IPCA acelera 0,87% em agosto, puxado por combustíveis; em 12 meses já soma 9,68%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou sua alta em agosto, mas veio acima do esperado. De acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira, 09, a variação em agosto alcançou 0,87% ante 0,96% em julho.

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Trata-se do maior resultado para o mês desde 2000, quando o indicador subiu 1,31%. Em agosto de 2020, o IPCA registrou alta de 0,24%. Com isso, a inflação oficial do país acumula alta de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses.

Os valores vieram acima do esperado pelos especialistas. De acordo com o consenso Refinitiv, a alta do IPCA seria de 0,71% na comparação com julho e de 9,50% em relação a agosto de 2020.

Em relatório, o IBGE destaca que a maior pressão da inflação veio do setor de Transportes, que acelerou de 1,46% em agosto e teve um impacto de 0,31 p.p. no indicador de inflação.

“A gasolina subiu 2,80% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,17 p.p.). Os demais combustíveis também subiram: etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%)”, informa o relatório.

O que pesou no IPCA de agosto

Além de Transportes, outros sete grupos de produtos e serviços pesquisados para o IPCA tiveram aumento de preços em agosto, os principais são:

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  • Alimentação e Bebidas, cujos preços subiram 1,39% em agosto ante alta de 0,60% em julho;
  • Habitação, que desacelerou para 0,68% de aumento nos preços, após subir 3,10 % em julho, mas representa um impacto de 0,11 p.p.;
  • Despesas Pessoais, que saiu de uma alta de 0,45% em julho para 0,64% no mês passado e impactou 0,06 p.p..

Saúde e Cuidados Pessoais continuou registrando queda na variação de preços no mês passado. Diminuiu 0,04% frente a queda de 0,65% em julho.

Em Alimentação e Bebidas, o que mais pesou no indicador de inflação foi o aumento da alimentação em domicílio, que passou de 0,78% em julho para 1,63% em agosto. Os alimentos que se destacaram e puxaram o IPCA para cima foram:

  • batata-inglesa (19,91%),
  • café moído (7,51%),
  • frango em pedaços (4,47%),
  • frutas (3,90%), e
  • carnes (0,63%).

No lado das quedas, destacam-se a cebola (-3,71%) e o arroz (-2,09%).

O que pensam os especialistas?

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o IPCA de agosto surpreendeu muito ao avançar 0,87%, frente a mediana de 0,71%.

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O economista destaca que o aumento da gasolina e de outros itens no grupo Transportes (veículos novos e conserto de automóveis) foram inesperados. O restante da surpresa veio dentro do grupo alimentação no domicílio.

“Apesar de a surpresa ter sido em itens pouco sensíveis às políticas monetárias e afins, impulsionados por problemas climáticos e/ou geopolíticos, a dinâmica inflacionária não permite que surpresas sejam sistematicamente altista, em função do alto patamar”, diz Sanchez.

E ressalta que a dinâmica dos núcleos também é ascendente e o acumulado do IPCA em 12 meses já supera de longe os 6%. “Assim, muito provavelmente nós da Ativa incorporaremos a surpresa à nossa projeção de final de ano, que deverá ser corrigida para cima de 7,7%”, conclui o economista.

Nesta semana, o relatório Focus do Banco Central indicou um IPCA de 7,58% ao final de 2021. Comparado ao acumulado de 12 meses divulgado pelo IBGE hoje, a distância é de 2,10 pontos percentuais.

Na ata de sua última reunião, o Copom avaliou que a inflação ao consumidor medida pelo IPCA se mostra “persistente”. Com isso, indicaram uma nova alta de 1 p.p. no juro básico da economia em sua próxima reunião, marcada para 21 e 22 de setembro.

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Monique Lima

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