Indústria brasileira pode ser afetada por congelamento de preços na Argentina

A decisão de Mauricio Macri em congelar os preços na Argentina pode trazer consequências para a produção da indústria brasileira.  O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, diminuiu a estimativa de crescimento da produção industrial no País.

Com o pacote anunciado na quinta (17) por Macri para conter a crise, a Argentina deve diminuir as exportações, o que pode afetar diretamente a produção da indústria brasileira.

Em março, o Ibre divulgou que o crescimento da produção industrial no Brasil foi de 1,9%. O novo cálculo será publicado na semana que vem e deve ser menor que o registro do mês anterior.

Em 2019, a Argentinaexportou 48% menos do que no mesmo período do ano anterior. O recuo nas exportações para o país vizinho começou por volta de maio de 2018, como reflexo da crise. Dessa forma, de maio até o fim do último ano, o Brasil exportou 30% a menos para a Argentina.

O último avanço na saída de produtos para os vizinhos latino-americanos foi registrado no começo de 2018. De janeiro a abril, o saldo foi de 8%.

Saiba Mais: Inflação na Argentina: Macri tenta amenizar com congelamento de preços

Macri congela preços

A medida escolhida pelo presidente argentino para buscar o controle da crise no país foi o congelamento dos preços. Dessa forma, a decisão foi anunciado por Macri na quarta-feira (17).

O líder argentino optou por congelar os preços após a alta de 4,7% da inflação no mês de março.

Confira o crescimento da inflação em 12 meses, segundo o Instituto Nacional de Estadística y Censos (INDEC):

  • 12 meses até março: 47,6%
  • 12 meses de 2018: 54,8%

Produtos com preços congelados

“As medidas principais que estamos lançando são fruto de um acordo com empresas líderes para manter, por ao menos seis meses, os preços de 60 produtos essenciais e o não aumento de tarifas de serviços públicos para este ano”, informou a gestão do presidente Maurício Macri, por meio de um comunicado.

Segundo a “AFP”, dentre os produtos que terão os preços congelados por seis meses estão:

  • óleos; arroz;
  • farinha; macarrão;
  • leite;
  • iogurte;
  • e açúcar.

Quanto às tarifas de serviços públicos, o governo concordou que não haverá novos aumentos em 2019, e que pode assumir até a diferença com algumas altas já autorizadas às empresas.

Dentre os serviços estão:

  • energia elétrica;
  • gás;
  • transporte público;
  • e telefonia celular.

As taxas cobradas pelas empresas receberam importantes subsídios por anos. Contudo, em um passado mais recente tiveram alta significativa.

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Crise

No ano passado, o governo de Macri solicitou ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI). Com o órgão, a Argentina obteve linha de crédito de US% 56 bilhões. O Ibre projeta uma recessão de 2,2% para o país em 2019.

Com a decisão, o peso argentino avançava na quarta-feira (17). Às 14h, a alta era 1,19%, vendido a R$ 0,0935.

Até alguns meses atrás, Macri tinha a reeleição garantida, segundo analistas. Contudo, sua imagem sofreu o impacto da crise que ocorreu durante a gestão.

Nas pesquisas mais recentes, quem lidera a intenção do voto popular é a a ex-presidenta de centro-esquerda, Cristina Kirchner. Macri disse que buscará se reeleger nas eleições de outubro, apesar da crise de seu governo e o alto índice de inflação na Argentina.

Saiba Mais: Argentina: PIB tem queda de 6,2% no quarto trimestre de 2018

Exemplo a não ser seguido

Economistas alertam para a necessidade de um ajuste fiscal no Brasil. A observação é feita desde o fim do governo de Dilma Rousseff (PT).

Dessa forma, os especialistas analisam que a crise na Argentina deve servir de exemplo para o Brasil. A defesa é para que além do impacto sofrido na indústria brasileira, o País use a situação dos vizinhos como referência e opte pelo ajuste fiscal.

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Beatriz Oliveira

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