Gustavo Asdourian

A odisseia dos shoppings e os sinais de seu epílogo

Após o fim das restrições sanitárias da Covid-19, o aumento de público e lojistas resultou em uma forte recuperação das receitas do setor. Durante os três primeiros meses do ano as vendas foram 34,8% superiores ante o mesmo período do ano anterior.

Após um longo período de notícias negativas, o mercado de shoppings iniciou 2022 com perspectivas mais animadoras, motivadas principalmente pela diminuição das restrições sanitárias oriundas da Covid-19 e do aumento gradativo, por parte da população, de ocuparem espaços com grande concentração de público. Os impactos dessa tendência foram refletidos nas melhoras em índices como a taxa de ocupação, vendas e inadimplência.

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A taxa de vacância geral, parâmetro que representam a quantidade de espaços desocupados em um shopping, encerrou o ano de 2019 em 4,7% e durante 2020, ano mais crítico da pandemia, chegou a atingir 9,3%. Já em 2021 o índice recuou para 7% e, atualmente, os espaços vagos representam apenas 6% do total. Ainda, segundo o Humai, presidente da ABRASCE (Associação Brasileira de Shopping Centers), a tendência de queda deve se manter até o final do ano, quando estima uma vacância ao redor de 5,5%.

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As principais empresas de shopping do Brasil também apresentaram ocupações relevantes em seus portfólios. Multiplan (MULT3) teve uma taxa média de ocupação de 94,8%, a Aliansce Sonae (ALSO3) de 96,6% no primeiro trimestre de 2022 e a BrMalls (BRML3) de 97%, sendo essa sua maior ocupação dos últimos anos.

Diante desse cenário e com o aumento do fluxo de visitantes – março/22 apresentou alta de 153% em relação ao ano anterior – novas marcas foram atraídas e as já presentes nos shoppings expandiram suas ocupações.

Esse aumento de público e lojistas resultou em uma forte recuperação das receitas do setor. Durante os três primeiros meses do ano as vendas foram 34,8% superiores quando comparadas com o mesmo período do ano anterior. Esses valores foram em termos nominais, porém, mesmo após os ajustes de inflação, o crescimento real foi de 22,2%.

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As melhoras nos índices levaram a ABRASCE a rever suas projeções de crescimento de vendas, em relação a 2021, de 13,8% para 17,3% em termos nominais, representando um crescimento real de 9,2%. O resultado se mostra bastante positivo, considerando o cenário econômico e as pressões inflacionárias que, desde o ano passado, consomem o poder de compra da população. Esse impacto pode ser visto no ticket médio das vendas aproximadamente 7,5% menores (de R$ 213 para R$ 198 /venda) em relação ao primeiro trimestre de 2021. Ainda assim, as vendas em shoppings são significativamente superiores e, relação às lojas de ruas, com o valor médio de R$ 198 contra R$ 81, respectivamente.

Por fim, apesar das grandes incertezas presentes no cenário atual, seja por fatores externos como a alta de inflação generalizada nas principais economias mundiais e a guerra na Ucrânia, seja por fatores internos como a atual crise econômica brasileira e a disputa eleitoral no fim do ano, 2022 se mostra um ano positivo para o setor de shoppings. É, portanto, razoável esperar que os resultados positivos apresentados nos primeiros meses do ano sejam refletidos de maneira gradativa aos FIIs de Shopping, trazendo um alento para uma das classes que mais sofreram durante esses últimos 2 anos.

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Nota

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Gustavo Asdourian
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