Ibovespa fecha no negativo pela 9ª vez seguida, na maior série de baixas desde 1998; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) caem, e bancos sobem

Após oscilar entre perdas e ganhos nesta sexta-feira (11), o Ibovespa fechou a sessão em baixa pela nona vez no mês, a 0,24%, aos 118.065,14 pontos, com a mínima diária de 117.415,21 pontos e a máxima de 119.053,92 pontos. O volume financeiro do dia foi de R$ 25,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula queda de 1,21%. Foi a maior sequência de baixas desde agosto de 1998.

Trata-se de uma sequência não vista do Ibovespa, conforme o AE Dados, desde o intervalo entre 31 de julho e 12 de agosto de 1998 quando se ingressava na crise financeira da Rússia – uma turbulência global que levaria o BC brasileiro no mês seguinte, setembro, a colocar a taxa de referência bem perto de 50% ao ano, em forte choque de juros anunciado tarde da noite, depois das 22h, para tentar sustar a saída de dólares do País.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/12/4-MAGNET-DESK-1420X240.png

Há 25 anos, o Ibovespa saía dos 10.939 pontos, no fechamento anterior (30 de julho) à série negativa, para os 8.417 pontos no fim da sequência, em 12 de agosto de 1998, com perda diária na faixa de 0,31%, no dia 5, a 5,31%, em 4 de agosto.

Mesmo igualada a série em extensão, o ajuste do Ibovespa é bem mais discreto agora, com Selic a 13,25% e mundo menos convulsionado, apesar das preocupações quanto ao ritmo de esfriamento da atividade chinesa e o nível da política monetária nas maiores economias. Assim, o índice da B3 teve queda de 3,18% nessas primeiras nove sessões de agosto, e de 1,21% na semana – a terceira retração semanal consecutiva -, restringindo o avanço do ano a 7,59%.

Em dia que se mostrava fraco, e assim se manteve, para as ações de maior peso no Ibovespa, a perda de fôlego em Petrobras (PETR4), à tarde, que abriu em alta, foi decisiva para que o índice da B3 se aproximasse hoje da metade de agosto apenas com recuos no mês. Entre as principais ações, bancos como Banco do Brasil (BBAS3), alta de 1,09%, Santander (SANB11), +0,52%, e Itaú (ITUB4), +0,18%, conseguiram escapar do tom negativo no fechamento desta sexta-feira, ruim para Vale (VALE3), -0,83%, e outros nomes do setor metálico, como Gerdau (GGBR4), -0,85%, que têm sido acossados por dúvidas em torno do nível de demanda na China, país que, nesta semana, confirmou sua primeira deflação desde 2021.

Commodities, PAC, IPCA e Petrobras

A grande exposição da B3 a commodities tem resultado em saída de recursos estrangeiros da Bolsa, apontam analistas. “O gringo continua na ponta de venda, já tiraram R$ 6,2 bilhões neste mês. E o setor de commodities segue sofrendo, com China – o estrangeiro acaba fazendo essa ligação direta”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

As dúvidas em relação aos preços domésticos dos combustíveis são outro fator que não tem contribuído. “A elevação da recomendação do UBS-BB para Petrobras até poderia ter ajudado a ação hoje, mas isso não aconteceu porque o mercado continua muito atento, preocupado, com a política de preços dos combustíveis – e falas do Jean Paul Prates (presidente da Petrobras) e do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) no lançamento do novo PAC, no Rio, não agradaram ao mercado”, acrescenta Monteiro, destacando que os investidores seguem atentos a sinais de “intervencionismo” na estatal.

Em discurso com forte tom político, Prates afirmou hoje que a Petrobras tem obrigação, como estatal, de contribuir com o novo PAC, e prometeu que a empresa voltará a “lotar” os estaleiros nacionais, com encomendas de embarcações, para expandir os negócios de petróleo e gás nos próximos anos.

Silveira, por sua vez, mencionou “abrasileiramento” dos preços dos combustíveis, um movimento que, afirmou o ministro, é benéfico ao consumidor – embora ele tenha sustentado que a estatal possui “autonomia” para elevar os preços, e que reajustes ocorrerão nas refinarias caso o preço do Brent continue a subir. Hoje, a referência global foi negociada acima de US$ 86 por barril, mas as ações da Petrobras fecharam o dia sem acompanhar o movimento de alta.

Esta última sessão da semana havia começado em tom positivo, com abertura da composição do IPCA de julho – mesmo com o índice (+0,12%) acima do teto das projeções para o mês – trazendo bons sinais para os preços, em especial no segmento de serviços, com desempenho favorável também em grupos como os de Alimentos e Habitação. O grupo de Transporte, por outro lado, foi o decisivo para que o ritmo de inflação se acentuasse um pouco em julho, chegando a 3,99% no acumulado em 12 meses.

