Entrevista EXCLUSIVA: CEO da Via (VIIA3) quer ‘arrumar a casa para pisar no acelerador’

Após um balanço trimestral que animou o mercado – com as ações que chegaram a subir 8% no intradia – o CEO da Via (VIIA3) reiterou as intenções de ‘arrumar a casa’ para viabilizar um crescimento relevante no médio e longo prazo.

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Renato Franklin, que é CEO da Via desde o dia 1º de maio último, concedeu entrevista exclusiva ao Suno Notícias e destacou que a companhia não tem um sinal vermelho dentre seus números financeiros, mas compreende que precisa deixar seu balanço menos frágil e ‘mais limpo’ para que a companhia ganhe tração.

As declaração vão em linha com o fato relevante da varejista na véspera, em que a gestão anunciou um plano de transformação relevante, com alterações na alocação de capital da empresa – justamente o que despertou otimismo pelos analistas do sell side.

“A ideia, com o plano de transformação, é simplesmente focar naquilo que dá dinheiro. O plano é focar no ‘back to the basics’. Consideramos que é uma estratégia assertiva, mas não agressiva”, afirma Franklin.

Dentre os planos da Via estão o fechamento de 50 a 100 lojas, renegociação de aluguel, revisão de sortimento ideal e sublocação de espaço ocioso e a estruturação de um FIDC para facilitar a operação de crediário da empresa – com potencial de liberar R$ 5 bilhões de limite de crédito bancário.

“Temos muito potencial de mercado para capturar, mas a premissa de um plano de crescimento é um balanço forte. Daí a questão. O ‘time to market’ no varejo é importante, e queremos arrumar a casa o mais rápido possível para acelerar rápido lá na frente”, relata o CEO da varejista.

Além do crédito bancário, o executivo aponta que a Via quer “recuperar a credibilidade dos investidores, tanto em equities quanto em renda fixa“, enxergando o plano como um passo a mais na aproximação com o mercado de capitais.

A ‘promessa de longo prazo’ da empresa, contudo, não quantifica os números – porém, Franklin aponta que espera que até 2025 a empresa consiga concluir seus objetivos e “capturar todas as alavancas” que miram que o plano.

Em termos de indicadores, os executivos da varejista apontam que esperam um GMV ainda estável para este e o próximo ano, podendo crescer marginalmente a depender da temperatura do mercado.

Cotação VIIA3

Gráfico gerado em: 11/08/2023
1 Ano

Além disso, a Via ainda enxerga margens apertadas para o segundo semestre deste ano, mas uma melhora em 2024 no comparativo com a média histórica.

Em termos de investimentos, com os novos planos, fusões e aquisições ficam fora da mesa no momento. A companhia, inclusive, agora adota uma nova disciplina de alocação de capital.

“Fizemos um ajuste no Capex, que sai de cerca de R$ 1 bilhão ao ano para cerca de R$ 600 milhões. Isso não quer dizer que iremos parar de investir, mas que iremos priorizar o que possui um payback curto, em que ganhamos dinheiro mais rápido. Queremos crescer agora”, destaca Elcio Mitsuhiro Ito, CFO da Via.

Em termos de investimento, aliás, a Via deve evitar injetar dinheiro no 3P. Segundo o CEO, a ideia é crescer de forma orgânica nesse sentido.

“Se o mercado vier, podemos até ter um crescimento acima do que esperamos para o 3P. Mas o foco é um crescimento incremental. Agora focamos no core da empresa, no 1P, tanto no físico quanto no digital”, explica Renato Franklin.

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Selic é vento favorável?

Perguntado sobre a recente trajetória da taxa básica de juros – exaustivamente citada por analistas como um vento contrário para o varejo até então -, o CEO da Via destacou que não espera um impacto imediato após a redução feita pelo Banco Central (BC) na semana anterior, com magnitude maior do que a esperada.

“A gente acredita que não chega a melhorar neste ano, falando de Selic. Teremos mais reduções de juros até o fim do ano, mas isso leva tempo até chegar no bolso do consumidor. Acredito que esse impacto será sentido no segundo semestre de 2024″, destaca.

“Nós escutamos pessoas mais otimistas sobre isso, mas gostamos de ser mais conservadores nas projeções. Esperamos uma melhora para o segundo semestre do ano que vem”, acrescenta.

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banQi não ficaria perto, mas dentro da Via

Destacada como ‘a área mais afetada’ da empresa, o banQi – braço financeiro da varejista – teve rumos completamente alterados e teve ser ponte para parceria com instituições financeiras.

“Ele [banQi] tinha uma vida independente com novos clientes e novos produtos. Nos ajustamos a estratégia e o integramos à Via. Ele deve gerar valor para complementar a operação core da empresa. Em vez de captar o cliente no ‘mar aberto’, captamos para o crediário da Via. Isso muda a necessidade de investimento a necessidade de custo de capital. A vantagem é que com isso o payback é curto”, explica o Renato Fraklin.

Além disso, projetos futuros foram ‘cortados’ e o foco da companhia agora é ampliar esse segmento sem ter que aumentar o Capex.

O CEO da Via revelou que, nesse âmbito, tem dialogado com bancos, fintechs, e seguradoras para firmar parcerias e alianças com produtos do banQi.

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Eduardo Vargas

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