Inflação de serviços é acompanhada ‘bem de perto’ pelo BC, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (22) que a instituição segue acompanhando “bem de perto” a inflação do setor de serviços e disse que o Brasil saiu à frente de outros países nas medidas de controle da inflação.

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Durante evento promovido pelo banco BTG Pactual (BPAC11), Campos Neto disse que a pandemia da Covid-19 promoveu uma mudança do comportamento de consumo no Brasil, em especial aumentando a demanda de bens, em detrimento de serviços – que sofreram com as medidas restritivas contra o novo coronavírus.

Por isso, houve um aumento de preços mais acelerado nesse setor, incentivada pela alta repentina da demanda.

“Está na nossa conta que a inflação de serviços suba e a inflação industrial caia”, disse. Entretanto, Campos Neto afirmou que o que aconteceu no último ano é que a inflação de serviços subiu mais que o esperado, e a industrial não caiu tanto, entre outros motivos, por conta dos custos de energia.

Para o mercado financeiro, as declarações de Campos Neto podem apontar um cenário de inflação mais resiliente que o esperado. Ainda assim, o presidente do Banco Central disse que as perspectivas econômicas mais pessimistas não devem se concretizar, e, aqueles que apostam em crescimento zero em 2023, irão rever suas projeções para cima.

Para ele, a confiança no País vai começar a melhorar e a inflação deve acelerar a queda a partir de abril ou maio, corrigindo fala da semana passada.

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Além da alta global dos preços dos combustíveis fósseis e da crise hídrica pela qual o País passou, Campos Neto avalia que hoje há um prêmio a se pagar pelos investimentos em fontes de energia sustentáveis, que dependem de processos de extração “não tão verde” de metais raros, como níquel e cobre.

Outro ponto destacado por Campos Neto é que, excetuando o impacto da alta do custo de energia, a inflação brasileira em 2021 ficaria na média dos países em desenvolvimento, segundo projeções do Banco Central.

Para a autoridade monetária, o choque de custos “nunca antes vistos” colocou o Brasil acima da média dos pares.

Cenário da inflação à frente

Segundo destacou Campos Neto, o principal desafio para a política monetária nos próximos meses será entender como será conduzido, ao redor do globo, o processo de combate ao fenômeno mundial de aumento de preços.

O presidente do Banco Central brasileiro destacou que, até o momento, apenas Brasil e Rússia colocaram o juro acima da taxa neutra – aquela que, fora as expectativas de inflação, não induziria aceleração ou desaceleração da atividade econômica – ou seja, em campo restritivo que de fato impacte as expectativas de aumento dos preços.

Sobre o aperto monetário promovido na principal economia do mundo, a dos Estados Unidos, Campos Neto disse que hoje há um entendimento de que o processo desinflacionário será mais longo e que os Estados Unidos irão conviver com uma taxa de inflação mais alta durante um tempo maior que o esperado.

Para o presidente do Banco Central brasileiro, o aperto monetário nas principais economias do mundo, não necessariamente será prejudicial para os países emergentes a despeito do que pregam certas correntes de economistas.

“A gente vê, na verdade, um movimento de rotação: de ativos mais alancados e de maior risco para ativos menos alavancados”, disse. “Isso não necessariamente é ruim para mercados emergentes”, completou.

Segundo afirmou, os mercados têm se comportado bem e a expectativa de piora do cenário macroeconômico brasileiro não está se provando verdade.

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Repercussão

Vinicius Romano, analista de Renda Fixa da Suno Research, avalia que as declarações não trazem grandes novidades em relação à ata do Copom, há duas semanas, que detalhou aspectos da inflação no Brasil.

Entre os pontos de atenção, o especialista destaca as declarações sobre a frustração com a retomada do setor de serviços, que podem estar sob o impacto da alta acentuada de juros, bem como sobre o ritmo da política monetária mundial.

“O Banco Central brasileiro acaba dependendo um pouco do Fed”, afirmou. “Acho que ele respondeu bem. Se o Federal Reserve acaba subindo muito rápido as taxas, o mercado pode interpretar como um ato não planejado, ou de desespero, e isso traria consequências ruins para os mercados, principalmente os emergentes”, explica Romano sobre o cenário de inflação.

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Pedro Caramuru

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