Fundos imobiliários: entenda o que está puxando o mercado para máximas históricas

O IFIX superou seu recorde histórico duas vezes consecutivas nos últimos dois pregões e superou a marca simbólica de 3.500 pontos. Mas o que está levando o mercado de fundos imobiliários a esse momento positivo, mesmo diante de um cenário macroeconômico desfavorável, com juros elevados e a Selic no nível mais alto desde 2006?

Rafael Perez, economista da Suno Research, explica que há uma conjunção de fatores locais e globais que têm puxado os resultados dos FIIs para cima nos últimos dias. O principal deles, ao menos no cenário exterior, é a desaceleração do mercado de trabalho nos Estados Unidos;

O payroll divulgado na semana passada apontou a criação de apenas 22 mil vagas e ainda revisou para baixo os números de junho e julho. Trata-se da principal estatística de empregos no país, e os dados ampliaram no mercado as percepções de que os juros nos EUA, hoje no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano, começarão a cair na próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o Banco Central norte-americano), na semana que vem.

A tendência é que a redução seja leve, de 0,25 ponto percentual, já que as pressões inflacionárias voltaram a crescer com a aplicação do “tarifaço” pelo presidente Donald Trump. “Os números estão acima da meta de 2% ao ano. Se não fosse por isso, talvez fosse possível uma redução ainda maior”, aponta o especialista.

Fundos imobiliários: PIB menor também impacta mercado

Rafael explicou que, localmente, o dado mais relevante dos últimos dias foi a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), com alta de 0,4% no segundo trimestre em relação ao primeiro, cujo avanço tinha sido de 1,3%. “Já era esperado que a economia perdesse força devido à política monetária extremamente restritiva, com a Selic muito elevada”, explica o economista.

Segundo ele, a alta ocorrida se refere principalmente ao setor de serviços, que vem mantendo força com a melhora das condições qualitativas do mercado de trabalho, com salários mais altos. Por outro lado, as indústrias de construção civil e de transformação, que dependem mais de crédito, foram impactadas negativamente.

Com esses dados, aponta Rafael Perez, as curvas de juros futuros começaram a cair nos EUA e também no Brasil, sinalizando uma percepção do mercado de que a Selic também pode iniciar um ciclo de queda — provavelmente a partir do ano que vem. “Isso impactou positivamente o IFIX, porque o mercado projeta com antecedência seus movimentos e já começa a buscar alternativas mais rentáveis”, apontou o analista.
Para esta semana, outros números que podem mexer com o mercado de fundos imobiliários são os dados de inflação. Aqui no Brasil, o IPCA de agosto será divulgado nesta quarta-feira (10) pelo IBGE, com tendência de deflação (inflação negativa), como sinalizado pela prévia do IPCA-15.

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Fernando Cesarotti

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