta das commodities agrícolas, diz BB-BI

Com o impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia, as commodities agrícolas atingem suas máximas históricas na bolsa de Chicago e devem afetar as demandas do agronegócio, além das margens das companhias que usam insumos para suas produções. Ainda assim, o BB Investimentos prevê um impacto positivo para a carne bovina da JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) – contrariando as primeiras impressões.

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Para os especialistas do banco, no segmento de proteínas de frango e suína, em que o milho é o principal insumo, os preços elevados da commodity desde 2020 devem, de fato, pressionar margens, impactando negativamente a BRF (BRFS3) e o braço de aves e suínos da JBS.

Apesar disso, a carne bovina, o carro-chefe dos frigoríficos nacionais, deve ter boas perspectivas, apesar dos preços em escalada. O BB-BI vê duas razões para isso.

A primeira é que a elevação dos preços da carne de frango e suína, para repasse dos custos mais elevados, pode estimular a demanda e a manutenção dos preços elevados da proteína bovina no mercado interno brasileiro, já que são proteínas substitutas com preços mais acessíveis.

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Além disso,  o aumento dos custos de pecuária intensiva, predominante no Hemisfério Norte, pode aumentar a competitividade dos produtores da América do Sul, que utilizam majoritariamente as pastagens.

“Nesse contexto, acreditamos que a Minerva poderia se beneficiar do cenário, principalmente por ter operações na América do Sul, e JBS e Marfrig, parcialmente, pois também possuem operações na América do Sul, embora a maior parte da operação de bovinos seja na América do Norte”, diz o relatório do banco de investimento.

Nas recomendações, somente Minerva e JBS ganham rótulo de “compra”, com preços-alvo de R$ 14 e R$ 48. Com isso, as valorizações são de 26% e 31% em relação às cotações atuais, respectivamente.

BRF e Marfrig seguem neutras na visão dos analistas.

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Citando as sanções, os analistas lembram que a Rússia é um país “pouco representativo nas exportações mundiais de proteínas, e não deverá levar a fortes impactos ao comércio global no curto prazo“.

Nas cotações, a soja bate os R$ 200 por 60 kg, ante quase R$ 1.150 pela tonelada do trigo e mais de R$ 95 pelos 60 kg de milho.

No caso do trigo, companhias como a M. Dias Branco (MDIA3) e Ambev (ABEV3) devem ter pressão nas margens. Ainda assim, a recomendação para a segunda é de compra, com potencial de 27% de alta, para R$ 18,50.

“Apesar disso, o cenário é mais favorável no curto prazo para empresas com produção agrícola, que poderão ser beneficiadas pela disparada nos preços de grãos. É  o caso da SLC Agrícola (SLCE3), por exemplo”, destaca o BB Investimentos.

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Os analistas pontuam que a companhia já realizou as suas compras na safra anterior, sem impacto da escalada da cotação dos fertilizantes ocasionadas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.

A recomendação é de compra para os papéis da companhia, com potencial de alta de 9% para R$ 52,18.

Desempenho de JBS e Marfrig

No acumulado do último mês, as ações da Marfrig subiram cerca de 6%, cotadas a atuais R$ 21,53. Desde o início de 2022, contudo, a alta é de 1,2%, considerando as baixas vistas no início de fevereiro e no início deste mês de março, com o conflito se intensificando.

Vale lembrar que a companhia, assim como a JBS, tem parte de sua receita ancorada pelo dólar, que despencou e quase deixou o patamar de R$ 5 desde o início do ano. A cotação atual é de R$ 5,1, com maior volatilidade nas últimas semanas.

A JBS teve uma alta de 3,7% nos últimos 30 dias, mas fica no vermelho em 2022, com baixa de 2,2% em relação à cotação do primeiro pregão do ano – saindo de R$ 36,35 para atuais R$ 35,53.

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Eduardo Vargas

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