EUA: recessão parece cada vez mais distante, diz ex-diretor do BC

“A economia americana está bem mais forte do que a gente esperaria, dado o nível de juros”, afirmou o gerente de portfólio da Itaú Asset e ex-diretor do Banco Central Bruno Serra. Para ele, uma recessão nos Estados Unidos está cada vez mais distante.

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Segundo Serra, setores mais cíclicos como o mercado imobiliário e a indústria desaceleraram, mas os serviços compensaram este movimento e seguem crescendo.

“A parte de saúde e educação no payroll, sobretudo, tem se ajustado após o período da pandemia, durante o qual era mais difícil gerar trabalho nesses setores pelo contato pessoal, risco de contaminação, etc.”, falou Serra durante a mesa “Economia em Foco: Desafios e Oportunidades Globais”, do BTG Summit 2024.

Apesar disso, ele destacou que a economia forte “não deveria assustar”. “O ritmo de crescimento dos EUA é mais para 2,5% do que para 4%. A gente acredita que a fortaleza da economia americana no segundo semestre do ano passado talvez não seja tão verdade assim”, afirmou.

Cenário de juros nos EUA

Para o gerente de portfolio da Itaú Asset e ex-diretor do Banco Central, o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) deve se sentir confortável para realizar de três a quatro cortes de juros neste ano. “Por volta de junho, eu acho que teremos elementos suficientes pro Fed ter conforto de três ou quatro cortes nesse ano, podendo até ser um pouquinho mais”, falou.

Serra também expôs acreditar, porém, que o banco central norte-americano “não precisa nada”, no sentido de ter espaço tanto para adiantar quanto para postergar o corte de juros. “O Fed tem todas as cartas na mão. Quando eu olho pros EUA hoje, eu falo que o Fed não precisa nada, pois a economia está bem, a inflação está bem, nem alta e nem baixa demais, e a economia está forte”, afirmou. “Se a autoridade monetária quisesse cortar em março, poderia. Se quiser esperar agosto, também pode”, avaliou.

Nesse sentido, ele acredita que o presidente do Fed, Jerome Powell, parecia querer iniciar a redução das taxas mais rapidamente, ainda que fizesse ajustes mais lentos. Atualmente, na sua visão, há maior probabilidade de que o começo dos cortes seja postergado.

Alta na inflação em janeiro pode retardar corte de juros nos EUA

Dados de inflação mais altos em janeiro, associados a um mercado de trabalho ainda bastante aquecido, empurraram as expectativas do mercado para o início do corte de juros nos Estados Unidos de maio para junho.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), inflação dos EUA, avançou 0,3% em janeiro ante dezembro, informou ontem o Departamento do Trabalho. O desempenho superou a mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,2%.

Na comparação anual, o a taxa CPI subiu 3,1% em janeiro, desacelerando frente à alta de 3,3% de dezembro, mas ainda acima das expectativas, de 2,9%. Já o chamado núcleo do indicador – que exclui itens voláteis como alimentos e energia – subiu 0,4% em janeiro e 3,9%, no ano.

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A surpresa com a inflação americana em janeiro esvaziou o apetite a risco nas Bolsas de Nova York, que fecharam o dia com quedas expressivas. O índice Dow Jones recuou 1,35%, enquanto o S&P 500 teve baixa de 1,37%. Já a Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, desabou 1,8%. Por conta do carnaval, a Bolsa brasileira não funcionou ontem.

As chances de manutenção das taxas na próxima reunião do Fed, marcada para março, foram reforçadas e passaram a ser majoritárias também para o encontro de maio, mostra levantamento da plataforma CME Group. Assim, o mercado passou a apostar no primeiro corte nas taxas apenas em junho – probabilidade que chegou a 54,4% após o CPI dos EUA de janeiro. “A aceleração [DA INFLAÇÃO](da inflação) será um fator que atrasará a decisão do Fed de começar a cortar as taxas para junho deste ano”, diz o Morgan Stanley, em relatório a clientes.

De acordo com o estrategista-chefe da corretora Avenue, William Castro Alves, o índice de moradia continuou sendo o principal vilão em janeiro, subindo 0,6% e contribuindo com mais de dois terços da alta no mês. Alimentação também teve sua influência, enquanto energia atuou na contramão.

Para a consultoria britânica Capital Economics, o desempenho do núcleo do CPI serve de combustível para a narrativa de que “a última milha é a mais difícil” no combate à inflação. “Os dados do CPI são um lembrete de que o caminho de regresso a uma inflação de 2% ao ano nos EUA – meta do Fed – provavelmente terá alguns buracos”, reforçou o Wells Fargo.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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