Como diversificar investimentos em um mundo incerto?
Em um cenário marcado por juros altos, tensões geopolíticas, volatilidade cambial e incertezas macroeconômicas, cada vez mais brasileiros buscam formas de proteger e diversificar seu patrimônio. Nesse cenário, investir fora do país se tornou mais relevante, mas também mais acessível. A seguir, confira dicas de como diversificar investimentos e mitigar riscos na sua carteira por meio da exposição global.

A lógica por trás da diversificação internacional dos investimentos é baseada, sobretudo, na ideia de reduzir riscos e ampliar oportunidades, como explica Martin Iglesias, especialista líder em investimentos e alocação de ativos do Itaú Unibanco
“Investir em moedas fortes como o dólar e o euro ajuda a proteger o patrimônio contra a volatilidade do real”, diz. Ele também destaca que investir em outros mercados reduz o risco agregado da carteira, além de permitir o acesso a setores inovadores pouco desenvolvidos na economia brasileira, como inteligência artificial, veículos autônomos ou a indústria espacial.
Danilo Moreno, especialista de ETFs da Investo, vai na mesma linha, chamando a atenção para o universo de oportunidades que há fora do Brasil. “O crescimento e a geração de valor estão cada vez mais distribuídos pelo mundo. Diversificar globalmente é reconhecer essa nova dinâmica e construir uma carteira mais robusta e alinhada à economia global.”
Flávio Vegas, da Global X ETFs, destaca que a diversificação global sempre fez sentido. Contudo, antigamente, o investidor comum não tinha acesso a esses investimentos como tem atualmente, com ETFs e BDRs oferecidos na B3.
“Hoje, não faz sentido um investidor completo não ter exposição aos maiores mercados do mundo. O Brasil representa cerca de 1% da capitalização global de ações.”
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Quais são os caminhos mais acessíveis para investir internacionalmente?
Hoje, existem pelo menos quatro rotas principais para investir globalmente:
- ETFs internacionais listados na B3: permitem acessar setores e geografias globais, com negociação em reais e custódia local.
- BDRs (Brazilian Depositary Receipts): recibos de ações estrangeiras negociados na bolsa brasileira.
- Fundos de investimento com mandato global: oferecidos por diversas gestoras, inclusive em plataformas de bancos.
- Corretoras com acesso internacional: como Avenue, Nomad ou Inter Global, que permitem a compra direta de ativos no exterior.
“Mesmo sem abrir conta fora, o investidor já consegue se expor ao mercado global pela B3, com produtos simples e bem regulados”, diz Iglesias. Vegas complementa: “Hoje você pode investir nas maiores empresas do mundo direto do seu home broker, com poucos cliques.”
Quais são os ativos e estratégias mais usados para proteção?
Em cenários de incerteza, ativos considerados defensivos ganham protagonismo. Os especialistas citam:
- Títulos públicos americanos (Treasuries): segurança, liquidez e rendimento em dólar.
- ETFs de renda fixa internacional: como USDB11 ou BNDX11, da Investo, para gerar renda e proteger contra a desvalorização do real.
- Ouro: tradicional reserva de valor em momentos de aversão a risco.
- ETFs temáticos ou setoriais: voltados a megatendências globais, como inteligência artificial, energia limpa ou criptoativos.
Em relação aos ETFs temáticos, como o WRLD11, da Investo, Moreno explica que são produtos que permitem “capturar movimentos estruturais de crescimento que transcendem fronteiras e ciclos econômicos”.
Como montar uma carteira diversificada com exposição internacional?
A recomendação dos especialistas é adaptar a exposição global ao perfil de risco e objetivos do investidor. Além disso, é fundamental balancear a carteira, entre ativos amplamente diversificados e de longo prazo, como ETFs de ações globais ou fundos de renda fixa em dólar, por exemplo, e posições menores em temáticas específicas, setores inovadores ou mercados emergentes.
“Até mesmo um investidor conservador pode começar com 5% em renda fixa global. Já perfis mais arrojados podem ter 30% ou mais em ativos no exterior”, sugere Iglesias.
Vegas, por sua vez, reforça que os ETFs são uma ótima porta de entrada: “Eles oferecem diversificação automática e menor risco de erro na escolha de uma ação específica”.
Quais os riscos e cuidados necessários ao investir fora do Brasil?
Investir fora do Brasil envolve vantagens evidentes, mas também requer cuidados. Um dos principais é a volatilidade cambial, que pode proteger a carteira em alguns momentos, mas também causar oscilações de curto prazo.
“Embora o dólar seja visto como um porto seguro, sua valorização ou desvalorização pode impactar diretamente os retornos do investidor”, destaca Danilo Moreno.
Outro ponto de atenção está na compreensão do que cada ativo representa para a sua carteira. É fundamental analisar os setores predominantes e a concentração geográfica, por exemplo.
Em relação aos ETFs, Flávio Vegas destaca que, mesmo com a diversificação oferecida, esses produtos seguem sujeitos a riscos de mercado, como instabilidades políticas e econômicas.
Já Martin Iglesias reforça que o primeiro passo é sempre alinhar a exposição internacional ao perfil de risco e aos objetivos de cada investidor: “Conhecer bem sua tolerância ao risco e avaliar com atenção a composição da carteira são medidas essenciais para investir no exterior com segurança”
“Evite seguir modismos sem clareza de tese. A escolha deve considerar custo, liquidez e aderência aos seus objetivos”, alerta Moreno. “Se não se sentir confortável, procure um especialista que ajude a montar uma estratégia adequada”, completa Vegas.
Essa matéria sobre como diversificar investimentos não é uma recomendação de compra ou venda de ativos.