Infinity diversifica investimentos para surfar ‘novo’ Brasil

O novo Brasil, de juros baixos e investidores afeitos ao risco, parece estar trazendo novos rumos também às gestoras de investimentos, que buscam formas de continuar a entregar resultados positivos em meio a tantas novas variantes .

É o caso da Infinity que, antes focada em fundos de renda fixa, busca agora um processo de diversificação e internacionalização dos investimentos para continuar a entregar resultados positivos aos clientes.

“Cenários muito claros são muito difíceis de ter e prever. Os mercados se ajustam. Se todo mundo acha que a Bolsa vai subir, possivelmente, ela já subiu”, afirma o gestor da Infinity, que possui cerca de R$ 580 milhões sob gestão.

“O que sobra disso tudo é o fato de você não estar concentrado em um só lugar, um só risco. Se diversas estratégias são vencedoras no longo prazo e elas não são correlacionadas, o que você tem no final das contas é o resultado positivo e você não tem, necessariamente, as perdas que são naturais, mas acontecendo no mesmo momento”, conclui.

Confira a entrevista de André Pimentel, diretor de investimentos da Infinity Asset ao SUNO Notícias:

André Pimentel, diretor de investimentos da Infinity Asset
André Pimentel, diretor de investimentos da Infinity Asset

-Como você chegou até a Infinity?
Eu comecei na Caixa, na parte de asset, fiquei quase dez anos. Depois rodei um pouco e posteriormente fiquei cinco anos sendo diretor da Mirae Asset, onde conseguimos realizar um bom trabalho lançando o primeiro ETF de renda fixa do Brasil, e em meados do ano passado o CEO da Infinity Asset acabou me chamando para conversar e chegamos a um acordo.

Desde então, eu já trouxe cinco pessoas para cá na área de investimento, sendo que a maior parte deles já trabalhou comigo, portanto o processo de adaptação é bem mais simples. São pessoas que já conhecemos a capacidade, com uma boa sinergia, que devem obter resultados bem favoráveis.

-Qual é a filosofia de investimentos da Infinity?
A Infinity sempre foi muito focada na parte de arbitragem de juros. A casa sempre trouxe resultados fantásticos em vinte anos, mas com capacidade limitada de crescimento pois essa estratégia dá resultados absurdamente positivos, que inclusive eu sempre gostei, mas não como exclusiva pois é limitado. A casa sempre teve um histórico de volatilidade baixa e eu vim para cá com a missão de diversificar ao máximo as estratégias dos fundos e apresentando resultados.

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Eu sempre operei renda fixa no sentido mais amplo, não só comprar e vender juros, mas trouxe pessoas capazes de gerar inúmeras estratégias agora. Contratamos dois profissionais para a parte de moedas e internacional, então iremos operar moedas além do real, contratamos também outros para renda variável direcional, stock picking, long e short, então diversas estratégias em diversos mercados.

A operação ocorre em vários mercado, de forma complementar, e trazer um retorno correlacionado. Essa diversificação entre os mercados, operando simultaneamente, é de que a ideia estejamos cada vez menos exposto ao Brasil, pois conforme vamos aumentando a posição lá fora, fugimos um pouco do risco daqui.

-Essa diversificação para fugir do risco local busca mais retornos ou fugir do risco mesmo?
Cenários muito claros são muito difíceis de ter e prever. Os mercados se ajustam. Se todo mundo acha que a Bolsa vai subir, possivelmente, ela já subiu. O que sobra disso tudo é o fato de você não estar concentrado em um só lugar, um só risco. Se diversas estratégias são vencedoras no longo prazo e elas não são correlacionadas, o que você tem no final das contas é o resultado positivo e você não tem, necessariamente, as perdas que são naturais, mas acontecendo no mesmo momento.

Por isso, você tira a correlação dos ativos e enquanto um está indo bem, outro pode passar por momentos mais difíceis, e no médio e longo prazo todos eles apresentam um resultado positivo.

-Apesar da diversificação que a Infinity está iniciando, a asset ainda é muito forte em renda fixa. Como atrair investidores com uma Selic tão baixa?
A Selic, obviamente, passou por um período de queda, vindo de um patamar muito alto. Mas não operamos só Selic. O mercado de juros futuro, que é o que deriva da Selic, ele se movimenta o tempo todo, então oportunidades surgem. De qualquer forma, a realidade sim é mais baixa, não tem como fugir disso, mas isso é algo que o investidor brasileiro vai ter que se acostumar.

Boa parte são fundos multimercados também e eles têm uma meta acima da Selic pois acreditamos que isso é factível independente do nível da Selic. No nominal, você mira patamares mais baixos, mas essa é a nova realidade do Brasil.

-Dentro dos fundos multimercados, há uma estratégia principal?
Até minha chegada, a principal estratégia era a arbitragem de renda fixa. Mas, desde então, a diversificação é o nome do jogo. Temos ganhos com renda fixa, mas na parte direcional, de volatilidade. Fomos muito bem no S&P, então não estamos concentrados somente no Brasil e estamos diversificando também em mercados offshore.

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-Vocês estão nas principais plataformas?
Como houve essa necessidade de expansão da empresa, a rentabilidade estava no máximo. Essa parte da plataforma, que atrai as assets independentes, sequer havia sido explorada ainda pois nossos fundos estavam fechados. Então agora que estamos partindo para algumas plataformas e devemos estar em breve nas principais.

-Como você está vendo esse novo período de investimentos do brasileiro?
Eu acho que o que está acontecendo é fantástico. É uma mudança do modo de pensar e investir incrível. Era muito cômodo ter 1% ao mês sem correr risco, mas era extremamente prejudicial para o País. Estamos navegando por lugares nunca antes visto nos mais diversos mercados.

As pessoas estão pouco assustadas com câmbio. Mas é uma aversão a risco. Hoje a relação risco x Brasil com o dólar não está mais atrelado e de quatro anos para cá eles foram em direção oposta.

Os fundos de crédito, por exemplo, cresceram de forma gigantesca basicamente financiando empresas que só conseguiam recursos lá fora, coisa que não era simples antigamente.

O fato é que, em algum momento, os investidores vão começar a olhar para fora também. Então toda a ideia de que o Brasil estava atrativo por causa das taxas de juro, ela sai do radar, e ele passa a ser atrativa pela mudança estrutural do País e eventualmente os investidores passam a olhar para o mundo como alternativa de investimento.

Você sai de um País que sempre recebeu recursos externos para um País que passa a olhar para o mundo como investidor.

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-Você acha que o investidor já está acostumado a tomar risco?
A maioria não. Mas o processo de educação financeira aparentemente é algo bem rápido. O tempo todos vemos na mídia as pessoas explicando, os assessores de investimento na mesma direção. Se por um lado, os investidores não entendem muito bem o risco que estão correndo, por outro lado, há muito mais pessoas dispostas a explicar isso ao público geral.

Vinicius Pereira

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