Investidor estrangeiro reduz posição ‘vendida’ em taxa de juros do Brasil

O investidor estrangeiro reduziu, no pregão da segunda-feira (17), suas posições no mercado de juros, em termos líquidos.

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Segundo os dados da B3 (B3SA3), a bolsa de valores brasileira, o estoque de contratos em aberto vendidos em taxas/comprados em PU que estavam apostando na queda da taxa de juros pelo investidor estrangeiro caiu de 2.248.202 para 2.225.059, uma diferença de 23.143 contratos.

Já os investidores locais aumentaram a posição líquida vendida em taxa, passando de 4.205.682 para 4.222.137 contratos em aberto, com mais 16.455 contratos.

Por sua vez, os bancos diminuíram posição líquida comprada em taxa, com o estoque passando de 6.380.486 para 6.371.821 contratos em aberto, uma baixa de 8.665 contratos.

Vale lembrar que no pregão anterior, da sexta (14), os investidores estrangeiros elevaram suas posições aplicadas no mercado de juros em 39,5 mil contratos.

Investidor estrangeiro marca retorno à bolsa com R$ 11 bilhões

Após uma fuga de capital estrangeiro em abril e maio, quando R$ 13,8 bilhões deixaram a Bolsa brasileira, e um cenário morno em junho e julho, quando R$ 2,3 bilhões ingressaram, os primeiros dias de agosto registraram uma mudança. Em 15 dias, o investidor estrangeiro injetou R$ 11 bilhões na B3, ajudando o mercado acionário a se recuperar – no mês, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu 10%.

A mudança de expectativa do investidor estrangeiro relação à desaceleração da economia global – que poderá ser mais suave do que o estimado inicialmente – e a deterioração do cenário político e econômico de outros países emergentes têm favorecido o ingresso de capital internacional no Brasil.

Segundo o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, nos últimos 20 dias cresceu a aposta entre economistas e analistas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não precisará aumentar a taxa de juros de forma tão agressiva para segurar a inflação.

Assim, o risco de uma recessão nos EUA diminui, e os investidores ficam mais propensos a tomar risco e investir em emergentes como o Brasil.

“Há uma visão de que talvez o Fed não precise continuar elevando o juro no ano que vem e de que a taxa possa ficar em 3,5%”, diz Campos Neto. Ele lembra também que os ativos brasileiros estavam baratos, o que atrai o investidor estrangeiro.

Entre os motivos, a estrategista de ações da XP, Jennie Li, inclui o resultado das empresas no segundo trimestre, tanto no Brasil quanto no exterior.

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Das empresas do S&P 500, cerca de 70% tiveram um lucro acima do esperado pelo mercado. Dados parciais do Brasil também indicam que 70% das companhias devem apresentar resultados operacionais melhores do que os projetados pelos analistas da XP.

Para o gestor de renda variável da ACE Capital, Tiago Cunha, a situação política e econômica de países que competem com o Brasil por investimentos favorece a Bolsa brasileira.

“Talvez estejamos em uma situação um pouco melhor do que emergentes como Rússia, Chile e Colômbia, por exemplo.” No Chile, a nova Constituição pode onerar o investimento estrangeiro. Na Colômbia, ainda é incerto o rumo econômico sob o comando do novo presidente, Gustavo Petro; e a Rússia está no meio de uma guerra.

Os analistas ressalvam que não é possível prever se essa tendência permanecerá. Campos Neto, da Tendências, alerta que o investidor estrangeiro pode estar apenas aproveitando uma oportunidade e acabar vendendo seus ativos rapidamente “Até porque o Brasil terá uma eleição conturbada”, observa. “Então, não sabemos se eles estão fazendo uma aposta mais de curto prazo ou se é algo mais concreto por considerarem que, independentemente de quem ganhar a eleição, o País não costuma deixar as coisas saírem completamente de controle.”

Com Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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