BBA: acordo entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) será mais vantajoso para uma das companhias; saiba qual

O recente acordo de cooperação entre as companhias aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), movimento conhecido como codeshare, é vantajosa para a Azul e pode fortalecer a posição da empresa no mercado de aviação brasileiro, além de aumentar a receita devido à expansão da conectividade. É o que diz o Itaú BBA em relatório divulgado ao mercado nesta sexta-feira (24).

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A avaliação do banco foi feita um dia depois de ambas as empresas fecharem um acordo comercial de compartilhamento de voos da Azul e Gol. Os analistas do setor de Transporte e Logística do BBA, liderados por Gabriel Rezende, sugerem que essa aliança pode aumentar a especulação entre os investidores sobre uma possível fusão entre as duas empresas.

Dado que a Azul opera de forma independente em mais de 80% de suas rotas, argumenta o relatório, a união dos negócios poderia liberar substanciais sinergias de receita e reduzir custos operacionais. Os estrategistas ressaltam que o acordo dispensa burocracia, já que a parceria entre a Azul e a Gol não necessita da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A recomendação do Itaú BBA para as ações da Azul permanece positiva, com uma sugestão de outperform (equivalente a compra). O preço-alvo estabelecido pelo banco é de R$ 24, indicando um potencial de valorização de 143,65% em comparação ao fechamento de quinta-feira (23).

Entenda a parceria das empresas aéreas

Na quinta-feira (23), a Gol e a Azul fecharam acordo de codeshare, uma parceria comercial que vai conectar as malhas aéreas das duas empresas no Brasil. Basicamente, a parceria inclui rotas domésticas operadas exclusivamente por uma das companhias.

Segundo as empresas, o serviço estará disponível para os consumidores a partir do final de junho deste ano, nos canais de atendimento das duas companhias.

O acordo permitirá que os bilhetes de uma empresa sejam vendidos para voos operados pela outra, ampliando a oferta de voos no país. Com isso, os clientes das duas empresas terão mais opções de conexões e destinos finais. Através do acordo, será possível viajar entre cidades operadas por uma das companhias, trocar de aeronave e seguir para outro destino operado pela outra.

Além disso, os programas de fidelidade das companhias também estão incluídos na parceria. Os clientes devem acumular pontos ou milhas em um dos programas ao comprar bilhetes de trechos compartilhados.

Individualmente, Azul e Gol operam cerca de 1.500 decolagens diárias cada. Com o compartilhamento de voos, espera-se a criação de mais de 2.700 viagens com apenas uma conexão.

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Gol abre processo de recuperação judicial nos EUA; prejuízo da Azul cresce 43%

A cooperação entre as companhias aéreas acontece após cinco meses do pedido de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos. À época, o Tribunal de Falências de Nova York aceitou o processo no dia seguinte. Em comunicado ao mercado quatro dias depois, a empresa informou que encerrou dezembro do ano passado com uma dívida de R$ 20,17 bilhões.

Os ativos não auditados no final de dezembro totalizavam R$ 16,83 bilhões, e o patrimônio líquido estava negativo em R$ 23,35 bilhões. Analistas financeiros disseram que o principal problema da Gol foi o passivo acumulado desde a pandemia de covid-19, que teve fortes impactos no setor aéreo. O pedido no Chapter 11 dos EUA permite que as empresas continuem operando enquanto reestruturam suas finanças.

Do outro lado da moeda, a Azul reportou semana passada um prejuízo líquido de R$ 1,05 bilhão no primeiro trimestre de 2024 (1T24), um aumento de 43% em relação ao prejuízo líquido de R$ 736,6 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.

No entanto, ao descontar os efeitos cambiais, o prejuízo ajustado foi de R$ 324,2 milhões, uma redução de 55% em comparação às perdas ajustadas do primeiro trimestre de 2023 (1T23). A empresa registrou uma receita de R$ 4,68 bilhões no trimestre, um crescimento de 4,5% em relação ao ano anterior, alcançando um recorde para o período. Esse aumento foi impulsionado pela alta demanda por transporte aéreo.

Mercado antecipa fusão e ações decolam

O mercado já antecipa uma possível fusão completa entre Azul e Gol, especulada desde que a Gol entrou em recuperação judicial. Nesta sexta-feira (24), as ações das duas companhias aéreas subiram até 10% após o anúncio da parceria.

O CEO da Azul Linhas Aéreas, John Peter Rodgerson, afirmou em entrevista ao site Bloomberg, semana passada, que uma consolidação do setor aéreo poderia reduzir o custo de capital para as companhias latino-americanas, resultando em serviços melhores para os clientes. Negociações estão em andamento para um possível acordo com o acionista controlador da companhia aérea rival. Em março, a Azul contratou bancos para assessorar uma oferta pela Gol.

As companhias aéreas da América Latina têm enfrentado grandes dificuldades desde a pandemia de covid-19, uma vez que os governos da região ofereceram pouca ajuda ao setor. Empresas como Avianca, Latam Airlines e Grupo Aeromexico SAB entraram com pedidos de recuperação judicial nos Estados Unidos em 2020.

Rodgerson, da Azul, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir um plano que envolve o uso de fundos públicos como garantia para empréstimos, proporcionando às companhias aéreas um alívio financeiro. Ele afirmou que o governo compreende a importância de aliviar a dívida do setor e está trabalhando ativamente em uma solução, que deve ser apresentada “dentro de alguns meses”.

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Murilo Melo

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