Kelly Gusmão

O mundo está mudando… e o mercado financeiro também!

Ainda que o mercado de trabalho – financeiro ou não – seja competitivo, a presença feminina está aumentando.

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Voltando no tempo, para alguns anos atrás, especificamente para 1890 – ano em que foi fundada a primeira bolsa de valores no Brasil – o mercado financeiro era predominantemente masculino. É só dar uma olhada na imagem acima. Você vê alguma mulher? Pois é. Infelizmente, isso diz respeito à cultura machista em que a sociedade foi submetida desde sempre, em todo o mundo.

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Antigamente, os cuidados com a casa e com os filhos eram atribuídos exclusivamente à mulher, que não trabalhavam fora de casa, enquanto os homens saíam para prover o sustento para sua família. Felizmente, graças à luta do movimento feminista, as mulheres conquistaram seus direitos no mercado de trabalho, o que está provocando uma grande revolução até mesmo no mercado financeiro.

Ainda que tímido, já conseguimos ver um aumento de mulheres se interessando pelo tema nos últimos anos. Segundo dados da B3, nós representamos 24% dos investidores da Bolsa: até fevereiro, o número de investidoras era de 467 mil. Em 2005, por exemplo, 21% dos investidores eram mulheres. E por que isso vem acontecendo?

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Porque mais mulheres tem assumido à liderança no mercado de trabalho, influenciando outras milhares a conquistarem sua própria independência, o que diz respeito também a sua relação com o dinheiro. Afinal, quando ganhamos nosso próprio dinheiro é preciso, antes de mais nada, fazer com que ele trabalhe a seu favor.

Eu, por exemplo, sou prova viva disso: uma mulher, filha única de pais separados, classe média, família falida, sempre tive uma relação pouco saudável com dinheiro.

Em 2006, com apenas uma passagem de ida e US$ 1,000 no bolso – na época, o dólar era R$1,00 por US$ 1.00 – cheguei aos Estados Unidos em busca da minha  independência, e foi lá que tive o primeiro contato com o mercado financeiro.

Se cheguei onde estou foi pela influência de grandes personalidades femininas que me ensinaram a traçar meu próprio caminho sem depender de ninguém, muito menos de um homem, como:

  • Melinda Gates, a 5ª mulher mais poderosa do mundo segundo a revista Forbes;
  • Luiza Trajano, CEO do império Magazine Luiza (MGLU3);
  • Eufrásia Teixeira Leite, uma das primeiras mulheres do mundo a investir na bolsa de valores, na virada do século 19 para o 20 – momento que o mercado era extremamente masculinizado;
  • Mary Wells, a primeira mulher a fundar e comandar uma agência de grande porte, assim como a primeira CEO a ter uma empresa listada na Bolsa de Valores de Nova York.

É muito bom ver que hoje em dia temos cada vez mais mulheres como executivas, analistas e especialistas não só no mundo dos investimentos, mas em todas as áreas, influenciando e inspirando outras mulheres a perseguirem a sua própria independência. Mas ainda falta muito.

Por conta da pandemia, a desigualdade de gênero foi acentuada e a mulher, claro, a mais prejudicada. Como ser uma boa executiva e ainda ter que cuidar dos filhos estando integralmente em casa?

Logo, muitas foram obrigadas a deixar seus empregos pra se dedicarem à família, o que resultou em sete milhões de mulheres desempregadas na última quinzena de março de 2020, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE. São dois milhões a mais do que o número de homens na mesma situação.

Queremos reverter esse cenário. Na Warren, criamos o Warren Equals – o primeiro fundo do Brasil que investe apenas em empresas que possuem políticas de equidade de gênero e mulheres em cargos de liderança, que nasceu de um conjunto de iniciativas para aproximar as mulheres do mercado financeiro e do mundo dos investimentos. Não é um produto pra ‘fazer bonito’. 

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Uma pesquisa elaborada pelo instituto global da McKinsey aponta que em um cenário onde as mulheres participassem da economia de forma idêntica aos homens, adicionaria até US$ 28 trilhões – ou 26% – ao PIB anual global em 2025. No entanto, além de incentivar a busca por oportunidades e direitos  iguais para todos, entendemos que é rentável investir nessas empresas.

Fora o Equals, temos na Warren núcleos de diversidade e não somente com o intuito de criar espaços seguros de conversa e debate mas, também, estimular que todos sejam agentes de transformação e de desenvolvimento do time.

Compartilhamos materiais, trazemos reflexões e o time de Pessoas organiza encontros periódicos. Além disso, estamos constantemente em busca de parcerias que possam auxiliar na transformação do mercado e criando frentes específicas de desenvolvimento e contratação. Porque nós sabemos que simplesmente abrir as portas para mulheres e divulgar que queremos mais mulheres no quadro de colaboradores não é o suficiente.

Ainda que o mercado de trabalho – financeiro ou não – seja competitivo, a presença feminina está aumentando e estamos assumindo cargos que até pouco tempo eram ocupados somente por homens. Por isso, é importante nos unirmos e a nos enxergarmos como aliadas e não como rivais, fortalecendo umas às outras. É preciso continuar lutando e seguir avançando!

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Kelly Gusmão

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