Sandro Magaldi

Como o lucro da Apple (AAPL34) cresce mesmo com o declínio de vendas do iPhone? 

Balanço da companhia mostra robustez da sua divisão de serviços, que reúne um milhão de assinantes e é muito mais lucrativa que a divisão de hardwares

Como se explica o valor de mercado da Apple (AAPL34), de cerca de US$ 3 trilhões, considerando que aproximadamente metade de suas receitas derivam de um único produto, o iPhone?

Com frequência essa pergunta vem à tona, o que é um reflexo da incredulidade de alguns quanto à sustentabilidade do sucesso da companhia. Na realidade, a dúvida é fruto do desconhecimento dos fundamentos do modelo de negócios da Apple e sua capacidade de capturar valor em todo seu ecossistema.

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Recentemente, a empresa divulgou seus resultados do trimestre que se encerrou em julho de 2023, que evidenciam essa perspectiva de forma clara e evidente. No período, a empresa teve uma receita de US$ 81,8 bilhões, com uma geração de lucros de US$ 19,9 bilhões. Esses números já sinalizam uma das principais fortalezas da companhia: a maior lucratividade do seu segmento, com cerca de 24% de margem.

Esse resultado é conquistado graças ao modelo de negócios da organização. Quando Steve Jobs lançou o iPhone, em 2007, o produto revolucionário trouxe consigo não apenas as bases de um inovador e excepcional equipamento, mas também a possibilidade de os usuários utilizarem a App Store para baixarem aplicativos úteis que incrementam a experiência dos clientes, elevando-a a outro nível.

Atualmente, a empresa conta com aproximadamente 1 bilhão de assinantes de seus serviços. Esse número dobrou nos últimos três anos e impulsiona a Divisão de Serviços da organização, que compreende, além da App Store, a Apple TV+, e a Apple Music, dentre outras possibilidades disponíveis em sua plataforma.

Essa divisão representa cerca de 26% da receita total da organização, porém seu impacto mais relevante acontece em sua lucratividade. Estima-se que serviços gerem o dobro de margem em relação à divisão de hardware da empresa.

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Essa dinâmica explica a lucratividade do negócio e representa o virtuosismo do modelo de negócios da Apple, que foi uma das primeiras empresas do planeta a estruturar com êxito o conceito de plataforma de negócios. A companhia não restringe sua fonte de receita exclusivamente à venda de seus produtos, explorando o potencial da conexão com seus clientes para a geração de novos fluxos de vendas a partir de suas demandas.

É interessante que o volume de venda de iPhones declinou nos últimos trimestres; porém, um aspecto de alta relevância observado no comportamento dos clientes é que essa redução acontece pela menor base de renovação de compra de novos aparelhos e não pela troca de fornecedor. Ou seja, o consumidor continua preferindo o produto da Apple. Essa fidelização é um dos aspectos-chave para o sucesso futuro do negócio, já que garante uma base instalada que continuará consumindo os serviços de sua plataforma.

Ainda existem desafios importantes na jornada da empresa, como a dificuldade de estabelecer um serviço competitivo com seus streamings de vídeo e áudio; o fato de a empresa ser uma das únicas grandes em tecnologia que não está desenvolvendo aplicações próprias robustas em inteligência artificial; e a própria dependência ao iPhone.

No entanto, o modelo de negócios que a companhia estruturou permite um crescimento sustentável e relativamente seguro, já que existe um bilhão de clientes ativos ávidos por adquirir novos aplicativos — e serviços em geral — ofertados dentro de sua plataforma.

A inovação em modelo de negócios ganhou força com as possibilidades derivadas da tecnologia e mostra todo seu potencial no projeto da Apple. Essa é uma dimensão que deve ser adotada na avaliação da sustentabilidade futura de qualquer negócio atualmente.

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Nota

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Sandro Magaldi
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