Itaú (ITUB4): inadimplência preocupa e mercado olha 3T21 com cautela; ações desabam

O Itaú (ITUB4) divulgou em seu balanço na quarta (3) que o lucro recorrente gerencial foi de R$ 6,8 bilhões no acumulado do trimestre. Apesar do saldo de quase 35% no comparativo anual, o resultado financeiro faz os papéis preferenciais da companhia desabarem no Ibovespa nesta quinta (4).

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As ações do Itaú abriram entre as maiores quedas e, às 16h45, apresentavam baixa de 4,99%, puxando o índice para baixo – considerando que a empresa é relevante na carteira do Ibovespa. Fecharam com queda de 5,28%, negociadas a R$ 23,26.

Apesar da queda expressiva dos papéis – que caem quase 25% no acumulado de 2021 -, os analistas do mercado tendem a ver o resultado financeiro como positivos.

De um modo geral, as linhas principais do balanço do Itaú no 3T21 ficaram acima das projeções, como observam os analistas Vitor Pini, Artur Alves e Matheus Odaguil, da XP Investimentos.

“O Itaú registrou um resultado do 3T21 acima do esperado, com lucro líquido maior em 35% no comparativo anual e 4% no trimestral, para R$ 6,8 bilhões (8% acima de nossas estimativas), principalmente devido ao menor custo de crédito. A margem financeira ficou 3% acima da estimativa, parcialmente compensada pela receita de seguros abaixo do esperado. Em custo de crédito, o principal destaque foram as provisões abaixo do esperado, o que levou o índice de cobertura do banco a cair cerca de 50 p.p. no trimestre”, diz o relatório.

A casa frisa uma recomendação neutra com preço-alvo de R$ 28 por papel – ante R$ 23 atuais.

Apesar disso, a inadimplência vista no balanço ainda preocupa. O índice de inadimplência, medido por créditos vencidos há mais de 90 dias, ficou em 2,6%, com aumento de 0,4 ponto percentual na base anual.

“O atraso de pagamentos acima de 90 dias subiu 0.3 pp no comparativo trimestral, para 2.6%, com piora substancial nos segmentos de grandes empresas e América Latina, mas se manteve abaixo de valores pré-pandêmicos. Com isso, o banco consumiu parte substancial de seu índice de cobertura de provisões no trimestre, caindo de 283% no 2T21 para 234% no 3T21”, diz a Genial Investimentos.

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A análise da casa ressalta que a elevação das despesas administrativas, como foco no pessoal e com reajustes do dissídio de 11%, teve impacto negativo.

“Com o crescimento do número de colaboradores em 1,9% a/a e 0,5% t/t, esperamos um impacto superior no 4T21, tendo em vista que o reajuste será aplicado por todo o trimestre”, projetam os analistas para o próximo trimestre.

A Genial faz recomendação de compra, sem estabelecer preço-alvo.

Trimestre foi ‘sólido’, mas com cobertura de provisões menor

Para o Bank of America (BofA), o trimestre do Itaú foi sólido e com ROE de 19,7%, crescimento em relação aos três meses anteriores. A geração de receitas e tarifas agradou, como a recuperação do resultado de seguros.

Diferente da Genial, a casa vê despesas operacionais dentro do esperado, apesar dos aumentos salariais.

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“Por outro lado, o índice de cobertura diminuiu fortemente com maiores inadimplências corporativas (que já estavam provisionadas), e o índice CET1 caiu para 11,3% de 11,9%, refletindo ajustes prudenciais, variação cambial e aquisição de folha de pagamento gestão do estado de Minas Gerais”, dizem os analistas Flavio Yoshida e Mario Pierry.

A qualidade dos ativos foi conforme o esperado, mas a deterioração dos índices de inadimplência segue preocupando. Apesar disso, a casa mantém recomendação de compra.

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Outros dados do balanço do Itaú

No resultado, a carteira de crédito total — incluindo garantias financeiras e títulos privados — cresceu 13,6% ante o terceiro trimestre de 2020, atingindo R$ 962 bilhões. O desempenho refletiu a performance das carteiras de crédito de pessoas físicas e de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que avançaram 27,8% e 19,4%, respectivamente.

O custo do crédito, que inclui a despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD), totalizou R$ 5,2 bilhões no terceiro trimestre, com uma redução de 17,2% quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado. O recuo foi devido ao maior provisionamento feito nos primeiros meses de 2020 e das tendências positivas de qualidade de crédito.

Ainda no resultado do Itaú, o relatório do BofA observa que as receitas de serviços e seguros aumentaram 4,3%, com a expansão de negócios do banco de investimentos em ofertas públicas, expansão das receitas com cartão de crédito e débito, tanto em emissão quanto em adquirência, e maiores ganhos com taxa de performance em administração de fundos.

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Eduardo Vargas

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