Ibovespa intensifica queda na abertura; Covid-19 e juros futuros no radar

O Ibovespa abriu em queda nesta quinta-feira (29), aprofundando as perdas do último dia de negociações. Ontem, o maior índice acionário da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) tombou 4,25%, o 10º pior pregão do ano. O mercado é pressionado pela preocupação com o avanço da pandemia no Hemisfério Norte, além dos questionamentos acerca da política monetária e fiscal do País, após mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Por volta das 10h30, a cotação do Ibovespa apresentava uma queda de 1,20%, a 94.229 pontos. Na última quarta-feira, o Copom manteve taxa básica de juros da economia (Selic) em 2% ao ano, levantando um alerta ao mercado, que viu as taxas de juros futuras subirem nesta manhã.

Após a reunião, o colegiado salientou que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”. O mesmo entendimento já havia sido apresentado após o último encontro dos representantes do Banco Central (BC).

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Em um período de incertezas acentuadas pela retomada da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Hemisfério Norte, o colegiado do BC adota novamente um tom “dovish”, ou seja, favorável à manutenção de estímulos monetários. Agora o mercado se pergunta até que ponto a manutenção da Selic em patamares historicamente baixos não traga um effective lower bound, quando a política monetária dessa natureza passa a ter resultados contraprodutivos.

Na Europa, o movimento negativo não foi diferente. Após encerrarem nos patamares mais baixos dos últimos cinco meses, os mercados operam em queda nesta quinta-feira, precificando uma nova onda de lockdowns no Velho Continente. E eles vieram, na França e na Alemanha.

Na Ásia, os mercados fecharam de forma mista após o Banco do Japão manter sua política monetária inalterada, continuando com sua taxa referencial de juros em -0,10% ao ano.

O desempenho receoso dos investidores globais apaga os dados econômicos dos Estados Unidos. O Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano avançou 33,10% em termos anualizados no terceiro trimestre deste ano. A economia norte-americana procura se recuperar do tombo de 31,4% registrado no período entre março e junho, levando a maior potência do planeta à uma recessão técnica.

De acordo com o Departamento de Comércio norte-americano, em divulgação nesta quinta-feira, essa foi a recuperação mais forte dos Estados Unidos em toda a história — a anterior havia sido no pós-Segunda Guerra Mundial, no primeiro trimestre de 1950, quando o crescimento foi de 16,7%.

O resultado foi impulsionado pelos gastos das famílias, que cresceram 40,7% em termos anualizados, um novo recorde na série histórica. Os investimentos empresariais e de habitação também registraram fortes aumentos. O pacote de estímulos do governo ofereceu ajuda a muitas empresas e desempregados, elevando os gastos dos consumidores. Foram injetados mais de US$ 3 trilhões na economia.

Mercados globais

Confira o desempenho dos principais índices acionários no exterior, além do Ibovespa agora:

  • Nova York (S&P 500) futuro: +0,25%
  • Londres (FTSE 100): -0,34%
  • Frankfurt (DAX 30): -0,12%
  • Paris (CAC 40): -0,57%
  • Milão (FTSE/MIB): -0,93%
  • Hong Kong (Hang Seng): -0,49% (fechada)
  • Xangai (SSE Composite): +0,11% (fechada)
  • Tóquio (Nikkei 225): -0,37% (fechada)

Última cotação do Ibovespa

Da mesma forma que o Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última quarta-feira com uma queda de 4,25%, a 95.371,09 pontos.

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Jader Lazarini

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