Balanços da semana

Guedes descarta congelamento de preços dos combustíveis: “Esquece esse ‘troço'”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, descartou a possibilidade de o governo adotar a suspensão do reajuste de combustíveis, cogitada ontem. Guedes afirmou a jornalistas na noite desta terça-feira (8), ao deixar o prédio do Ministério, que “não tem congelamento” de preços. “Esquece esse ‘troço'”, respondeu o ministro, antes de entrar num carro e deixar o local.

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Mais cedo, ao chegar ao ministério, Guedes afirmou que “só maluco congela preço”, segundo imagem flagrada pelo R7. A afirmação foi feita em resposta a um questionamento de jornalistas sobre se congelaria o preço dos combustíveis.

Conforme noticiou ontem o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a disparada do preço do petróleo com a guerra no leste europeu levou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) a começar a discutir, inclusive com o Congresso, o congelamento temporário do preço de combustíveis pela Petrobras (PETR4), proposta a qual o Ministério da Economia é contra.

Os rumores e preocupações sobre a política de preços derrubaram em 7% ontem as ações da Petrobras — que se recuperaram nesta terça. Em novo dia de avanço para o petróleo, as ações da Petrobras, vindas de perda superior a 7% ontem, fecharam em alta de 1,61% (ON) e de 2,08% (PN).

Neste começo de março, os preços do petróleo acumulam ganho superior a 30% no mês. Hoje, o petróleo se manteve em alta, com o Brent a US$ 133 por barril na máxima do dia, refletindo desde cedo a expectativa, afinal confirmada, de que os Estados Unidos deixarão de importar da Rússia, mas não a de que a Europa, principal mercado para o gás russo, poderia vir em algum momento a diminuir compras, em reação ao prosseguimento da guerra na Ucrânia – a Rússia, por sua vez, ameaçou cortar o fornecimento ao continente, em represália às sanções impostas ao país.

A intenção de congelar os preços se basearia em um modelo no qual o custo de não repassar a alta do petróleo no mercado internacional seria bancado pela Petrobras e, em última instância, pelos seus acionistas.

Hoje, havia a previsão de o ministro se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e com o senador Jean Paul Prates (PT-RN), relator das propostas envolvendo combustíveis no Senado. Apesar dos boatos, o Ministério da Economia informou que não haverá reunião nesta noite.

Pacheco marca reunião com Guedes e relator dos combustíveis amanhã às 8h30

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), marcou uma reunião com o ministro Paulo Guedes e o relator do pacote de combustíveis no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), para amanhã às 8h30, informou a assessoria de Pacheco.

O Senado desencadeou um movimento para convencer o governo do presidente Jair Bolsonaro a não adotar nenhuma medida direta para conter o preço dos combustíveis e votar o pacote de projetos de lei pautados no plenário da Casa nesta quarta-feira, 9.

Ticket Log: Preço do diesel fechou fevereiro com alta de 1,47%

O preço médio do litro do diesel segue em alta no País, segundo o levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), referente ao fechamento de fevereiro sobre preços de combustíveis. O diesel comum fechou o mês valendo R$ 5,855, 1,47% mais do que no fechamento de janeiro (R$ 5,770). O preço do combustível do tipo S-10 apresentou alta de 1,45%, ao passar de R$ 5,828 para R$ 5,912.

Em nenhuma região o preço do diesel caiu, no período. No Sudeste, foi registrada a maior alta para os dois tipos. Com acréscimo de 1,93%, o preço do litro do diesel comum, na região, passou de R$ 5,547 para R$ 5,654. Já o tipo S-10 registrou alta de 1,79%, ao passar de R$ 5,634 para R$ 5,735.

O maior valor médio para o diesel comum e para o S-10 foi registrado na região Norte do País – R$ 6,086 e R$ 6,117, respectivamente. Já o preço médio mais baixo para os dois tipos de diesel foi encontrado nas bombas de abastecimento da região Sul, a R$ 5,481 o comum e R$ 5,529 o S-10.

Na análise por Estado, o Acre segue na liderança do preço do diesel comum e do tipo S-10 mais caros do País, a R$ 6,477 e R$ 6,452, respectivamente. Os maiores aumentos para os dois tipos de combustíveis foram registrados no Estado da Bahia, de 2,74% para o comum, que passou de R$ 5,796 para R$ 5,955; e de 3,19% no S-10, que de R$ 5,867 aumentou para R$ 6,054.

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Combustíveis: preço do etanol cai em 15 Estados e no DF na semana

Os preços médios do etanol hidratado caíram em 15 Estados e no Distrito Federal na semana passada, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas. O preço subiu em outros dez Estados. No Amapá, o biocombustível permaneceu estável. Nos postos pesquisados pela ANP em todo o País, o preço médio do etanol caiu 0,37% na semana em relação à anterior, de R$ 4,632 para R$ 4,615 o litro.

Em São Paulo, principal Estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média do etanol hidratado ficou em R$ 4,365 o litro, queda de 0,82% ante a semana anterior.

