ETF que paga dividendos pode chegar ao Brasil até o fim de 2022 com mudança regulatória

Com aumento de investidores com foco em renda passiva, a B3 (B3SA3) pode passar a ter um ETF de dividendos até o fim de 2022. Atualmente a bolsa brasileira ainda não tem mecanismos que possibilitem o pagamento de proventos sob os fundos de índice, o que está previsto para o quarto trimestre.

2022: O ANO DOS DIVIDENDOS com Tiago Reis, Professor Baroni, Marcos Correa e Felipe Tadewald

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A informação foi revelada por Gabriela Shibata, gerente de Cash Equities da B3, em entrevista ao InfoMoney. Segundo a executiva, um ETF de dividendos ainda não existe também por causa da regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Atualmente, todo ETF listado deve necessariamente estar atrelado à performance do índice de referência, segundo a normativa da instrução 459 da autarquia.

Em outras palavras, os fundos precisam ter uma correlação grande com o desempenho. Atualmente é apenas permitido o ‘tracking error‘ – termo técnico para descrever uma diferença entre o retorno do ETF e do índice replicado.

Nos moldes atuais, a B3 pretende uma distribuição de proventos para os cotistas de ETFs com ativos que paguem dividendos – como já ocorre nos EUA.

Segundo Shibata, o avanço na criação desse tipo de fundo de índice não veio nos anos anteriores em razão do baixo interesse dos investidores em ETFs – algo que foi revertido recentemente, e que também atrai gestores no caso do pagamento de proventos.

“Entendemos que chegou o momento de ter esse debate e estamos viabilizando até o final do ano essa entrega para destravar ainda mais o mercado”, disse, em entrevista.

Até o produto chegar à prateleira, contudo, pode demorar mais algum tempo mesmo que as autoridades balizem o arcabouço regulatório ainda antes do fim de 2022.

Isso porque a regra valeria para os novos ETFs – ou seja, comprar um ETF que paga dividendos na corretora deve depender do interesse de gestoras em lançar estes ativos.

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Outras mudanças no mercado do segmento também estão no radar, como os ETFs “inversos”, “múltiplos” e “alavancados” – modalidades também mais comuns em Wall Street, que abrem o leque de possibilidades de hedge e de portfolio management como um todo.

Da mesma forma, a disponibilização deste tipo de produto também precisa de uma mudança regulatória por parte da CVM.

“Acreditamos que será uma discussão que vai avançar com o regulador para ver se é o momento de evoluir no nosso mercado. Talvez seja o momento de começar a mergulhar nesse aprimoramento”, afirmou a gerente de Cash Equities da B3 ao InfoMoney.

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Como funcionam os ETFs que pagam dividendos?

No contexto atual também só existem dois tipos de distribuição de proventos via ETF, os índices total return e os índices price return.

Os primeiros são os de acumulação, com cálculos de desempenho que contemplam a oscilação dos ativos em conjunto com a distribuição de dividendos.

Já os price return têm um ‘desconto’ da distribuição dos dividendos por parte dos ativos que o compõem. Em suma, em uma ocasião que o caso de um ETF que replique um índice price return, os proventos recebidos são distribuídos aos cotistas, índices populares nos EUA.

Mesmo com a regra de distribuir proventos ainda não valendo, os dois ETFs mais líquidos da bolsa brasileira com esse foco são o It Now IDIV Fundo de Índice (DIVO11), que replica o Índice Dividendos (IDIV) e foi criado em 2012, e o BB ETF S&P Dividendos Brasil (BBSD11), que segue o índice S&P Dividendos Brasil e existe há sete anos.

Sem a regra, as gestoras não podem distribuir os proventos e então reinvestem os dividendos nas cotas.

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Eduardo Vargas

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