Daniel Gava

Como as proptechs continuarão transformando o mercado imobiliário

Já são incontáveis empresas com seus modelos de negócio desenvolvendo tecnologia para digitalizar a experiência de alugar uma propriedade, vender, fazer gestão de imóveis, buscando inovar e otimizar as dinâmicas mais burocráticas

A tecnologia vem sendo aplicada cada vez mais em todos os setores da economia. As startups seguem impactando aceleradamente e mudando até mercados mais lentos em adoção de tecnologias como o imobiliário, conhecido por sua tradicionalidade. Digo isso pois novas soluções, ferramentas e softwares mudaram a forma de consumir e interagir com variados produtos e serviços de forma rápida.

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Já são incontáveis empresas com seus modelos de negócio desenvolvendo tecnologia para digitalizar a experiência de alugar uma propriedade, vender, fazer gestão de imóveis, buscando inovar e otimizar as dinâmicas mais burocráticas.

São utilizadas tecnologias diversas que vão desde drones, Big Data, Inteligência Artificial e até as mais disruptivas, como realidade virtual e realidade aumentada, sendo que as principais tendências tecnológicas que estão transformando o setor imobiliário em 2023 são IA e blockchain.

Ferramentas de IA estão sendo usadas para criar representações mais precisas e detalhadas de propriedades, reconhecer e classificar diferentes tipos de edifícios e espaços e gerar descrições de propriedades com base nas tendências do mercado e no feedback dos compradores e está sendo usada para automatizar a revisão e análise de documentos e gerar listas de imóveis personalizadas com base em dados de mídias sociais e outras fontes.

A conversão da propriedade real em propriedade imobiliária digital é iminente, porque o imóvel é imóvel e todas as funções de transferência, como registro, assinatura e reconhecimento eletrônico de firma, são colocadas online pela legislação antes e depois da pandemia. Com o uso de tokens e blockchain, o processo de obtenção de um empréstimo ou financiamento se tornará mais fácil e acessível. As garantias tornam-se mais fáceis de gerenciar e os acordos de contratos inteligentes eliminam a possibilidade de erro humano, hacks ou corrupção.

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O cofundador da Ethereum, Buterin, falou sobre sua visão para NFTs e imóveis. De acordo com Buterin, “a aplicação de propriedade fracionada a NFTs pode ser estendida a NFTs que representam o imóvel”. O empreendedor reconheceu que NFTs ou DAOs serão úteis para gerenciar portfólios imobiliários.

De acordo com dados levantados pela Terracotta Ventures, em 2022, houve um crescimento de 282% no número de empresas de tecnologia ativas no Brasil com foco no mercado imobiliário, sendo os maiores polos do País os estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná.

O grande papel dessas inovações não é substituir o fator humano, mas tornar os processos mais simples e ágeis. O boom das proptechs aconteceu por volta de 2020, impulsionado pelo contexto da pandemia que ajudou na aceleração desse processo, pois tudo precisou ser resolvido de forma digital e remota. Hoje, o ecossistema caminha a passos largos no Brasil, contando inclusive com grandes rodadas de fundos e alto potencial de investimentos para apoiar construir coisas inovadoras.

Observando esse ritmo de crescimento, é importante destacar os benefícios que elas trazem aos modelos de negócios. O primeiro ponto é a facilidade no dia a dia dos profissionais do mercado imobiliário, possibilitando agilidade, eficácia e transparência em processos gerais.

Falando em eficácia, uma vez que processos mais operacionais são automatizados, o profissional ganha tempo para se dedicar mais ao cliente e às atividades estratégicas. Em um mercado reconhecido anteriormente pela sua complexidade e burocracia, onde as negociações exigiam mais tempo, as proptechs vêm com uma proposta de revolucionar a maneira de fazer negócios, sejam eles de compra, venda, gestão, locação ou construção.

O principal ponto da ascensão, portanto, é a criação de oportunidades de negócio para o mercado como um todo. Seja na hora de digitalização de processos, reduzir custos, tornar mais acessível e fácil aos clientes finais a compra, venda e locação de imóveis, além de outros modelos de negócios que começam a surgir visando suprir necessidades especificas das empresas e clientes.

Já existem, por exemplo, modelos de negócio que possibilitam o proprietário se converter em locatário obtendo liquidez imediata, para custear a faculdade dos filhos, abrir um negócio, usar como capital de giro, quitar empréstimos e financiamentos imobiliários ou outras dívidas, sem precisar se mudar do imóvel. Em uma realidade com altos índices de juros, inadimplência e pessoas com dificuldades em honrar seus compromissos, essa nova alternativa pode ser benéfica e uma saída rápida para aliviar quem precisa de tempo e dinheiro para se organizar com as contas.

O Brasil é um terreno fértil para startups de uma maneira geral, que continuam em crescimento, afinal, mesmo em tempos de crise, o mercado continua oferecendo boas oportunidades. No mercado imobiliário, muita coisa ainda pode evoluir e outras ideias surgirão no mercado. Resta a gente conferir de perto e acompanhar essas mudanças, seja como protagonistas ou espectadores.

*Daniel Gava é CEO da Rooftop

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Nota

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Daniel Gava
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