IRB Brasil (IRBR3): ações caem após balanço do 4T21; analistas explicam “fraco desempenho”

O IRB Brasil (IRBR3) divulgou na noite de quinta-feira (24) seus resultados corporativos do quarto trimestre de 2021. A empresa teve um prejuízo contábil de R$ 370,9 milhões, valor que representa uma redução de 42,4% na comparação com o prejuízo reportado no mesmo período em 2020, no valor de R$ 683 milhões.

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No Ibovespa hoje (25), as ações do IRB Brasil fecharam em queda de 3,16%, cotadas a R$ 3,06. Confira a seguir o comentário das instituições financeiras sobre o resultado.

Para o BB Investimentos, o IRB Brasil registrou um resultado considerado negativo pelo banco de investimentos, mesmo com um cenário ruim já nas expectativas, e que o prejuízo líquido só não não tenha sido maior por causa do resultado financeiro positivo vindo da utilização de benefícios fiscais de impostos diferidos.

A alta da sinistralidade, conforme relatório do BB, ainda está em patamares elevados, o que consumiu todo o resultado operacional. No trimestre, a taxa foi de 123%. “O nível de sinistralidade fechou o ano pouco acima de nossas estimativas (101% ante 98% projetado), mas entendemos que irá decrescer diante da estratégia da companhia de revisar a sua carteira. Projetamos que a sinistralidade ficará em 85% neste ano, reduzindo-se para 75% em 2023”, afirma o banco.

Outro fator considerado negativo, em decorrência a alta sinistralidade, foi o resultado de subscrição da companhia, 10% abaixo das estimavas do BB Investimentos. Já o resultado financeiro, considerado um fator fundamento para a constituição de valor para o IRB Brasil, ficou 13% abaixo das expectativas.

“Entendemos que, diante de um cenário de elevação das taxas de juros, o resultado financeiro continuará em crescimento, mitigando o resultado operacional negativo que projetamos para 2022”, diz o relatório.

Do lado positivo, o banco afirma que o volume de prêmios ganhos foi resultado de uma menor retrocessão de prêmios e variação das provisões técnicas, o que colaborou para reverter o valor negativo apresentado no trimestre anterior, em conjunto com o resultado financeiro.

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O BB Investimentos reitera a classificação do IRB Brasil como neutro, com preço alvo de R$ 5,00 para o final de 2022, o que representa um potencial de valorização de 58,2%.

Genial Investimentos: IRB Brasil precisa se recompor

Já a Genial Investimentos aponta que o prejuízo veio abaixo das expectativas da gestora (e do mercado), destacando especialmente os números de sinistralidade de contratos descontinuados e de seguros rurais. Além disso, os analistas lembram que o prêmio emitido teve um fraco desempenho, basicamente sem crescimento na comparação anual.

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Os analistas Eduardo Nishio, Bruno Bandiera e Guilherme Vianna recomendam vender as ações do IRB Brasil. O preço alvo seria de R$ 2,80, com potencial negativo de 11,39%. Eles justificam a classificação da seguinte forma:

  • Incerteza em relação ao ROE (retorno sobre patrimônio) de longo prazo;
  • Continuidade de impactos de contratos descontinuados ao longo de 2022 e 2023 (efeito cauda);
  • Consumo de capital com prejuízos incessantes e necessidade de novos aportes;
  • Pressão na sinistralidade do resseguro rural em função da alta quantidade de avisos de sinistros no final de 2021 e provavelmente se estendendo para 2022.

Outro ponto levantado pelos analistas é que, com prejuízos constantes, o IRB Brasil fica cada vez mais próximo de precisar levantar capital para recompor a suficiência. Assim, com a necessidade de reforçar a estrutura de capital, além de precisar elevar o indicador regulatório, algumas medidas vêm sido utilizadas pela administração da companhia, como:

  • Realizar operações estruturadas redutoras de provisões ou transferência de carteiras;
  • Vendas de participações imobiliárias;
  • Redução de capital ocioso em subsidiárias;
  • Emissão de dívida subordinada, e;
  • Subscrição de ações.

Por outro lado, a Genial Investimentos analisa que é possível ver um avanço nos resultados ao longo de 2022, com a melhora de sinistralidade e resultado financeiro mais favorável. “A sinistralidade deve arrefecer com o término de vigência de parte dos contratos descontinuados, melhora da sinistralidade do seguro rural no consolidado anual e das carteiras de vida com menos óbitos decorrentes da pandemia”, afirmam os analistas.

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Sinistralidade e queima de dinheiro explicam situação ruim para o IRB

Mesmo com os dados da SUSEP, que já indicavam uma perda líquida do IRB Brasil, o BTG Pactual (BPAC11) afirma que os resultados divulgados ontem pela companhia mostraram prejuízo muito maior do que o esperado.

Novamente, a sinistralidade continua muito alta, com a empresa lutando por causa de antigas apólices emitidas durante a administração anterior. O BTG lembra que a companhia foi acusada de fraudes e outras irregularidades.

“Diferente dos trimestres anteriores, o IRB também queimou muito dinheiro desta vez. A combinação desses eventos também significa deterioração dos índices de liquidez e solvência. Pelo que entendemos, a situação parece ruim”, diz o relatório.

Por tudo isso, o BTG Pactual tem uma classificação neutra para as ações do IRB Brasil, com preço alvo de R$ 3,60.

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Victória Anhesini

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