“A dúvida está na dinâmica do preço dos combustíveis diante a recente valorização do petróleo. Na quarta-feira (9), o barril encerrou o pregão cotado a US$ 87,55. A defasagem da gasolina atingiu a máxima do ano, 35% em relação aos preços internacionais (R$ 1,21/litro)”, observa Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

“À parte a discussão sobre os combustíveis, a leitura que o mercado vem fazendo é a de que o Banco Central poderá acelerar o corte de juros para o ritmo de 75 bps (em alguma das próximas três reuniões do ano), caso a inflação de serviços (aspecto que deixa o Copom parcimonioso) confirme tendência de desaceleração, em conjunto com melhora adicional nas expectativas de inflação”, acrescenta a economista, em nota.

Nesse contexto, bem longe de consenso quanto à inflação, ao ritmo de cortes de juros e a fatores microeconômicos – como a política de combustíveis vis-à-vis rentabilidade da Petrobras -, o mercado ajustou expectativas para o comportamento das ações no curtíssimo prazo, no Termômetro Broadcast Bolsa, com o quadro agora dividido entre alta e estabilidade.

A expectativa de ganhos, que na pesquisa anterior era majoritária – em 63,64% dos participantes -, agora tem fatia de 40,00%, contra 60,00 que esperam variação neutra, que eram 27,27% no último Termômetro. A previsão de queda, que na semana passada era de 9,09%, não foi citada no levantamento de hoje.

Sabesp (SBSP3) e Copel (CPLE6) disparam

O Ibovespa hoje terminou na mesma direção de algumas das Bolsas dos Estados Unidos, menos do Dow Jones

  • Dow Jones: + 0,30%, aos 35.281,86 pontos;
  • S&P500: – 0,10%, aos 4.464,18 pontos;
  • Nasdaq: – 0,68%, aos 13.644,85 pontos;

O preço do dólar à vista fechou em alta de 0,45%, atingindo a máxima de R$ 4,9041, após oscilar entre R$ 4,8638 e R$ 4,9079.

Hoje, Petrobras (PETR4) registrou queda, com as ações preferenciais da estatal caindo 0,56% nesta sessão, cotados a R$ 30,46. Já as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) tiveram alta de 0,18%, a R$ 33,51, após leve queda ontem

Entre as maiores quedas do Ibovespa hoje, destaque para Locaweb (LWSA3), que despencou 8,08%, Soma (SOMA3), que registrou queda de 7,31%, e Azul (AZUL4), que negativou 6,42%.

As 3 maiores altas do dia foram de Yduqs (YDUQ3), Sabesp (SBSP3) e Copel (CPLE6), que subiram 6,99%, 5,25% e 3,42%, respectivamente.

No setor bancário, o Bradesco (BBDC4) anotou queda de 0,58%, cotado a R$ 15,37. O Itaú (ITUB4) fechou em alta de 0,18%, seguido pelo Banco do Brasil (BBAS3), que cresceu em 1,09%. O Santander (SANB11) também teve ganhos, com alta de 0,52%.

Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, um fator que vem prejudicando o Ibovespa é o fato das Bolsas internacionais estarem em um período de correção.

“Associado a isso temos o fraco desempenho do minério de ferro para o setor de siderurgia e mineração que faz também com que a bolsa tenha dificuldade para subir no curto prazo”, explica Caumont.

Hoje, também houve a divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que subiu 0,12% em julho. Para Caumont, apesar das melhoras, o Banco Central deve continuar na linha de corte com 50 bps para os juros.

No Ibovespa, entre os destaques positivos estava a Sabesp (SBSP3), que subiu após resultados operacionais do trimestre agradarem o mercado. “A empresa registrou alta de mais de R$ 1,8 bilhão em valor de mercado e lucro anual saltou mais de 76,1% no segundo trimestre”, diz Caoumont.

Outro destaque, lembra o analista, foi a Via (VIIA3), que subiu após quedas anteriores. “Enxergo o dia de hoje com os investidores apresentando um grande apetite pela companhia após a diretoria mostrar a possibilidade de uma reestruturação na empresa.”.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/Ebook-Acoes-Desktop.jpg

A Yduqs também despontou no Ibovespa hoje. A companhia divulgou balanço que animou os investidores, com um guidance que animou investidores. Além disso, grandes bancos reforçaram a recomendação de compras da Yduqs, após um Ebitda de R$ 415,2 milhões, com alta na base anual de 36,2%.

Por outro lado, entre as ações no negativo estava a Raia Drogasil (RAIL3) com resultado considerado neutro no 2T23. “Após anunciar a redução de metas, os investidores apresentaram um descontentamento com a companhia”, aponta o estrategista da Matriz Capital.

A Locaweb também figurou no negativo após apresentar balanço ruim e prejuízo líquido de R$ 38,8 milhões.

Por fim, mesmo após a divulgação de um IPCA maior do que o esperado, os juros futuros trabalham em leve queda por causa da desaceleração no núcleo de serviços. De acordo com Caumont, serviços era o núcleo que mais preocupava o Banco Central por não demonstrar a mesma desaceleração dos que os outros.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão de ontem (10) em queda de 0,05%, aos 118.349,60 pontos

Com Estadão Conteúdo

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Vinícius Alves

Compartilhe sua opinião

Receba atualizações diárias sobre o mercado diretamente no seu celular

WhatsApp Suno