Recuperação do emprego ajudará varejo, diz Safari Capital

A recuperação do emprego e renda deve fazer com que as empresas de varejo possam se despontar na Bolsa no ano que vem, de acordo com a avaliação de Marcelo Cavalheiro, da Safari Capital.

“Essa pessoa volta a gastar um pouco mais, a contrair financiamento, viajar, comprar roupa, passagem aérea, então é nisso em que apostamos: uma melhoria na renda geral e na renda também”, disse o gestor da Safari Capital.

Marcelo Cavalheiro, que possui R$ 1,6 bilhão sob custódia na gestora, avalia que as “caneladas” do presidente Jair Bolsonaro (PSL) já estão precificadas e que o mercado aprendeu a relevar essa característica do presidente da República.

“Acho que isso faz parte desse governo. Isso é Bolsonaro. Não tem o que fazer, está dentro do jogo”, afirmou o gestor.

Além disso, para Cavalheiro, mesmo com uma alta significativa nos últimos meses, a JBS ainda pode ter uma boa performance no ano que vem. Confira a entrevista exclusiva ao SUNO Notícias:

-Qual é a diferença entre a Safari Capital e as demais assets?
A Safari Capital está aberta há quatro anos e nossa ideia, desde o começo, era fazer gestão de patrimônio tendo como veículo o mercado de ações. Nossa ideia é essa. Acho que algo que é relevante aqui é a expertise macro e micro, voltadas somente a ações. Não operamos juros, câmbio ou renda fixa. Nossos fundos chamam multimercados, mas eles são fundos de ações long biased.

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Acho que a grande diferença para a grande maioria dos long biased é ter um macro, para olhar o cenário. Por exemplo, de forma hipotética, eu acho que podemos ter um problema político daqui alguns meses caso o PIB não comece a andar, então a gente fica olhando isso e, se em algum momento, a gente achar que isso possa acontecer, nós fazemos um hedge para a carteira.

Agora, se estamos confiantes na economia, podemos alavancar para além de 100% do fundo, podemos ir em até 120% do Patrimônio Líquido comprado para maximizar os retornos.

Temos também o outro é o fundo de previdência, baseado na mesma estratégia, com 70% do patrimônio em ações, e estamos abrindo um agora com 100% do patrimônio em ações, com um produto de Previdência, nada melhor do que comprar ações com segurança.

-Como é a estratégia long biased?
Ela consiste em ter posições grandes, o patrimônio líquido todo ou até acima disso, comprado, mas com mandato com possibilidade de momentos de crise, termos muito pouco comprado e, eventualmente, até vendido.

O long biased te dá possibilidade de ser muito rentável, mas também te dá possibilidade de proteger das quedas mais agudas do mercado.

-Os fundos tiveram retornos importantes nos últimos 12 meses, com cerca de 34%. A que você atribui esse resultado?
Os últimos 12 meses acho que foram bons, o mercado foi na direção que imaginávamos. Teve alguns cases que ajudaram especialmente o fundo, como as posições domésticas que andaram bastante, como o varejo, com Magazine Luiza .

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Ganhamos também com BRF e JBS. Então essas posições andaram bastante o fundo. Nessas últimas duas, em especial, nós conseguimos fazer a leitura cedo da febre suína na China e conseguimos comprar esses ativos em um preço bastante atraente.

Outra coisa relevante é que, em uma rentabilidade anualizada, em qualquer ponto do fundo que temos rodado nesses quatro anos, a grande maioria de clientes tiveram retornos anuais acima de 25%.

-Daqui para frente, como você analisa o cenário macroeconômico e quais estratégias tomar baseado nisso?
Estamos muito otimistas com recuperação do varejo e consumo em geral, concessões rodoviárias. Achamos que já temos uma queda de juros forte ao longo dos últimos dois, três anos e entramos em um momento de equilíbrio fiscal, por conta da reforma da Previdência, mais desafios como privatizações e reformas menores, mas achamos que dado que o fiscal estará mais equilibrado, temos uma previsibilidade maior dos juros baixos no longo prazo, coisa que não tínhamos antes.

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Isso é fundamental para pessoas e empresas. Primeiro teremos uma recuperação via demanda, principalmente consumo, e depois teremos investimento, já que o empresário olha o juro de longo prazo baixo e consegue investir, com uma dose de segurança, sabendo que terá um bom retorno do investimento. É claro que você conseguirá ter ciclos econômicos, mas teremos um ciclo diferenciado daqui para frente, com previsibilidade de juros e trajetória de crescimento sustentável entre 2% e 3% ao ano.

-Esse ponto central, de recuperação via demanda, não é perigoso dado que a recuperação, principalmente do emprego, ainda é contestada?
A massa salarial real já está se recuperando, então mesmo que os empregos criados seja de baixa qualificação, é gente voltado ao mercado de trabalho. Uma coisa fundamental é a confiança. Então precisamos que o desemprego seja estancado, você cria confiança naqueles que estão empregados. Essa pessoa volta a gastar um pouco mais, a contrair financiamento, viajar, comprar roupa, passagem aérea, então é nisso em que apostamos: uma melhoria na renda geral e na renda também.

-Isso mesmo com os atuais deslizes do governo, com brigas dentro do partido, por exemplo?
Acho que isso faz parte desse governo. Isso é Bolsonaro. Não tem o que fazer, está dentro do jogo. Se ele não atrapalhar e conseguir, minimamente, tocar as reformas que estão sendo tocadas principalmente pelo Congresso, acho que as coisas vão bem, tem atrapalhado um pouco, mas espero que ele consiga montar uma base no Congresso.

Mas estamos otimistas com o cenário doméstico sim, então por isso a preferência por esses termos.

-Como está a sua avaliação em relação aos impactos da guerra comercial e temores de uma possível recessão global?
A guerra comercial era uma das coisas muito relevantes que acabaram saindo um pouco do preço por conta desse começo de entendimento. O que ajudou foram os índices americanos apresentando resultados piores. Isso fez com que o Trump fizesse uma negociação. Temos que separar também guerra comercial com guerra tecnológica. Guerra comercial basta a China comprar um pouco de commoditie que o Trump também suspendeu suas ações, então acho que teremos boas notícias nesse front.

Com boas notícias na guerra comercial, com o FED (banco central americano) cortando pouco mais de juros, a gente tem um alongamento do cenário de recessão para bem mais para frente. Então, para a gente não é uma ameaça iminente ainda que isso esteja no radar.

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-Tem algum ativo em especial que vocês da Safari Capital olhem de maneira positiva para o futuro?
O que temos há algum tempo na carteira e continuamos muito otimistas é JBS. Ela pode continuar performando bem pois você ainda tem toda a febre suína para passar no preço, a demanda por carne mesmo sem esse problema vem crescendo nos países asiáticos e você não tem oferta para atender toda essa turma. Então você terá um aumento de preço aí e também um aumento de margem para a JBS também. Acho que ela está em uma condição bastante especial para surfar essa onda que parece bem grande lá fora.

Vinicius Pereira

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