BNDES começa a reduzir sua participação na JBS (JBSS3) e levanta R$ 2,66 bilhões com block trade

O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) está reduzindo sua participação na JBS (JBSS3). Nesta manhã, ocorreu uma venda em bloco que movimentou R$ 2,66 bilhões.

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A operação ocasionou um block trade com as ações da JBS – operação aberta em que é negociado um número muito alto de ativos ao mesmo tempo.

O BNDES se desfez de um montante de cerca de 70 milhões de ações. O volume da venda feita pelo BNDES equivale a 2,95% de JBSS3 em circulação e a cerca de 12% da posição do banco na empresa da família Batista.

O banco tinha 581,66 milhões de papéis do grupo frigorífico, o equivalente a 24,5% do capital. Após a venda, ficou com 511 milhões. A ação saiu a R$ 38,01. No fechamento de quarta-feira, o papel estava cotado em R$ 38,19. Pouco antes do fechamento deste texto, a ação recuava 2,02%, a R$ 37,46.

O Bank of America deu garantia firme de colocação dos papéis, com desconto de 0,47% sobre o fechamento da véspera, o que significa R$ 37,42.

A B3 (B3SA3), ainda antes da abertura do pregão, publicou comunicado confirmando o chamado para o leilão ao preço de R$ 38,01 por ação.

Este foi o maior block trade do ano na B3, pouco acima do leilão de 37 milhões de ações da Rede D’Or (RDOR3) em agosto, que movimentou R$ 2,6 bilhões, com vendas pelo fundo Carlyle e pelo GIG, o fundo soberano de Cingapura.

Para o BNDES, as fontes destacam que foi o momento certo para começar a vender a fatia da JBS, pois está se desfazendo das ações com o papel na alta.

A JBS comprou boa parte do bloco, com uma pequena demanda adicional do mercado, segundo a reportagem. A próxima operação de venda deve ocorrer daqui a 90 dias.

O papel do grupo frigorífico acumula valorização de 74% em 2021, enquanto o Ibovespa cai 9,4%. Para vender nova fatia, contudo, é preciso esperar 90 dias. Dentro da estratégia de reduzir sua carteira de ações, que já levou a venda de blocos bilionários da Vale (VALE3), o BNDES zerou este ano sua participação na Klabin (KLBN11).

Genial Investimentos vê operação com bons olhos

“Mesmo após o block trade (operação de venda envolvendo um número grande de ações negociados de uma só vez), o banco ainda vai ser dono de 21,5% da companhia, porém a tendência é que o BNDES continue se desinvestindo da JBS”, diz a Genial Investimentos.

A corretora diz ver a notícia com bons olhos, “pensando no longo prazo, pois a saída do BNDES aumenta a possibilidade do frigorífico listar as suas ações na bolsa americana, o que tornará a empresa cada vez mais atraente para investidores”.

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A parceria entre JBS e BNDES é de longa data. O Grupo J&F – que inclui as empresas JBS e Eldorado Celulose, entre outras – recebeu, no período entre 2003 a 2017, desembolsos do BNDES no valor total de R$ 17,6 bilhões, equivalente a R$ 31,2 bilhões em valores de hoje.

Desse total histórico, foram R$ 9,5 bilhões em empréstimos e R$ 8,1 bilhões de investimento em ações da JBS e da Bertin, que posteriormente passou a fazer parte do grupo.

O desinvestimento do BNDES na JBS não é uma surpresa para o mercado, porque o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, já havia manifestado sua intenção de zerar a participação do banco na JBS.

Na volta do embargo, frigoríficos sobem

As ações dos frigoríficos tiveram altas expressivas nesta quarta-feira (15) após a China retomar a importação de carne bovina brasileira.

Segundo, a Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) as importações de produtos de carne bovina desossada com menos de 30 meses do Brasil serão retomadas hoje.

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No dia, as ações da Minerva (BEEF3) chegaram a liderar o Ibovespa com alta de 8%. Nos primeiros minutos do pregão, a JBS (JBSS3) avançou 4,08%, a BRF (BRFS3),  3,21% e a Marfrig (MFRG3), 2,55%.

O embargo havia se dado pois no início de setembro o Brasil suspendeu voluntariamente os embarques de carne aos chineses, por causa de dois casos atípicos do “mal da vaca louca“.

Os casos foram identificados em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG) em 4 de setembro.

JBS lidera desempenho do segmento

Sendo a ação ‘queridinha’ do setor, os papéis da JBS sobem mais de 63% no acumulado anual – patamar que mantém o frigorífico com mais rentável do setor, ainda que com pouca folga em relação à Marfrig.

O grande impulso para os frigoríficos tem sido o mercado norte-americano. No balanço da Marfrig, por exemplo, essa parte região gerou um EBITDA de US$ 856,7 milhões, alta de 166% em comparação com o ano anterior.

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A JBS destacou, em seu resultado financeiro, que a demanda por carne bovina continua crescendo nos mercados da América do Norte e que “o progresso nas vacinações de Covid-19 acelerou a reabertura e reconstrução do canal de foodservice enquanto as vendas no varejo permaneceram fortes, impactando os preços da carne”.

Mesmo com a alta acima de 60% nas ações no ano, os analistas veem um potencial grande para os papéis do frigorífico, após recordes nos resultados do terceiro trimestre de 2021 e crescimento em todas as unidades – totalizando lucro líquido de R$ 7,6 bilhões e EBITDA de R$ 13,9 bilhões.

“A margem dos frigoríficos EUA está no maior nível de todos os tempos” afirma o gestor Daniel Tavares, da ASA Asset.

No último mês os especialistas do BB Investimentos revisaram o preço-alvo de JBS em 2022 para R$ 48,00, com potencial de valorização de 26,6% e recomendação de compra ante uma cotação atual na casa de R$ 37.

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(Com Estadão Conteúdo)

Eduardo Vargas

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