Investir em músicas de Beyoncé, Taylor Swift e U2 é a mais nova opção de ativos do mercado que podem pagar dividendos

Ganhar dinheiro com algumas de suas músicas favoritas: esta é a proposta da startup norte-americana JKBX (se pronuncia “jukebox”, como as antigas caixas de música). Em forma de títulos lastreados nos fluxos de royalties de músicas desde Taylor Swift a U2, por exemplo, a pessoa física comum agora poderá explorar este novo mercado e investir em músicas.

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Na semana passada, a Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM dos Estados Unidos) aprovou a primeira oferta desta nova modalidade oferecida pela JKBX.

Segundo a reportagem do Wall Street Journal, o objetivo da empresa é “trazer os investimentos em música para as massas”.

Como investir em músicas?

A JKBX permite que investidores individuais, pelo seu site, comprem fatias da receita gerada por dezenas de músicas – efetivamente, títulos lastreados com base nas reproduções.

Entre as músicas e artistas para investir disponíveis na JKBX estão:

  • “Halo”, Beyoncé;
  • “Rumour Has It”, Adele;
  • “Welcome to New York”, Taylor Swift;
  • U2;
  • Stevie Wonder;
  • Major Lazer.

A oferta inicial contou com muitas músicas do produtor Ryan Tedder, que vendeu seus royalties, ao passo que os artistas não venderam a sua parte.

“Welcome to New York” é a única música de Taylor Swift listada entre os ativos, que foi escrita pela cantora junto com Tedder.

A transformação dos direitos autorais de músicas em produtos financeiros é um processo que Wall Street já vem tentando fazer há décadas, desde os Bowie Bonds, do próprio David Bowie, em 1997.

Além disso, investidores institucionais de renome já aplicaram em royalties musicas. É o caso do Apollo Global Management e KKR. Por outro lado, esses ativos sempre foram restritos à uma classe mais seleta de investidores.

Agora, a proposta da JKBX é fazer esses investimentos chegaram ao cidadão comum. A empresa nasceu em 2022 e desde então ambiciona em transformar royalties em uma nova classe de ativos.

Segundo o CEO Scott Cohen, ao jornal Wall Street Journal, as expectativas são de que “a JKBX atraia investidores que buscam diversificar suas carteiras, assim como fãs de música que gostam da ideia de comprar uma parte de suas músicas favoritas.”

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Quanto custa o royalty de uma música?

Atualmente, os direitos de gravação da canção “Halo” de Beyoncé estão disponíveis na JKBX por US$ 6,78 cada.

Quando compra este ativo, o investidor passa a ter direito a uma distribuição trimestral das taxas pagas ao detentor dos royalties. Essas taxas podem vir da receita de serviços de streaming como Spotify, vendas de álbuns, royalties de rádio por satélite ou taxas de uso em filmes e programas de TV.

Assim como os dividendos tradicionais, o tamanho desse pagamento pode variar de trimestre para trimestre a depender da arrecadação que a música obteve.

Recentemente, os royalties das ações de “Halo” têm rendido um retorno anual de cerca de 3%, de acordo com dados da JKBX. Um valor comum entre as listagens iniciais da JKBX, mas que não são muito atraentes para o investidor norte-americano que encontra fundos do mercado monetário oferecendo retornos de cerca de 5%.

Entretanto, existe ainda uma desvantagem nas negociações: a JKBX ainda não permite a venda dos ativos.

Segundo a empresa, ela planeja permitir tanto a compra quanto a venda ainda este ano, depois de superar obstáculos regulatórios adicionais.

Fontes próximas ao assunto também comentaram para o WSJ que a JKBX também que já teve conversas com corretoras sobre oferecer suas ações de royalties em suas plataformas online, para que o trading aconteça em paralelo ao de ações e opções.

Dividendos disparam com hits musicais

O contraponto de Cohen é que os “dividendos” pagos pela receita das músicas pode disparar de forma inesperada, quando ela é escolhida para a trilha sonora de uma série ou filme, ou quando viraliza em vídeos no TikTok e Reels do Instagram.

Na indústria do entretenimento, canções recentes como “”Running Up That Hill (A Deal With God)” de Kate Bush disparou nos trens após ser usada na série de sucesso da Netflix “Stranger Things” e “Unwritten”, de Natasha Bedingfield, no filme que está em cartaz “Anyone But You”.

Ainda não é certo que a JKBX irá suceder em seus negócios, mas a novidade ainda deve gerar burburinhos no mercado.

À frente da startup atualmente estão nomes de peso e experiência no mundo do show biz. Ela foi fundada por Sam Hendel, sócio da Dundee Partners (family office que investe em música, filmes e shows da Broadway). Atualmente, a JKBX é dirigida pelo CEO Scott Cohen, co-fundador da The Orcahrd (empresa de distribuição de música digital inicial que agora faz parte da Sony) e já trabalhou como executivo da Warner Music Group.

“Sempre que uma música é tocada, alguém está recebendo dinheiro”, disse Cohen ao WSJ. “Então, nossa ideia foi: por que não pode ser você, o investidor comum?”

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Camila Paim

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