FMI: diretor diz não ver sinais de bolhas de ativos neste momento

O diretor do departamento monetário e de mercado de capitais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Tobias Adrian, afirmou nesta quinta-feira (25) que não enxerga sinais de bolhas de ativos neste momento.

Por outro lado, o especialista acrescentou, durante coletiva sobre a atualização do relatório de Estabilidade Financeira Global, que observam os valuations esticados. Para o diretor do FMI, “as valorizações em muitos mercados de risco parecem esticadas”. Há, atualmente, uma desconexão entre o otimismo dos mercados financeiros e a economia real, avaliou.

O retomada do apetite por risco por parte do investidores tem sido sustentada pelas rápidas e precedentes ações do bancos centrais para mitigar os impactos da pandemia do novo coronavírus, declarou Adrian.

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Segundo o economista, as principais autoridades monetárias do mundo aumentaram em mais de US$ 6 trilhões (equivalente a R$ 31,86 trilhões na cotação atual) ao longo de seis meses, com as medidas de enfrentamento à crise. Nesse sentido, a injeção de liquidez tem resultado em um retomada da tomada de risco nos mercados do globo, incluindo os emergentes.

No entanto, para o diretor do FMI, o problema surge da precificação do risco, que parece estar “além dos fundamentos, simplesmente pela expectativa de ação dos BCs”. No mesmo sentido, Adrian falou sobre os spreads no mercado de dívida, que “estão no momento muito estreitos”, apesar do choque econômico.

Desdobramentos futuros da crise podem ampliar a volatilidade nos mercados, como seria o caso de uma recessão mais profunda e duradoura ou de uma segunda onda de infecções. Para o especialista, atualmente, o maior risco para as economias é uma eventual necessidade de retornar aos regimes de “lockdown”.

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“Se se tornar necessário estender ou reinstalar o isolamento, isso pode levar a uma reavalição dos ‘valuations'”. Segundo Adrian, uma reversão do cenário atual de otimismo pode levar a uma correção de preços de ativos, que traria um aperto nas condições financeiras e poderia retrair o fluxo de crédito para os mercados.

BCs ainda tem muito poder fogo, diz diretor do FMI

Apesar disso, o economistas avaliou que em uma situação de agravamento da crise, “os BCs têm muito poder de fogo e podemos esperar que vão reagir”.

Adrian afirmou ainda esperar que as autoridades monetárias de outros países além do Japão adotem o controle de curva de yield. “Com essa ferramenta, os BCs podem ter mais controle sobre os juros longos e os custos de empréstimos mais diretamente do que com as ferramentas normais de política monetária, que miram as taxas de curto prazo”, ponderou.

De acordo com o economista, a questão de se utilizar a medida é o aumento dos balanços. Estes “podem se tornar muito grandes e a questão é manter um equilíbrio desse crescimento”, afirmou Adrian.

Os países precisam usar ferramentas macroprudenciais para contrapor um crescimento da vulnerabilidade com o forte aumento do endividamento soberano e corporativo. O relaxamento das condições financeiras “tem levado a uma reabertura dos mercados e uma retomada da habilidade de corporações soberanos de tomar dívida”, avaliou o diretor do FMI.

Arthur Guimarães

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