Coronavírus: 19 mi de brasileiros ficaram afastados do emprego em maio

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nessa quarta-feira (24) dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) com foco na pandemia de coronavírus (Covid-19) que indicaram que cerca de 19 milhões de trabalhadores brasileiros ficaram afastados dos respectivos empregos em maio desse ano, devido a pandemia. Desse total, 9,7 milhões ainda ficaram sem remuneração.

Um dos motivos apontados pela pesquisa para o afastamento dos trabalhadores, foi a medida de distanciamento social adotada para combater o novo coronavírus. Vale destacar que 15,7 milhões, dos 19 milhões de trabalhadores, foram afastados devido a essas medidas.

Além disso, o instituto destacou que os 9,7 milhões de brasileiros que tiveram seus salários suspensos, correspondem a 11,5 % do total de pessoas no mercado de trabalho no mês passado (84,4 milhões).

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A pesquisa divulgada pelo IBGE é feita junto com o Ministério da Saúde para reconhecer quais os impactos que a pandemia do novo vírus vem causando no mercado de trabalho brasileiro.

De acordo com o diretor adjunto de pesquisas da organização, Cimar Azeredo, já era conhecido que havia uma parcela da população afastada do trabalho. Ele ainda completou dizendo que “agora a gente sabe que mais da metade dela está sem rendimento. São pessoas que estão sendo consideradas na força mas estão com salários suspensos. Isso não é favorável e tem efeitos na massa de rendimentos gerada, que está estimada abaixo de R$ 200 bilhões”.

Ainda na última semana, o IBGE já havia divulgado alguns dados referente a pesquisa. De acordo com essas informações, a pandemia fez com que 1 milhão de pessoas perdessem seus empregos. Frente a isso, cerca de 10,1 milhão de brasileiros estavam sem empregos no mês passado, o que fez a taxa de desocupação ficar em 10,7% no mês.

Confira as taxas de desocupação de cada região brasileira em maio, de acordo com a Pnad Covid19:

  • Centro-Oeste – 11,4%;
  • Nordeste – 11,2%;
  • Norte – 11%;
  • Sudeste – 10,9%;
  • Sul – 8,9%;

Vale destacar que a taxa de desocupação entre as mulheres ficou em 12,2%, o que representa um percentual maior que entre os homens, que foi de 9,6%. Contudo, é a Pnad Contínua que mede  taxa de desocupação oficial do Brasil.

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Sobre o rendimento efetivo dos trabalhadores, a pesquisa demonstrou que ficou em R$ 1.899, enquanto o habitual ficou em média de R$ 2.320.

Em relação as jornadas de trabalho, 27,9% das pessoas empregadas trabalharam menos do que habitualmente, e 2,4 milhões de pessoas trabalharam mais do que a média habitual. Antes da pandemia, a média habitual era de 39,6 h trabalhadas por semana, com a chegada do novo vírus, essa quantidade caiu para 27,4 h.

Além disso, cerca de 38,7% das famílias brasileiras receberam em média R$ 847, referente a auxílios financeiros, como o coronavoucher (auxílio emergencial) e o Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e da Renda.

Trabalhadores mais afetados pela pandemia de coronavírus

De acordo com Azeredo, “claramente os trabalhadores domésticos sem carteira foram os mais afetados pela pandemia. Parcela expressiva deles tem renda média abaixo de 1 salário mínimo. Já os com carteira foram menos afetados porque têm mais estabilidade”.

O percentual de afastamento do trabalho dos trabalhadores domésticos sem carteira assinada ficou em 33,6, seguidos pelos funcionários do setor público sem carteira assinada, cujo percentual chegou a 29,8%.

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Já os empregados do setor privado sem carteira assinada, o percentual chegou a 22,9%, enquanto entre os trabalhadores domestico com carteira assinada, foi de 16,6%.

De acordo com a pesquisa, 8,7 milhões de trabalhadores brasileiros aderiram ao modelo de trabalho home office, o que representa 13,3% do total de trabalhadores em maio.

A pesquisa indicou que quanto maior o nível de escolaridade, maior o percentual que aderiu ao trabalho remoto. De acordo com Azeredo, “isso já era esperado, pois trabalhadores de nível superior estão envolvidos em atividades mais passíveis de serem realizadas de forma remota, como professores, analistas, técnicos de TI, etc”.

Confira abaixo as porcentagens de pessoas que aderiram ao trabalho remoto de acordo com cada nível escolar, segundo o IBGE:

  • Trabalhadores com nível superior completo e aqueles que possuem pós-graduação – 38,3%;
  • Com ensino médio completo e ensino superior incompleto – 7,9%;
  • Nível fundamental completo e ensino médio incompleto – 1,7%;
  • Trabalhadores sem instrução ou ensino fundamental incompleto – 0,6%.

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Por fim, a pesquisa destacou que 28,6 milhões de brasileiros não estavam procurando trabalho por causa da pandemia de coronavírus, ou pela falta de vagas em determinadas regiões. Apesar disso, as pessoas entrevistadas para pesquisa salientaram que queriam e estavam disponíveis para trabalhar.

Laura Moutinho

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