O preço mínimo registrado na semana para o etanol em um posto foi de R$ 3,77 o litro, em São Paulo, e o menor preço médio estadual, de R$ 4,217, foi registrado em Mato Grosso. O preço máximo, de R$ 7,499 o litro, foi verificado em um posto do Rio Grande do Sul. O maior preço médio estadual, de R$ 6,189, foi observado também no Rio Grande do Sul.

Na comparação mensal, o preço médio do biocombustível no País caiu 7,83%. O Estado com maior queda no período foi Mato Grosso, onde o litro recuou 11,70% no mês. Na apuração semanal, a maior queda porcentual de preço, de 5,33%, foi observada em Roraima.

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Gasolina em refinaria privatizada na BA custa 27,4% mais que a da Petrobras

A gasolina na Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), na Bahia. vendida pela Petrobras ao fundo de investimento árabe Mubadala, já está custando 27,4% a mais do que a vendida pela estatal, segundo estimativas do Observatório Social da Petrobras (OSP), organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

A diferença em relação ao valor do diesel S-10 é ainda maior, 28,2%, informou o OSP. Os combustíveis comercializados pela refinaria baiana, privatizada em dezembro de 2021, tiveram novo reajuste no último sábado, o quinto aumento só neste ano. Mataripe tem hoje os combustíveis com os preços mais elevados do Brasil, em comparação com as refinarias da estatal.

Segundo o levantamento, a gasolina na Bahia deverá ficar mais cara do que a do Rio de Janeiro, que é hoje o Estado com os maiores preços e o maior ICMS do País.

Devido aos aumentos, a Bahia é o Estado com menor defasagem em relação aos preços internacionais. No porto de Aratu, a defasagem do diesel e da gasolina nesta terça, 8, era de 16% e 11%, respectivamente. Já nos demais portos do País, a defasagem chega a 36% no caso do diesel e de 32% na gasolina.

“Chegamos a um momento em que a população deve decidir se seguiremos com a agenda privatista ou se manteremos os ativos estatais da Petrobras. Se o processo de privatização do parque de refino da companhia continuar, isso que está acontecendo na Bahia se ampliará para o restante do Brasil”, afirma Eric Gil Dantas, economista do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

Ele ressaltou que a guerra na Ucrânia acentuou o problema, mas que o encarecimento da gasolina e do diesel na Bahia já é estrutural com a privatização.

No Golfo do México, que serve como referência para o Preço de Paridade de Importação (PPI), política de preços da Petrobras, o aumento do valor da gasolina foi de 15% na semana passada, informa Dantas.

“Entretanto, os custos para produzir gasolina e diesel no Brasil não mudaram. O único custo que aumentou foi o pagamento de participações governamentais. A Petrobras pode sim segurar os preços localmente sem que haja prejuízos contábeis. O último resultado, com lucro líquido de R$ 106 bilhões e distribuição de dividendos de R$ 100 bilhões, mostra o quanto de gordura a empresa tem para queimar”, conclui o economista.

Autor de PEC defende usar alta da arrecadação para mitigar altas de combustíveis

O deputado Christino Aureo (PP-RJ), autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis na Câmara, defendeu a aprovação de uma medida que use o aumento de arrecadação para mitigar a alta dos preços dos combustíveis no País.

Essa medida teria que ser aprovada por meio uma PEC, que pode ser a própria proposta apresentada por ele, disse o deputado durante almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).

O parlamentar se colocou contra o fundo de estabilização previsto em um projeto do Senado. O modelo que ele defende seria diferente. “Não estou falando de garfar o fiscal, estou falando dos acréscimos que produzimos através da própria elevação de preços de commodities, com as participações governamentais, e do aumento de arrecadação com tributos. É dessa fatia que poderemos tirar o esforço para mitigar essas situações”, afirmou.

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A PEC do deputado, ainda em fase de coleta de assinaturas, autoriza a redução e a isenção da cobrança de tributos federais e estaduais sobre os combustíveis. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no entanto, já declarou que a PEC não será pautada.

O autor da PEC afirmou que não defende a proposta como a única solução, mas como parte de uma “cesta de possibilidades”. Além da PEC, Aureo defendeu a aprovação do projeto de lei complementar 11/2021, também em tramitação no Senado, que muda o modelo de cobrança do ICMS, imposto arrecadado pelos Estados.

No mesmo evento, o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e ex-diretor da Petrobras, Eberaldo de Almeida, afirmou que o congelamento dos preços dos combustíveis pode causar um impacto superior a R$ 113 bilhões em um ano e provocar desabastecimento interno.

O autor da PEC defendeu medidas sobre o preço dos combustíveis que não afetem a credibilidade do País, mas ressaltou que algo precisa ser feito. “Nenhuma nação do mundo tem um espaço fiscal para fazer um esforço desse tamanho. Agora, zero? Não fazer nenhuma atitude? Deixar a espiral de preços fazer com que se destrua a demanda? Quais serão os efeitos dessa crise sobre a economia e a vida dos brasileiros?”

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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