Gafisa confirma boato de venda da GWI Asset Management

A Gafisa (GFSA3) divulgou nesta segunda-feira (11) um fato relevante confirmando que a GWI Asset Management está avaliando a possibilidade de ceder sua participação.

A GWI Asset Management é a controladora da construtora. Segundo fato relevante, estaria sendo avaliada a possibilidade de “alienação, integral ou parcial, de sua participação na Gafisa S.A“.

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O documento também salienta como a GWI está atuando “no âmbito de suas atividades de gestão de investimentos e maximização de retorno para os seus investidores”.

Além disso, no texto é ressaltado como essas conversas são ainda preliminares. Por isso, não há qualquer garantia de que qualquer operação será realizada.

O fato relevante foi divulgado após um questionamento da Comissão de Valores (CVM) sobre uma reportagem do site “Seu Dinheiro” com o título título “Mu Hak está perto de pedir água e já admite vender a Gafisa“.

Após a divulgação do fato relevante, as ações da companhia recuam 1,13% a R$ 12,19.

Veja a integra do documento:

“A GAFISA S.A. (BOVESPA: GFSA3) (“Gafisa” ou “Companhia”), tendo
em vista notícia veiculada pelo site “Seu Dinheiro”, em 8/2/2019, sob o título “Mu Hak está perto de pedir água e já admite vender a Gafisa”, além das indagações recebidas de outras mídias sobre tal matéria, vem informar aos seus acionistas e ao mercado em geral que solicitou esclarecimentos ao Grupo GWI e recebeu a seguinte resposta: “Em relação à notícia veiculada pela mídia, em 8/2/2019, o Grupo GWI, do qual GWI Asset Management S.A. faz parte, confirma que, no âmbito de suas atividades de gestão de investimentos e maximização de retorno para os seus investidores, está constantemente avaliando alternativas estratégicas para os seus principais investimentos. Nesse contexto, o Grupo GWI confirma que está tendo conversas com terceiros que podem resultar, dentre outras alternativas, na alienação, integral ou parcial, de sua participação na Gafisa S.A. O Grupo GWI ressalta que essas conversas são ainda preliminares e que não há qualquer garantia de que qualquer operação será realizada.”

Acusações de desvio de recursos

Na última quarta-feira (6), a Gafisa registrou forte queda nas ações na B3 (BM&F Bovespa) na quarta-feira (6). A baixa ocorreu após a companhia ser acusada por uma securitizadora de desvio de recursos. Os papéis da construtora encerraram a R$ 13,01, recuando 6,54%.

A Gafisa havia securitizado Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) à Polo Capital Securitizadora. Ou seja, os créditos imobiliários haviam sido transferidos para outro credor. Portanto, a Polo Capital teria direito de receber parte dos valores pagos pelos clientes da companhia.

Contudo, segundo a securitizadora, a empreiteira teria enviado, neste mês, novos boletos de cobrança aos clientes, nos quais constavam os dados bancários da própria da construtora, em vez dos relativos à Polo Capital.

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O total a ser recebido seria de R$ 1,8 milhão. A Gafisa emitiu cerca de R$ 300 milhões em CRIs.

Em fato relevante anunciado na véspera, a Polo Capital apontou “descumprimento de obrigações de gestão e cobrança dos créditos prevista nos contratos de cessão firmados entre as partes”.

Com a alteração dos boletos, a securitizadora diz que “a Gafisa passou a receber indevidamente os créditos de compradores de imóveis de titularidade da securitizadora”.

Por meio de nota à Imprensa, a construtora informou que está “tomando as medidas cabíveis” em relação à acusação de ter se apropriado indevidamente de créditos de compradores de imóveis que deveriam ser usados para remunerar operação de securitização.

Dificuldades financeiras

A GWI, principal acionista da companhia, assumiu o comando da Gafisa em setembro de 2018. A gestora de investimentos GWI foi fundada pelo sul-coreano Mu Hak You.

Desde a mudança de controle, a Gafisa realizou demissões, deixou de pagar fornecedores e passou a buscar a renegociação de contratos que considera pouco vantajosos.

A GWI tem a tradição de entrar em negócios em dificuldades, como na Saraiva.

Nos últimos meses, a gestora aumentou sua participação na construtora de 37,3% para 48,7%.

O mercado atentou-se ao movimento, visto que a Gafisa enfrenta sérias dívidas:

  • 2017: perda de R$ 849,8 milhões
  • 2018: perda de R$ 122,5 milhões

A compra das ações da Gafisa contraria recomendações de analistas de BB Investimentos, Bradesco BBI, BTG Pactual, Credit Suisse e Itaú BBA, que não enxergam possível valorização do papel da empresa.

Carlo Cauti

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