Grana na conta

Ibovespa cai depois de 8 pregões de altas; Banco do Brasil (BBAS3) puxa perdas e Petrobras (PETR4) sobe forte

Após oito dias seguidos de alta, o Ibovespa encerrou o pregão desta terça (16) em queda de 0,77%, aos 108.193,68 pontos. O volume financeiro registrado na Bolsa brasileira nas últimas horas foi de R$ 27,8 bilhões. O dia foi marcado por um pesadelo nas ações do Magazine Luiza (MGLU3), que tombaram quase 25% após os números do último balanço trimestral. Na outra ponta, os papéis da Petrobras (PETR4) seguiram em alta.

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Segundo Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, o principal índice da Bolsa brasileira encerrou esta terça no “zero a zero”. Ao longo do dia, o Ibovespa chegou a tocar nos 110 mil pontos. Para o especialista, o texto atualizado do novo arcabouço fiscal foi bem recebido pelos agentes econômicos.

“Depois da divulgação do texto atualizado, o relator deu uma uma entrevista citando mais detalhes sobre o arcabouço e disse que espera que o texto seja votado no máximo até a próxima semana. Haddad também disse estar confiante com a aprovação do arcabouço. E, com isso, o mercado já ficou mais tranquilo, mais animado”, afirma Cohen, que pondera:

Não acho que a apresentação do arcabouço será suficiente para fazer com que os juros caiam no Brasil. O texto ainda não é decisivo para que essa queda ocorra nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária). Além disso, recentemente tivemos a divulgação de dados do IPCA acima do esperado, o que corrobora para os juros se manterem lá em cima.

No cenário internacional, os principais indicadores das Bolsas dos Estados Unidos encerraram o dia em baixa:

  • Dow Jones: queda de 1,01%, aos 33.012,34 pontos;
  • S&P 500: recuo de 0,64%, aos 4.109,90 pontos;
  • Nasdaq: queda de 0,18%, aos 12.343,05 pontos;

Aqui no Brasil, o dólar subiu 1,12% e encerrou o dia com a cotação de R$ 4,9428.

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Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje

O destaque negativo do dia ficou com o Magazine Luiza. A varejista apresentou um prejuízo líquido ajustado de R$ 309,4 milhões no 1T23, sendo que as previsões eram de que o tombo fosse menor do que R$ 200 milhões. Com essa movimentação, as ações encerraram o dia em queda de 22,83%.

Enquanto isso, os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras surpreenderam e cresceram acima dos 2% hoje, após a empresa divulgar uma mudança na sua política de preços. “Apesar de não ser uma notícia positiva para a companhia, Jean Paul Prates [presidente da petroleira] deu uma coletiva de imprensa mais cedo que acalmou os ânimos do mercado dizendo que o governo não irá fazer nenhum tipo de intervenção em relação a política de preços da empresa”, destacou Cohen.

“Há espaço no preço do petróleo que favorece esse corte de preços dos combustíveis no Brasil, em conjunto com a apreciação do real, da taxa de câmbio, nessas últimas semanas. Mas a nova regra para os preços da Petrobras precisa ser melhor compreendida, especialmente em contexto de eventual forte depreciação do câmbio ou de repique nos preços do petróleo no mercado internacional”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, referindo-se à possibilidade, em conjunturas externas menos propícias, de “internalização de prejuízos”, prejudicando a saúde financeira da Petrobras.

O Banco do Brasil (BBAS3) puxou perdas no Ibovespa: mesmo após um balanço elogiado por especialistas, os papéis tombaram 2,88%, a R$ 43,16, num movimento que os analistas classificaram como “realização de lucros” depois de a companhia divulgar um balanço com forte crescimento. Outros especialistas observaram que a baixa pode ter também relação com as notícias sobre a política de preços anunciada hoje pela Petrobras – considerado por muitos dos estrategistas como arriscada possibilidade de intervenção do governo.

Assim, mais cedo, mesmo sem grande fôlego para ampliar uma sequência vitoriosa ainda menos frequente do que a de oito ganhos – desde agosto de 2003, há quase 20 anos, foram apenas sete vezes em que o Ibovespa, sem deixar cair, conseguiu empilhar ao menos nove ganhos diários, de acordo com o AE Dados -, o índice da B3 conseguia se desconectar de mais um dia de cautela em Nova York. Por lá, ainda prevalecem as incertezas em torno da elevação do teto da dívida federal americana, com efeito para a curva de juros dos Estados Unidos. Um eventual ‘default’, embora improvável, afeta diretamente a perspectiva do mercado para a taxa de juros de referência do Federal Reserve no fechamento do ano.

Aqui, além das questões relacionadas aos preços praticados pela Petrobras – que hoje anunciou cortes dos valores cobrados das distribuidoras para a gasolina, o diesel e o gás de cozinha, a partir de amanhã -, os investidores acompanham também os mais recentes sinais sobre o arcabouço fiscal, e de forma mista: por um lado, alguns mecanismos que sugerem um pouco mais de controle e responsabilidade sobre as contas públicas, e, de outro, a possibilidade de que os gastos venham a crescer no curto prazo, avaliam analistas.

Veja as maiores altas e baixas do Ibovespa hoje:

Ibovespa hoje: Veja a cotação desta terça (16)

O pregão do Ibovespa desta terça (16) terminou em queda de 0,77%, aos 108.193,68 pontos.

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Erick Matheus Nery

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